
No insone delírio
Simples, sem nenhum efeito
Tão singelo que nem se desfaz em momento
Enfeito com flores o cabelo
No lábio o carmim
O perfume de jasmim
Espero olhando de lado
Pensando pelo espelho
Olhando través dos vitrais
Janelas entreabertas
Com medo de não mais ter quem olhar
A noite longa
Nunca acaba
Os sonhos acordados
Vão e vêm
Só não vem mesmo
O toque da ternura
Do som sonâmbulo de serenata
Da voz no meu ouvido a sussurrar
Das mãos macias
Tocando pelo menos ao rosto
Com uma pura carícia
Não precisando pronunciar nada
Somente o olhar
Penetrar o fundo da existência
Sem pedir licença
Nem nenhuma porta bater
Vai entrando e invadindo sem querer
O amor não se denuncia com palavras
Nem mesmo precisa o toque real
Subintende-se por detalhes
Lancinante e fatal é o próprio olhar
Aquele que sufoca dando ar
Que estremece dando segurança
Que agita acalmando
Mostra ainda que há chama incandescente
Entre duas almas sedentas de carícias e ternuras.