
Não é incomum ouvir pessoas se referirem à Cachoeira Paulista como uma cidade rica por sua história, cultura e expressões artísticas. Desde muito pequeno ouço e convivo com isso. Quem nunca perdeu (ganhou) alguns minutos dentro da igreja de São Sebastião admirando ao alto a bela pintura de Nelson Lorena? Alguns de nós ainda temos a honra de ter em telas alguns “retratos”, pinturas diversas deste grande artista.
Muitos escritores, poetas, músicos adoçam ainda mais a cultura pulsante de nossa cidade. Temos história na música, nas pinturas, nas fotografias, nos livros! Prefiro não mencionar todos os nomes que vêm ao escrever para não ser injusto com os momentaneamente esquecidos… mas cada um saberia muito bem reconhecer tantos nomes que esta cidade se orgulha em acolher.
No primeiro final de semana de Junho, a convite de um querido amigo, estive presente no “1° Salão de Artes da ACLA” (Academia Cachoeirense de Letras e Artes) no Clube Literário de Cachoeira Paulista. Muitos compareceram para prestigiar e expor. Tive orgulho em conhecer quem são os acadêmicos que nos representam. Conhecia uns mais que os outros, mas saí de lá com uma grande curiosidade de conhecer suas obras, trabalhos, suas expressões artísticas!
Temos um péssimo hábito de valorizar o que está distante, o que não nos é palpável! Amigos são artistas da nossa cidade, muitos deles reconhecidos em outras cidades, grandes capitais e até mesmo fora do país… e nós muitas vezes ao menos sabemos quem são!
Um grande e experiente amigo da cidade em outra oportunidade refletia sobre a necessidade de Cachoeira centrar sua cultura. Num primeiro momento não compreendi, mas talvez hoje possa entender o que quis dizer: Em cada canto da cidade é possível verificar expressões culturais. Jovens artistas que de maneira muito tímida expõe seus trabalhos e divulgam suas produções. Outros, jovens há mais tempo, que também expressam seus dons de maneiras tão deslumbrante quanto grandes nomes da arte.
Devemos incentivar e prestigiar mais “salões de arte”, produções literárias, músicos. Nossa cidade (e todas que nos circundam) necessita de uma referência sólida e organizacional que contribua para a evolução, aprimoramento e incentivo de nossos artistas, assim como a ACLA vem fazendo desde 1972, quando criada pela escritora e imortal (pela Academia Paulista de Letras) Ruth Guimarães, tendo como um dos membros-fundadores, o Sr. Carlos Varella, que no último dia 14 de Maio lançou o livro “Terra de Histórias” na Câmara Municipal de Cachoeira Paulista.
Sobre informações da ACLA, encontrei alguns blogs de artistas cachoeirenses (“Blog do Guto Capucho” – blogdogutocapucho.blogspot.com – e no blog da jornalista Claudia Varella – bomdepauta.blogspot.com ). Após alguns anos desativada, a Academia volta à cena com novos membros (Guto Capucho, Iran Barboza, Izabel Fortes, Jurandir Fábio e Jurandir Rodrigues) a prestigiar e representar os artistas da cidade.
O evento, repleto de fotos e pinturas da Estação Ferroviária (bela, pomposa, histórica e esquecida) da nossa cidade, provocou reflexão sobre o objeto foco de inspiração nessas obras… críticas que me incomodam a cada dia! É preciso valorizar e reconhecer não só os artistas, mas também lugares, espaços… que diferentemente dos humanos, que podem ser imortalizados por suas obras e títulos, só serão imortalizados nas fotografias, pinturas e boas lembranças de quem pode ouvir o apito do trem anunciando a partida e hoje, não há mais onde aguardar o embarque!
Há muito que se fazer e muito já está sendo feito, por esta razão dedico esta coluna aos membros da ACLA e às pessoas que nessa cidade se empenham em desenvolver trabalhos semelhantes e tão importantes quanto. O “1° Salão de Artes” fez despertar, não só em mim, mas em muitos que ali estiveram, a necessidade de valorizarmos as expressões artísticas e culturais que Cachoeira Paulista esbanja.
1 “Velho Potilhão”, música de Marcello Nanah e Jorge Chalita (trilha sonora da infância de muitos cachoeirenses, inclusive a minha)