
Hoje mais uma vez sonhei com você. Mas, desta vez, o sonho não foi erótico nem bonito. Foi angustiante. No sonho você saia de mim sem de despedir, tentando pegar um ônibus. Quando tentou, pela segunda vez e de novo perdeu o ônibus, você pareceu se lembrar de mim, virou e de longe acenou. E eu retribuí, entendendo que não deveria ir atrás de você e que estaria só novamente. O que significa esse sonho? Premonição ou só coisas de uma cabeça que não consegue esquecer você?
É incrível. Por mais que eu tente, você não sai da minha mente, do meu coração. Quanto tempo faz, desde a ultima vez? Dois meses. Para mim parecem anos. E eu garanto que nestes dois meses em nenhum dia eu deixei de pensar em você, de tentar te encontrar, de tentar achar motivos para falar com você. Só consegui poucas vezes e creio que você reconheceu minhas intenções. E eu me sinto perdida. Me sinto idiota por ainda tentar compreender o que não tem resposta nem explicação. Quem entende? Espero que nem você.
Porque a sua compreensão significa que eu fui enganada. E todas as coisas que você me falou, coisas tão lindas, que ainda ressoam em meus ouvidos, foram mentiras. Vis mentiras que se contam para seduzir uma mulher.
Não sei se me compreendo também. Deveria te odiar. Não. Odiar não. Apenas desprezar. Podia te desprezar por ter me enganado, me iludido. Meu Deus, como isso dói!
Há dias vesti uma blusa e senti seu perfume. Parece incrível, mas senti tonturas, ânsias de choro. Não era seu perfume. Era apenas parecido. Mas me fez mal.
Eu tento desesperadamente te encontrar, como se fosse por acaso. Dou voltas e voltas. E quando penso que te avisto ao longe, meu pulso acelera, minhas mãos suam e tremem, o chão parece sumir. Ah, mas foi engano. Sempre.
Só uma vez eu te vi. Pude falar com você, senti bem de perto seu perfume. E agi como idiota. Perdi a linha, tentei parecer o que não sou. Foi horrível. E voltei. Sem motivo, e senti seu olhar de curiosidade e desprezo. Mas não foi suficiente. Tinha também que ligar pra você, com uma desculpa boba e ouvir palavras frias e uma dispensa gentil. Quando é que vou aprender?
Mas eu ainda te sigo. E imagino conversas, encontros. E sonho com o dia que a gente vai se encontrar. Você vai me chamar para um chopp. Eu aceito, fingindo indiferença. A gente conversa, de perto, olhos nos olhos, voz baixa. Você diz que tentou me esquecer e não conseguiu. Que sente saudades do meu corpo, que sente falta do meu beijo. E me abraça e me beija, e me toca. E eu me entrego cheia de desejo. Muda, porque sei que nada vou conseguir falar. E muda eu fico, porque sei que mesmo que você me chame eu vou agir feito boba e que posso até recusar, para me mostrar forte, superior, sei lá.
Mas não sei, não posso saber qual a minha reação. Não posso divisar qual a sua reação. Só posso continuar tentando. Continuar te procurando…
Para Sal
14/12/1999