Um vídeo de Lisa Marie Presley cantando In the Ghetto com o pai, Elvis Presley, será lançado na internet.
O vídeo será colocado no site Spinner.com a partir desta sexta-feira, para marcar os 30 anos da morte de Elvis Presley.
Antes de ser colocado no site, o vídeo será lançado na noite de quinta-feira, no concerto de homenagem ao 30º aniversário da morte de Elvis, em Memphis.
Lisa Marie Presley afirmou que a voz dela foi adicionada à versão original da música, de 1969.
"Nunca chorei para nada do que fiz, mas me descontrolei quando ouvi", disse Lisa Marie.
"É bem orgânico. Não há sinos ou assobios - eles apenas acrescentaram minha voz à gravação original", afirmou.
Nova Orleans
Segundo a página Spinner.com, o vídeo foi dirigido pelo cineasta Tony Kaye (diretor de A Outra História Americana, com Edward Norton) e foi filmado em Nova Orleans.
Lisa Marie afirmou ao site que ela ficou muito comovida pelos efeitos do furacão Katrina, que ainda estão sendo sentidos em Nova Orleans, por isso decidiu fazer deste vídeo mais do que apenas uma homenagem a seu pai.
"Eu fui até lá para fazer o vídeo e olhei em volta quando saí do avião... Parece que o Katrina aconteceu há apenas seis meses", disse.
O dueto entre pai e filha - música e vídeo - será colocado no iTunes a partir de sexta-feira. Todos os lucros com a venda da música serão revertidos para a construção de um projeto para famílias pobres de Nova Orleans, o Presley Place, uma casa provisória para estas famílias.
"As famílias vão viver no local, para arrumarem suas vidas. Eles arrumarão emprego, economizarão dinheiro e, cerca de um ano depois, poderão se mudar, voltar a andar com as próprias pernas", disse Lisa Marie.
"É algo que (Elvis Presley) estava muito interessado, pois é meio como ele começou", acrescentou.
Nascido em uma família modesta, Elvis Presley acabou se tornando o "rei do rock'n'roll". Até que a fama lhe trouxe a dependência química e o excesso de peso, que o levariam a uma crise cardíaca, pondo fim a seu reinado, aos 42 anos, em 16 de agosto de 1977.
Esses são os principais fatos de sua vida:
8 de janeiro de 1935: Elvis Aaron Presley nasce em uma pequena casa de dois cômodos em Tupelo, Mississipi. Seu irmão gêmeo, Jessie Garon, morre ao nascer.
18 de julho de 1953: poucas semanas depois de deixar a escola em Memphis (Tennessee), Elvis vai ao estúdio Sun Records, onde, por 4 dólares, grava duas canções em um vinil: "My happiness" e "That's When Your Heartaches Begin". É um presente de aniversário para sua mãe, Gladys.
4 de janeiro de 1954: Elvis volta à Sun Records para uma nova gravação. O proprietário, Sam Phillips, repara no jovem cantor e o convida para participar de várias sessões de gravação.
19 de julho de 1954: a Sun Records edita o primeiro compacto de Elvis, "That's All Right" e "Blue Moon of Kentucky". O cantor realiza sua primeira aparição pública em Memphis, em um caminhão, para uma multidão.
27 de janeiro de 1956: a gravadora RCA, que comprou o contrato de Elvis da Sun Records, divulga "Heartbreak Hotel", que vende 300.000 exemplares em sua primeira semana.
9 de setembro de 1956: Elvis é convidado para aparecer no Ed Sullivan Show, o principal programa de variedades da televisão dos anos 50-60 nos Estados Unidos. As câmeras evitam filmar os célebres movimentos de quadril do "Rei", que causavam escândalo nessa época e que lhe valeram o apelido de "Elvis, the pelvis". O programa bate recorde de audiência.
16 de novembro de 1956: estréia de "Love me tender", o primeiro de 31 filmes feitos por Elvis. A maioria deles é considerada medíocre pela crítica.
19 de dezembro de 1957: Elvis, já uma estrela do rock, presta serviço militar durante dois anos. Enviado à Alemanha, conhece sua futura esposa, Priscilla Beaulieu, que tinha, na época, apenas 14 anos. Ele se casaria com ela no dia 1o de maio de 1967, no hotel Aladdin em Las Vegas.
1o de fevereiro de 1968: nasce Lisa Marie Presley, exatamente nove meses depois do casamento de Elvis e Priscilla.
3 de dezembro de 1968: Elvis, que parece um pouco ultrapassado em relação à nova leva de músicos liderados pelos Beatles, Jimi Hendrix e Bob Dylan, realiza um volta triunfal. Vestido de couro negro, ele aparece em um programa televisivo especial de uma hora, onde mostra seu talento.
31 de julho de 1969: Elvis volta aos palcos pela primeira vez desde 1961 em Las Vegas. Faz seu último concerto em Indianápolis em 26 de junho de 1977.
9 de outubro de 1973: Elvis, em péssimo estado físico, sofrendo de dependência química e depressão, se divorcia.
16 de julho de 1977: "Way Down", último single de Elvis, é lançado.
16 de agosto de 1977: Elvis Presley morre aos 42 anos devido a um problema cardíaco, no banheiro de sua propriedade "Graceland", em Memphis.
Aparições de Elvis pelo mundo continuam, 30 anos depois de sua morte
Uma lenda do rock não pode morrer. No dia seguinte a seu falecimento, em 16 de agosto de 1977, Elvis Presley começou a fazer aparições em todos os cantos do planeta. De tempos em tempos, ele visto fazendo algo bizarro ou extremamente banal.
Contudo, as aparições que mais se repetem são as que se referem a encontros em redes de fastfood, em vários locais do mundo, de Sidney até Los Angeles, passando por Bruxelas e Kalamazoo, em Michigan.
Não há provas destas visões, apesar de existir uma recompensa de 3 milhões de dólares para quem apontar provas concretas de que Elvis ainda vive.
Esta recompensa é oferecida pelo grupo de apostas da Grã-Bretanha William Hill, criada devido ao documentário "A verdade sobre Elvis", que será lançado nos próximos meses.
Trinta anos depois da sua morte, e quando Elvis teria hoje 72 anos, uma quantidade considerável de norte-americanos segue convencida que "O Rei" não está morto. Segundo uma pesquisa da rede de televisão CBS, aproximadamente 7% dos norte-americanos acredita que ele está vivo, o que representa quase 20 milhões de pessoas.
Os adeptos desta teoria defendem todo tipo de explicações para justificar que Elvis simulou sua morte. Alguns afirmam, por exemplo, que a lenda do rock se beneficiou do programa de proteção a testemunhas e trabalharia para a Agência norte-americana de luta contra as drogas (DEA). Por isso, teria que viajar por todo o mundo, o que explicaria todas essas aparições.
Como provas irrefutáveis da manipulação, citam vários indícios: seu segundo nome está escrito errado em sua lápide (Aaron em vez de Aron); o caixão era muito pesado - ou muito leve, dependendo da versão -; ele não havia escolhido as roupas para seu novo tour; além de ter cantado "Blue Christmas" pouco antes da sua morte, em pleno verão, como maneira de advertir seus fãs.
Tampouco faltam pessoas que afirmam que Elvis foi seqüestrado por extraterrestres ou situações ainda mais curiosas.
"Vi Elvis no galinheiro nos fundos da minha casa. Fui conferir para ver se havia grãos para todos as aves e lhe desejei boa sorte", conta um internauta.
"Esta manhã fui ao museu de cera e com certeza vi Elvis. Ele estava imóvel, fingindo ser um boneco de cera, mas não conseguiu me enganar", afirma Beavis, de Wadsworth, em Ohio.
Um fã fanático da Grã-Bretanha está convencido que, após uma experiência de clonagem, existem, na verdade, milhares de Elvis. Ele explica que um deles lhe contou que cada clone poderia ser o "Rei" durante um dia, mas que devido ao atraso de dois clones, dos dias 15 e 16 de agosto de 1977, o clone de 14 de agosto quis ficar mais tempo e sofreu um fim trágico. Os milhares de clones restantes se tornaram sósias do astro.
E há ainda um último indício: o nome de Elvis forma o anagrama "Lives", que quer dizer 'vive', em inglês.
Ringo Starr recuperou um conjunto de fotos esquecidas dos Beatles, que ele provavelmente encontrou soterradas debaixo da montanha de itens relacionados aos Beatles que ele leiloará neste ano.
O baterista aparentemente reencontrou mais de 800 peças de memorabilia, incluindo seu conjunto de bateria e uma das guitarras antigas de John Lennon. (Ler A Mágica da Arrumação: muito lucrativo se você um dia já foi membro do grupo musical mais icônico de todos os tempos!)
Ringo exibirá o conjunto de negativos recém-revelados na National Portrait Gallery em Londres. A exposição começa no dia 21 de setembro, paralela ao lançamento de seu livro chamado Photograph (Fotografia), que contém 250 imagens da banda.
"São fotos que não poderiam ter sido tiradas por mais ninguém", ele declarou (antes de provavelmente murmurar para si mesmo: "ninguém exceto um Starr").
Deli, julho de 1966
Bastidores do Big Beat, Tower Ballroom, New Brighton, 1961
Gravando “Hey Bulldog" Studio 3, Abbey Road Studios, 11 de fevereiro, 1968
George V, Paris, janeiro de 1964
Autorretrato, anos 70
Nova York, fevereiro de 1964
Miami, Florida, Fevereiro 1964
EUA, fevereiro 1964
Ringo Starr
Uma das bandas mais populares do país, a Legião Urbana acaba de ganhar uma edição comemorativa de seu primeiro álbum, lançado em 1985. O CD duplo 'Legião Urbana – 30 anos', uma edição especial do álbum homônimo da banda que, além de conter o disco original remasterizado, traz um álbum com gravações inéditas guardadas no acervo da gravadora EMI. São 7 Outtakes — gravações diferentes das que foram utilizadas no CD original —, 2 remixes (um de Mario Caldato e um de Liminha), 3 registros demos de 1983 ('Ainda é cedo', 'Geração Coca-Cola' e 'A Dança', essa última com a participação de Herbert Vianna), uma gravação 'pirata' de 'Química' e duas declarações de Renato Russo, entre outras pérolas.
O projeto 'Legião Urbana – 30 anos' nasceu em 2015, quando os músicos Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, guitarrista e baterista do grupo, respectivamente, receberam da EMI, hoje Universal Music, a proposta de lançar uma edição especial do primeiro disco da banda. Durante o processo de pesquisa das fitas, fotos, textos e, principalmente, audição daquelas primeiras versões das músicas, as memórias e emoção falaram tão alto que despertaram em Dado e Bonfá o desejo de tocarem juntos novamente. Acabou surgindo a ideia de chamar alguns amigos e montar um show para tocar o primeiro disco na íntegra e celebrar a Legião e Renato Russo.
Fonte: Época
A origem do carnaval perde-se na poeira dos tempos. Há quem tente remontá-la ao culto agrário praticado por povos que existiram 10 mil anos antes de Cristo: homens e mulheres mascarados, com corpos pintados e cobertos de peles ou plumas, saíam em bandos e invadiam as casas, fazendo terríveis algazarras.
Outros autores lembram as festas alegres do paganismo, como a de Ísis e a do Boi Ápis, entre os egípcios, e as bacanais, lupercais e saturnais dos romanos.
Suetônio, historiador da Roma antiga, refere-se às saturnais como “desenfreada libertinagem, cínica palhaçada”. E diz que, durante esse período “todos pareciam enlouquecer”. Armavam-se grandes mesas à frente das casas para senhores e escravos comerem à vontade, sem distinções. E os escravos tinham o direito de dizer verdades a seus donos, ridicularizá-los, fazer o que quisessem.
A componente libidinosa do carnaval é inegável em todos os textos antigos. Sabe-se, p. ex., que o termo carnaval deriva do latim carrum novalis, deignação de um tipo de carro alegórico da Grécia e Roma antigas. Dezenas de pessoas mascaradas caminhavam a seu lado e ele trazia no bojo “mulheres nuas e homens que cantavam canções impudicas”.
A Idade Média, com a rígida tutela religiosa sobre a vida social, não poderia trazer acréscimos significativos ao carnaval. Mas, pelo menos, não conseguiu extinguir esses festejos, que continuaram existindo como um contraponto à monótona existência dos feudos.
Contam alguns textos, inclusive, que os padres, depois de pregarem em vão contra o carnaval, acabavam convidando os fiéis a concentrarem as comemorações na praça da igreja, para que tal logradouro não ficasse desvalorizado...
A Renascença viria libertar os europeus da sensação de culpa que a religião procurava insistentemente associar ao prazer e à alegria. Os distantes e etéreos paraísos prometidos nos púlpitos, bem como as dantescas descrições do inferno que esperava os pecadores, tornaram-se insuficientes para afastar o povo da folia. A grande festa pagã renascia em todo o seu esplendor.
O medonho entrudo português – Para nós interessa, sobretudo, o carnaval português, conhecido como entrudo. Até fins do século 19, o nosso carnaval teria as mesmas características do “medonho entrudo português, porco e brutal”, a que se refere uma historiadora, assim descrevendo-o: “pelas ruas de Lisboa, generalizava-se uma verdadeira luta em que as armas eram os ovos de gema, ou suas cascas contendo farinha ou gesso, cartuchos de pó de goma, cabaças de cera com águas de cheiro, tremoços, tubos de vidro ou de cartão para soprar com violência, milho e feijão que se despejam aos alqueires sobre as cabeças dos transeuntes...”
A pesquisadora Eneida, em sua História do Carnaval Carioca, relaciona diversos casos para comprovar que, a exemplo do que ocorria na Roma de Suetônio, o carnaval aqui também se constituía no único período em que os escravos desfrutavam de uma certa liberdade. E conclui: “Parece que uma das características do carnaval é dar aos escravos de qualquer época o direito de criticar e zombar de seus senhores”.
Os limites da democracia, entretanto, sempre foram muito exíguos no Brasil, então houve também medidas caracteristicamente discricionárias. Em 1857, o chefe de polícia do Rio de Janeiro lançou um edital proibindo “o jogo do entrudo dentro do município. Qualquer pessoa que o jogar incorrerá na pena de 4$ a 12$ e não tendo com que satisfazer, sofrerá oito dias de cadeia, caso o seu senhor não o mande castigar no calabouço com cem açoites”. Ou seja, multa para os brancos proprietários, xilindró e chicotadas para os escravos. A relatividade vem de longe...
A agressividade igualmente se evidencia em todos os textos da época. Sabe-se, p. ex., que o único objeto de divertimento do carnaval brasileiro era o limão de cheiro, uma imitação de laranja, com invólucro de cera e água fétida por dentro.
O pintor e engenheiro Jean-Baptiste Debret, que aqui veio com a Missão Artística Francesa em 1818, ficou estarrecido com a selvageria explícita: “Vi jovens negociantes ingleses passearem, com orgulho e arrogância, acompanhados por um negro vendedor de limões cujo tabuleiro esvaziavam pouco a pouco, jogando os limões às ventas de pessoas que nem sequer conheciam”.
Episódios deste tipo o marcaram tanto que um de seus desenhos mais famosos, Cena de Carnaval, mostra uma negra atacada na rua por um crioulo de cartola, que lhe esfrega no rosto um bocado de goma, enquanto o outro negro ensopa o primeiro com água de uma longa seringa.
Apenas no final daquele século a agressividade foi se atenuando e as bisnagas passaram a conter, ao invés de água suja, líquidos menos repugnantes, como vinagre, groselha e vinho; idem os limões de cheiro, cujas águas fétidas e até urina foram trocadas por inofensivos perfumes.
Zé Pereira! Bum, bum, bum! – O personagem mais característico do carnaval brasileiro surgiu em meados do século 19 e logo se tornou uma instituição popular. Trata-se do Zé Pereira, calcado na figura do sapateiro José Nogueira de Azevedo Pereira.
Português de nascimento, ele um dia entretinha-se com outros patrícios, recordando as romarias, estúrdias e estrondos da pátria distante. A saudade era tanta que eles resolveram sair à rua, ao som de zabumbas e tambores alugados às pressas, para fazer uma passeata pela cidade.
Foi um enorme sucesso, logo copiado por dezenas de grupos semelhantes, fazendo com que o Zé Pereira se transformasse num personagem mística, identificado com o próprio carnaval (“E viva o Zé Pereira/ Pois que a ninguém faz mal/ E viva a bebedeira/ Nos dias de carnaval”).
Para a historiadora Eneida, o Zé Pereira “foi essencialmente o carnaval do pobre. Tão fácil, no meio da miséria reinante, sair à rua com bumbos e tambores, uma camisa qualquer, uma calça de qualquer espécie e fazer barulho, alegrar com um ritmo efusivo as ruas e os bairros!”.
Seu desaparecimento, no começo do século passado, é indício de que o carnaval perdia espontaneidade, tornando-se festa opulenta e regulamentada, sem espaço para os improvisos populares.
Mas, a alma do Zé Pereira sobrevive nos blocos dos sujos, que insistem em se formar sem ensaios e mensalidades, para existir num momento e viver intensamente esse momento, na melhor tradição do carnaval.
Samba e umbigada – Até o início do século passado samba e carnaval tiveram trajetórias distintas, que foram convergindo no sentido de uma perfeita complementação.
O samba remonta à chegada no Brasil de escravos negros, que logo foram introduzindo seus ritmos, danças, cantigas, costumes e crenças. Assim, após o trabalho exaustivo (ou nos raros dias de folga), eles dançavam e batucavam com seus instrumentos rudes, nos terrenos das fazendas, engenhos e canaviais. Alegria sofrida, ritmo de quem esforçava-se por esquecer a tristeza, as privações e os maus tratos.
O batuque tipicamente africano foi caindo em desuso com o desaparecimento dos nativos daquele continente. Uma variação abrasileirada espalhou-se por todo o País, já com a denominação de samba. E, na zona rural, o encontro de culturas deu origem a uma derivação pitoresca, os chamados sambas sertanejos, em que homens e mulheres participavam da roda cantando em coro, ao som de instrumentos de percussão e da viola de arame.
Segundo um cronista da época, “os dançadores formam roda e, ao compasso de uma viola, move-se o dançador do centro, avança e bate com a barriga de outro da roda, uma pessoa de outro sexo. Não se pode imaginar uma dança mais lasciva do que esta, razão por que tem muitos inimigos, principalmente entre os padres”.
Lenço no pescoço – A fase heróica do samba foi a da pernada carioca, diversão a que se entregavam os remanescentes dos inúmeros grupos de capoeiristas existentes no Rio de Janeiro em fins do século 19.
Tratava-se de uma batucada braba, na base da pernada e cabeçada, regada com doses cavalares de cachaça (“Samba de negro/ Não se pode frequentá/ Só tem cachaça/ Pra gente se embriagá”).
Os conflitos eram corriqueiros e a presença da polícia, também, dando origem a verdadeiras batalhas campais, em que instrumentos musicais serviam como armas e algumas cabeças acabavam sempre rachadas (“Tava num samba/ Lá no Sarguero/ Veio a polícia/ Me jogou no tintureiro”).
O samba era tido como coisa de pretos, malandros e marginais. A posse de um violão ou qualquer outro instrumento de samba bastava como prova de que o indivíduo era vadio e merecia ser preso. E a brutalidade da polícia tinha resposta à altura por parte dos bambas. Mortes ocorriam de lado a lado.
Foi a época do tipo celebrizado por Wilson Batista, com seu andar gingado, chapéu tombado, olhar dormente, fala cheia de gírias, lenço de seda no pescoço (para proteger-se das navalhadas), camisa listrada, calças largas (boca-de-sino) ou balão (bombacha) caídas sobre os sapatos de bico fino com salto carrapeta (mais tarde, tamancos) e, evidentemente, a inseparável navalha.
Os versos do sambista da Lapa o descreve admiravelmente: “Meu chapéu de lado/ Tamanco arrastando/ Lenço no pescoço/ Navalha no bolso/ Eu passo gingando/ Provoco desafio/ Eu tenho orgulho de ser vadio”.
Trata-se de uma figura que, como o verdadeiro carnaval, sairia de cena entre as décadas de 1930 e 1940.
O Pinto e os índios – O carnaval era uma pedra no sapato dos autoritários de todos os matizes. Os chefes de polícia, desde meados do século 19, lançaram uma interminável série de editais, ora proibindo, ora regulamentando os festejos.
No carnaval carioca de 1888, entre as muitas determinações draconianas, figurava a de que, “sem a autorização do Chefe de Polícia, não podem aparecer críticas, principalmente ao Governo”.
Episódios anedóticos ocorreram aos montes. Um delegado carioca chamado Alfredo Pinto, p. ex., notabilizou-se pela perseguição aos foliões. Em 1909, tentou proibir as passeatas e o Zé Pereira, sendo obrigado a voltar atrás por causa dos protestos da população e da imprensa.
Furioso, voltou à carga proibindo as fantasias de índio, sob a alegação de que os tacapes poderiam ser utilizados como armas. Os blocos contra-atacaram com refrões provocativos que difundiram por toda a cidade, tipo “Eu vou beber/ Eu vou me embriagar/ Eu vou sair de índio/ Pra polícia me pegar”. Em outros, houve até alusões picarescas ao sobrenome do delegado...
Domesticação e turistização – Nem a polícia do terrível Filinto Müller, durante a ditadura getulista, conseguiu pôr fim aos festejos de Momo. De repente, entretanto, o povo perdeu seu carnaval, que virou um próspero negócio para as escolas de samba e foi alçado a item prioritário da promoção do turismo.
Comemorações rigorosamente planejadas substituíram as iniciativas espontâneas do povão. Os foliões se tornaram passivos espectadores dos suntuosos e multicoloridos desfiles. Sambistas passaram a competir encarniçadamente por classificações espúrias.
Enfim, a festa do congraçamento cedeu lugar à disputa calculista. O que a polícia não conseguiu com seus cassetetes, conseguiram os negociantes com seus talões de cheque.
Como explicar essa transição negativa? Dizer que, com a industrialização, fecharam-se os espaços para a desordem remanescente da sociedade rural? Que o carnaval morreu ao se institucionalizar? Que nosso povo já não tem humor nem revolta? Explicações podem ser alinhavadas às dezenas. Mas, nenhuma servirá como consolo.
O certo é que uma genuína explosão de vida se tornou ritual de repetição. E o povo se conformou em não inventar mais seus festejos nem improvisar seus itinerários, recebendo como contrapartida lugares confortáveis nas arquibancadas dos sambódromos e o direito à licenciosidade em salões sufocantes.
Enfim, foi expulso das ruas e não se dispõe mais a lutar mais por elas.
* Jornalista e escritor, mantém os blogs
http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/
Na voz melodiosa encanta muitas pessoas,
No tom eloqüente contagia
O gosto preferido do samba,
Traduzindo, ao falar, sempre alegria.
A felicidade, com o sorriso a demonstrar
A perseverança de, pela vida, lutar.
Näo esmoreceu, diante da doença.
Persiste forte a vontade de continuar...
Longe, elevamos o pensamento
Mais perto do seu coração...
Que vença o sofrimento
E, nas noites, de novo o encontro do homem.
Que você coloque em suas orações
E logo esteja presente
Com a luz mais intensa,
Perdurando por muitos anos...
No caminho preferido que Deus colocou em suas mãos,
Engrandecendo e trazendo a alegria do cantar sorrindo,
Característica da sua persuasão e do amor ao seu irmão.
O calor, as palavras de carinho,
O alento que a tantos têm demonstrado,
Que todos se unam, num único pensamento...
Pela sua recuperação,
Que ora conosco ao Senhor Jesus,
O resgate da sua saúde
Para que seja alcançada.
Penetramos no seu interior,
Derramando as bênçãos tão desejadas.
Que tenha uma recuperação rápida
E o retorno às nossas noites,
A voz com o sorriso doce.
É. Agora, não tem mais jeito. A contagem regressiva começou e o Carnaval, quem diria, já bate às portas dos foliões. Todas as Escolas de Samba e seus barracões já estão à todo vapor.
As mudanças conceituais dos desfiles das Escolas de Samba chegaram ao limite. O espetáculo evoluiu até onde poderia chegar. Acredito que, daqui por diante, apenas a tecnologia possa trazer novidades, produzindo novos materiais para a confecção de fantasias e alegorias. Se depender da qualidade dos sambas-enredos, os desfiles das
Escolas de Samba do Grupo Especial serão emocionantes.
O Rio de Janeiro continua sendo...
Nascida no alto do Morro do Salgueiro, na Tijuca, Zona Norte, a Acadêmicos do Salgueiro aprendeu a admirar as belezas da Cidade desde cedo, transformando-se numa das mais tradicionais agremiações do Carnaval Carioca. Pegou carona no verso de Gilberto Gil para dar um novo abraço no Rio de Janeiro, fazendo uma viagem através do tempo. Lembrará da antiga sede da Corte, da porta de entrada do turismo na Praça Mauá, percorrerá calçadões da orla e deslizará nos trilhos que levam ao subúrbio, resgatando tradições de uma gente tão maravilhosa quanto a Cidade abençoada por Deus.
SAMBA ENREDO
Autores: Dudu Botelho, Marcelo Motta, Josemar
Manfredini, João Conga e Luiz Pião
Intérprete: Quinho
Canta meu Salgueiro!
Um "Rio de amor" vai desaguar
Meus versos vêm no "tom" da poesia
Da beleza que irradia
E fez o lusitano se encantar
Paraíso de riquezas naturais
Coração do meu país
Seduzindo a nobreza
Terra de gente feliz
Chega a Família Real
Dando um charme especial
O porto agita a Praça Mauá
Onde a semente do samba se fez brotar
Eu sou o rei da boemia
Carioca, sou da Lapa, patrimônio cultural
E me banhei de alegria, tiro onda,
Dou meu jeito
Minha vida é um carnaval
Divina obra-prima pra se admirar
Entre morros e ladeiras
A brisa embala as ondas do mar
Essa gente tão cheia de graça
O turista que leva saudade
E o Redentor abençoando
Maravilhosa cidade
O suburbano improvisando muito bem
Vai batucando na lotada ou no trem
E deixa o sol bronzear
No calor do meu Salgueiro
Eu sou raiz desse chão
E canto a minha emoção
Salve o Rio de Janeiro
23/01/08