
Há dias de sombras, nuvens e alguma chuva.
Há dias frios, nevóa e nenhuma prosa.
Há momentos de silêncio, recolhimento e pouca satisfação.
Há quem entenda e quem também não.
Meu silêncio, quase sempre pontual, vem depois de falta de ar, falta de chuva, falta de sossego.
Viajo mil milhas em busca de um canto qualquer em que possa me deitar e simplesmente dormir, sem que qualquer outro som me pertube a paz.
Soldados que já viveram no front sabem o que digo.
Nem sempre tenho estômago para o trivial, o rotineiro, o cotidiano.
Quando optei em abandonar tudo e partir, sabia que quando tentasse me enquadrar novamente, meus neurônios iriam protestar.
Ando negociando com meu íntimo, com meus botões, com minha instabilidade emocional para que possa viver dois dias num mesmo lugar.
Pode parecer absurdo, para alguns até fácil, mas não para mim que chutei o balde e deixei até as cuecas penduradas num varal doméstico.
Não sou mais quem fui, acredito que nunca mais o serei.
Sou como as sombras que cerceam meu muro;
Dependendo da hora, tudo fica claro, passadas algumas horas, a penumbra se instala e por vezes, demora a amanhecer…
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