Se fossemos escolher outro nome para denominar a mulher este, com certeza, seria hormônio. Essa palavrinha, que ainda me pergunto se é um elogio ou xingamento à condição feminina, é desculpa recorrente para várias manifestações tanto de nós mulheres, como de alguns homens.
Outro dia, enquanto tentava ler um livro no metrô, flagrei a conversa de dois homens sobre o humor das mulheres. Pelo que consegui entender, o assunto discorria em torno de uma discussão que acabou em lágrimas. Mas o que me chamou a atenção mesmo naquele papo, foi a conclusão de que sua mulher estava tendo uma crise hormonal! Brincadeira, né?! Me segurei para não começar um discurso ali mesmo.
Mas, somente me lembrei deles, os hormônios, hoje, porque acordei com aquele latejamento bem conhecido meu, nas têmporas. O frio na barriga foi inevitável. Enxaqueca! Depois que li, que a enxaqueca acontece devido a um desequilíbrio no cérebro envolvendo hormônios, confesso que fiquei um tanto quanto chateada com esses nossos intrínsecos habitantes. Ainda mais porque tinha de me preparar psicologicamente para três dias de hiper sensibilidade a tudo! Uma enxaqueca pode durar de três horas a três dias, adivinha quantos dias ela fica comigo?
Se você quer saber como se proteger da enxaqueca, só conheço um jeito. Se trancar no quarto escuro e não falar com ninguém, porque o mínimo som pode se transformar em uma tortura. Se tiver filhos, então… melhor ir para a casa da mamãe. Isso se ela não for do tipo falante! Então os “especialistas” descobriram uma palavra mágica: gatilho! Se você ler o que pode ser gatilho para uma crise de enxaqueca, não sai mais de casa: acordar cedo, acordar tarde, sol, comer gorduras… Aí você vai ao restaurante, serve aquele pratinho maravilhoso de salada, e um suquinho de laranja… Nem pensar! Frutas cítricas também podem provocam a dor. Acreditem, a lista não termina nunca! Imagina mais: vinho, queijo e chocolate. Dá para alguém me dizer como é que uma pessoa que tem enxaqueca namora? Então a resposta mais sensata seria: “Não coma!”. Experimenta só! Se você ficar com a barriguinha vazia, adivinha? Gatilho… E tem mais; ficar chateada (ah, isso nunca acontece com as mulheres), menstruação (dispensa até comentários, né?), não dormir…
Se você está achando que isso é um tormento, é porque não conhece os efeitos: alteração de humor, fotofobia, hipersensibilidade ao som, visão embaçada, cegueira momentânea (em alguns casos), e também um irritante pontinho brilhante dançando no seu olhar. E tem mais… vontade de vomitar (quase sempre chegando às vias de fato). Geralmente quando chega a esses limites, somente uma dose daquele coquetel milagroso que é injetado na veia resolve. E isso se a emergência do hospital não estiver em obras. Como esses lugares fazem reformas!É inesquecível para quem tem enxaqueca, fica marcado como uma tatuagem, trauma mesmo! Todos estes sintomas já seriam o suficiente para metade dos seres humanos se internarem em um hospital, e olha que ainda tem outros itens nessa lista.
Cuidado, ela pode te pegar! Especialistas declaram que a frequência da dor de enxaqueca em uma pessoa, pode ser de uma vez na vida a todos os dias. O engraçado é que passado os três dias, é como se nada tivesse acontecido, a vida volta inacreditavelmente ao normal. Resta a sensação de que saímos da condição terminal, e adivinha qual a primeira vontade? Comer doce (pelo menos no meu caso), porque afinal, depois de tanto sofrimento, a gente merece!
Joana Cabral
www.joanacabral.com.br
http://comconto.blogspot.com
www.tabletesculturais.com.br
