Entrevista com Gloria Perez, no Portal do Mhario Lincoln

Entrevista Exclusiva com Glória Perez

Há muito admiro Gloria Perez em seu trabalho como novelista e em minisséries, é claro seu compromisso em inserir em seus enredos problemáticas sociais e fatos da história denunciam um estilo marcante que só poderia ser de uma historiadora.

Gloria sempre tempera suas tramas com polêmicas, por isso as audiências de suas novelas são sucesso, e mostra-se encantada por culturas diversas as nossas, mostrando universos não comuns para o grande público em nosso país.

Após calorosa discussão com outro romancista, escritor via twitter, Gloria e eu conversávamos e o Mhario sugeriu a entrevista e para minha surpresa, nossa querida autora aceitou a proposta abrindo campo para as perguntas que a seguir serão colocadas:

Minha filha está presente em todos os momentos da minha vida. Perdão? Nunca! Aliás, nem Deus perdoa esse tipo de gente, tanto assim que criou o inferno para abriga-los! Gloria Perez

1) A motivação para seu ativismo na internet e twitter sobre algumas temáticas em conjunto com a Ana Beatriz Barbosa são por conta do que aconteceu com sua filha? E qual o seu sentimento quando mobiliza pessoas em prol de justiça?

GP – Sempre tive um sentimento de justiça muito forte, até por ter sido criada nesse meio: cresci assistindo juris, porque minha mãe era tabeliã no mesmo prédio em que funcionava o Tribunal, em Rio Branco, e eu e meu irmão ficávamos ali, depois da escola. Meu pai foi juiz e depois Ministro do STJ. De modo que cresci respirando essas questões.

2) Como escritora e novelista, você se sente na obrigação ou é algo já seu de sempre, buscar na história, em fatos sociais e polêmicas inspiração para escrever seus trabalhos?

GP – Na obrigação, nao. Todo escritor retrata sua visão de mundo. Se você se preocupa com essas questões, se enxerga essas questões, é natural que elas apareçam na sua obra

3) Qual o trabalho que mais a marcou e por quê?

GP – Difícil dizer. Cada um deles faz parte de uma etapa da minha vida.

4) Qual o ambiente em que trabalho e como é sua rotina, existe algum método que possa nos contar e dividir?

GP – Trabalho num escritório que mantenho à pouca distancia da minha casa. Novelista tem e nao tem muita rotina, é dedicaçãoo integral, depois que a novela estreia. Se tiver reuniões durante o dia você escreve de noite, se quiser sair para arejar a cabeça durante a noite, você escreve de dia

5) Você acredita em Deus? Como exerce sua espiritualidade?

GP- Acredito numa força maior. Fui batizada no catolicismo mas nao sou praticante. Tenho um comportamento cristão, e penso que essa seja a melhor forma de exercer sua religiosidade

6) Você sente a presença, mesmo em orações de sua filha, a Daniela? Você já perdoou (não aceitar o fato, mas perdão como superioridade de ser) aos assassinos?

GP – Minha filha está presente em todos os momentos da minha vida. Perdão? Nunca! Aliás, nem Deus perdoa esse tipo de gente, tanto assim que criou o inferno para abriga-los!

7) Você acha que foi justa a sentença e qual é a situação atual dos assassinos de sua filha ?

GP – Nao, nao foi justa. Nem à pena máxima eles puderam ser condenados, porque na época, se condenado a mais de vinte anos, o reu tinha direito a um segundo julgamento. Por isso o juiz deu aos dois assassinos, 19 anos e alguns meses. Eles ficaram apenas 6 anos numa cadeia cercados de todas as mordomias que o dinheiro pode comprar, inclusive a de sair para se encontrarem em motéis (fato que resultou, inclusive, em processo administrativo). E apesar de todos os desmandos ainda saíram de lá com ficha de bom comportamento.

8) Qual à medida que você pensa que seria mais justa?

GP – Justo seria a pena máxima, de acordo com o resultado do júri: 30 anos de cadeia para cada um, cumpridos integralmente.

9) Você tratou em suas novelas sobre bullying, o que você acha dessa nova moda de tudo ser denominado bullying e o que pensa que poderia ser feito a nível legislativo?

GP – Esse é um conceito que precisa ser redimensionado: bullyng é exercício de crueldade, mas hoje qualquer zoação, qualquer brincadeira é posta no mesmo saco!

10) Você tem projetos de novas novelas, livros, minisséries? Pode contar algo para nós?

GP – Por enquanto, o único projeto é viver minhas merecidas férias!

11) O que você pensa das redes sociais e seu uso, a beneficiam, servem como laboratório, inspiração, coleta material por lá? Twitter ter sido uma arma boa ou ruim, o que pensa do uso?

GP – Fiz a primeira novela que falou de internet no Brasil: Explode Coração, em 1996, e que foi também uma novela interativa, construída a partir de conversas com o pessoal da BBS, que me contava suas experiências nessa nova forma de viver romances através de um computador. As redes sociais sao fantásticas, e é pena que, a par de sua importância positiva, que é essa de fazer a conexão entre pessoas do mundo inteiro, venha sendo usada também de maneira negativa: para unir criminosos que, na vida real, teriam mais dificuldade de encontrar parceria.

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