
A francesa Jacqueline Dauxois recria a vida da rainha que há três mil anos revolucionou a religião e as artes e enfrentou Moisés no Egito
Ela reinou há três mil anos (1380-1345 a.C.) e foi uma das mais belas e polêmicas mulheres de todos os tempos. Adorada por seu povo como uma deusa, enfrentou os sacerdotes e estimulou o marido, o faraó Aquenáton, a criar um único Deus para o Egito Aton, o Deus Sol , jogando por terra todos os outros. Os sacerdotes, fonte de grande poder na 13ª dinastia do antigo Egito, odiaram-na de tal forma que podem ter profanado o seu sarcófago, para ferir sua múmia. Ela pode ter sido também após a morte do marido o faraó que enfrentou Moisés, o líder dos hebreus, antes de sua fuga para onde hoje é Israel.
Nefertite, esta personagem histórica controvertida e radical, que já rendeu filmes e documentários em todo o mundo, e cujo busto tornou-se um ícone global, é agora o centro de um romance da francesa Jacqueline Dauxois que a Geração Editorial lança neste início de ano, em sua associação com a Ediouro: Nefertite amor, poder e traição no antigo Egito.
“Na verdade”, afirma o editor Luiz Fernando Emediato, “Nefertite é uma personagem tão fascinante quanto foi Cleópatra, que reinaria no Egito mais de mil anos depois dela”. (Memórias de Cleópatra, de Margaret George, também da Geração Editorial, já vendeu 135.000 exemplares no Brasil e mais de dois milhões em outros países).
Ele acredita que o livro de Jacqueline Dauxois seguirá o mesmo caminho: “é um livro para deixar qualquer mulher fascinada. Além, claro, de leitura muita intensa para o público masculino”. A história se desenvolve no meio de casamentos divinos, incestos nas famílias reais, usurpação de poder, assassinatos e cenas que a Bíblia também imortalizaria.
Jacqueline Dauxois que trabalhava como jornalista e professora em Paris, antes de seus livros fazerem sucesso baseia-se, em seu romance, nas evidências históricas, documentos e registros descobertos e decifrados ao longo do tempo, mas também envereda por hipóteses polêmicas, como a de que Nefertite e Smenka-Rá, co-regente do sucessor de Aquenáton, seria a própria Nefertite, governando por ele. E que, portanto, seria ela mesma o faraó da Bíblia.
Para a romancista, “nada impede que uma mulher tenha se oposto a Moisés, e Nefertite bem poderia ser este faraó da Bíblia”. Jacqueline Dauxois argumenta: “Com Aquenáton, ela revolucionou a religião no Egito. E não poderia recomeçar. Não poderia nem ceder a Moisés, nem reconhecer seu Deus”.
Soma de hipóteses, a narrativa de Dauxois, de leitura rápida, leve e apaixonante, fascina o leitor já nas primeiras páginas. Ela acompanha o desenvolvimento físico, intelectual e artístico de Nefertite, que se revela perspicaz, firme e sedutora desde a infância. Não temia nada nem ninguém. Aos 10 anos, ela já dançava seminua sobre a mesa de banquete, fascinando e enlouquecendo quem a via. Ela chegou com essa idade ao harém do então faraó Amenotep III.
A rainha, sua futura sogra, deseja vê-la casada com o príncipe Amenotep IV que, dedicado aos estudos, não demonstrava interesse pelas mulheres. No Egito Antigo, os casamentos nessa idade eram comuns e ela já estava iniciada nas técnicas de sedução que levaram o príncipe de 25 anos a notá-la entre tantas. Nefertite, que significa “a beleza que chega”, introduz vida ao saber de Amenotep IV, também conhecido como Aquenáton. Nessa atmosfera de paixão fulminante, o jovem casal idealizou o culto exclusivo ao Deus Sol e criou a primeira religião monoteísta do Egito. Os dois chegaram a construir uma nova capital para o Egito, para fugir do controle dos sacerdotes.
Quando assume o poder, o faraó Aquenáton incentiva sua esposa a governar, colocando-se em segundo plano. Nefertite implanta sua nova religião e reestrutura o exército. A rainha precisou da mesma força que impulsionou sua vida pública para encorajar o incesto e entregar três de suas seis filhas para casar-se com o pai. Terá, ainda, que suportar a ausência do faraó, que lhe delegou poderes não apenas por acreditar em sua capacidade, mas também por comodismo.
Quando tudo parece estar em paz e todos de acordo com a nova política de Nefertite, chega o profeta Moisés, que lança 10 pragas sobre o Egito a fim de libertar os escravos israelitas em nome de um Deus Eterno, até então desconhecido naquela região. É nessa reviravolta que a autora assume a hipótese de ter sido Nefertite o faraó da Bíblia que se opõe a Moisés. No final surpreendente, uma decisão sacrílega da rainha salva o Egito do esquecimento.
O busto de Nefertite, cuja beleza divide com a Monalisa, de Leonardo Da Vinci, a magia de um sorriso enigmático, é um dos mais famosos da arqueologia egípcia e está hoje no Museu Egípcio de Berlim, na Alemanha. A múmia dela foi profanada de tal forma que chegaram a destruir seu maxilar, com golpes violentíssimos, num gesto que os egiptólogos atribuem ao enorme ódio que os sacerdotes lhe dedicaram.
Autor: Jacqueline Dauxois
Formato 15.5 x 23 cms, 288 págs.
ISBN: 8560302050
Cód. barra: 9788560302055
R$ 39,90
eu quero saber porque as mulheres que traiam no antigo egito tinham narises arancados.