
Um dos tópicos mais recorrentes nos consultórios de Psicologia é o de relacionamentos. O ser humano é o ser vivo que nasce mais frágil, completamente vulnerável e dependente do outro. Qualquer animal pode sobreviver se não receber um mínimo de cuidados. Nós não.
Vários estudos da Psicanálise e outros comprovam que só entre 6 meses e 2 anos, o bebê começa a esboçar uma primeira autoimagem, se dando conta que é uma unidade, um ser separado de seus cuidadores. Estamos falando da “fase do espelho”, que surge nesse momento em que ele consegue se reconhecer quando se olha no espelho ou ao olhar outro bebê. Ou seja, a imagem de si próprio nasce de um referencial externo.
Existem também somadas a esses fatores as expectativas dos pais sobre o que gostariam que seus filhos fossem e que são sempre de alguma forma sentidas, captadas, inconscientemente. Além disso, nem sempre nossos cuidadores conseguem ser tão bem-sucedidos na expressão de afeto, segurança e proteção, por suas próprias dificuldades. E muitas vezes, acabamos agindo baseados em velhos conceitos internalizados na infância e que podem nos atrapalhar na vida adulta.
Tudo isso influencia na constituição da personalidade de cada um de nós. E por isso, amar tantas vezes pode se tornar uma área delicada, ao nos levar de encontro com nossas faltas, medos mais primitivos e registros antigos em nossos corpos, que disparam “alarmes de perigo” quando nos sentimos envolvidos mais profundamente com alguém.
No entanto, com um trabalho psicoterapêutico em direção à uma reestruturação da autoestima e à compreensão da origem dos padrões comportamentais, podemos alcançar mais consciência, o sentimento de merecimento e a capacidade de voltar a confiar no outro, mesmo já tendo sofrido algum tipo de decepção. E assim, podemos fazer escolhas mais coerentes com o que o coração pede lá em seu íntimo.