
Ser “eco-sensivel” é (ou está) muito chique. Mas, o que é ser eco-sensível? Usar roupas de puro algodão orgânico, é. Comprar produtos de beleza feitos à base de cera de abelhas, também é.
Decorar a casa com poltronas de designers que trabalham com madeira certificada, é muito. Pagar cinco vezes mais pelo preço de cada um destes produtos em relação às suas versões “normais”, então, é realmente super-extra-ultra-chique. Consumir com consciência. Consumir em tons verdes. “Consumir simples”. Mas… consumir!
É a tendência do consumismo verde: escolhas de consumo cheias de grifes e de estilo, cercadas de uma “consciência ambiental” que mais parece estar a serviço da neutralização da culpa de quem compra. O que vai sendo esquecido é a noção de que o que está levando o planeta para o buraco é justamente o consumo excessivo. Seja ele verde, azul ou amarelo.
A solução genuína, segundo os críticos, é reduzir significativamente o consumo de bens e recursos. Não basta construir uma casa de férias com madeira reciclada. A maneira real de reduzir as emissões de carbono é ter apenas uma casa. Mas quem, em situação financeira confortável, cheio de cartões de crédito esperando para pular da carteira, dá conta desta privação?
E, se o consumo de luxo é inevitável (ainda bem, dirá o mercado), o negócio é reinventá-lo! O luxo agora está associado ao significado, à emoção, à conexão a alguma causa. Luxo é ajudar os países pobres? Surge um novo tipo de viagem de luxo, a “viagem filantrópica”, que leva os abonados turistas aos lugares mais distantes do planeta, hospeda-os em resorts ultra-requintados, oferece a eles os mimos mais exclusivos, e o viajante, na saída, ajuda a construir escolas na vila mais próxima! Luxo é o consumo sustentável?
Surge, nas empresas de ponta, um novo e prestigioso cargo, o CSO (Chief Susteinability Officer) que é responsável por criar uma oferta de produtos e serviços irresistíveis aos mais exigentes consumidores “verdes”. Luxo é ser simples? Aumenta a oferta de produtos que remetem à simplicidade, mas que custem caro!
As mulheres são bem mais propensas ao consumo consciente. E como também são bem mais propensas à culpa (sua companheira inseparável desde a revolução feminista), bingo!: “luxo redefinido” funciona!