
A vida é carregada de uma vivência de sentimentos que a fazem uma experiência rica e grandiosa do ponto de vista existencial, mas por outro lado também pode trazer muito sofrimento quando não conseguimos nos manter no caminho certo, no “sentido” que a própria vida nos indica a seguirmos.
Para evitarmos transtornos e nos mantermos no “caminho certo”, precisamos entender o viés pelo qual possamos “mudar de direção” nos momentos difíceis, e viver esse sentido pessoal, que é só nosso.
Tenho a convicção de que quando um paciente me procura, ele está vivendo uma desagregação em si mesmo. Ou seja, em seu sistema psíquico ( ou alma ), e que busca equilibrar-se para viver em harmonia consigo mesmo e com os seus próximos.
Muitas vezes esta procura vem por motivos vários, entre eles quero ressaltar as dificuldades de relacionamento; seja com os cônjuges, colegas de trabalho, pais, irmãos, enfim, com “o outro”. Acredito que ( e acho que isso deve causar polêmica para alguns ), que todos estes relacionamentos sofridos, quando mais sofridos, mais têm em si um potencial de crescimento e amadurecimento, podendo se reverter em seu oposto, ou seja, um relacionamento gratificante. Mas claro isso não é tão simples, pois implicaria o amadurecimento de ambas as partes, ou seja, você e ” o outro”.
A relação entre duas pessoas envolve “troca”, e experiênciação de si mesmo. A experiência do enxergar-se no outro – o outro é meu espelho e reflete o que eu emito. Todos os relacionamentos são uma forma de vivenciarmos a nós mesmos, e muitas vezes o que no outro nos chateia, são coisas que também temos dentro de nós e não aceitamos. Se algo no outro nos incomoda, muitas vezes esse mesmo aspecto nos incomoda no relacionamento solitário, consigo mesmo.
Muitas vezes, também, o trabalho terapêutico visa auxiliar o paciente a enxergar sua dinâmica nos relacionamentos e qual seu papel nesta dinâmica. Qual sua atitude e, mais profundamene, o porque desta atitude; quais suas motivações inconscientes para tomar tais atitudes ou para assumir certos papeis nos relacionamentos, papeis estes que muitas vezes são até destrutivos para si, mas não conseguimos nos desvencilhar disso.
Na terapia, não buscamos aconselhar, dar dicas de o que ou como fazer, mas buscar em parceria com o paciente, compreender e trazer à tona os reais motivos de suas atitudes na vida, através de um trabalho gradativo e perseverante de análise do inconsciente. A troca inconsciente: terapeuta-paciente traz conteúdos que só assim poderiam ser alcançados, e compreendidos. No sentido do dito e do não dito é que se manifesta nosso inconsciente, traduzido em nossa maneira de falar, nas palavras pronunciadas e no que está “latente” atrás delas.
Todo ser humano tem um potencial para amadurecer e viver feliz, mas muitas vezes se confunde em si mesmo, no emaranhado de emoções, sentimentos e motivações que sempre têm um fundo inconsciente, e que se não o conhecemos não podemos entender sua linguagem e assim, corremos o risco de “patinar” na vida, sobre nossas próprias emoções.