Acho que todos já testemunhamos a cena de pais desnorteados, envergonhados, sentindo-se julgados por quem observa e sem saber o que fazer com o filho que se joga no chão, bate os pés e chora como se tivesse sido machucado ou magoado seriamente.
Acho que todos já testemunhamos a cena de pais desnorteados, envergonhados, sentindo-se julgados por quem observa e sem saber o que fazer com o filho que se joga no chão, bate os pés e chora como se tivesse sido machucado ou magoado seriamente.
Ele está, simplesmente, xingando e demonstrando sua raiva porque os pais "ousaram" lhe negar a compra de um caríssimo brinquedo (que, por sinal, ele já tem em casa).
Os observadores dividem-se entre os que afirmam que seus filhos jamais fariam algo assim e os que acham que, se porventura isso viesse a acontecer, a cena acabaria rapidamente, com um par de palmadas. Com certeza, essas pessoas não têm filhos e nunca se defrontaram com essa situação.
Outra parcela dos espectadores tomará o partido da coitadinha da criança; achará que não pode ser traumatizada. Pode se tratar de uma doce vovozinha ou de pais com enormes dificuldades de colocar limites ou provocar a necessária frustração aos filhos, já que o mundo não vai lhes fazer todas as vontades. Chamamos "compensadores" os pais que conseguem isso.
A cena descrita pode se repetir muitas vezes em outros contextos do cotidiano, sem testemunhas, porém provocando a mesma reação dos pais.
Entre mais ou menos os 15 e os 30 meses, a criança passa pela chamada fase do negativismo ou da oposição. É fundamental que assim aconteça, já que está desenvolvendo sua personalidade, diferenciando-se dos pais e contrapondo seus desejos aos deles. Testa as pessoas e também sua capacidade de persuasão.
Essas cenas, as famosas birras, são provocadas pelo conflito criado entre o desejo e a intolerância à frustração de não ver satisfeito esse desejo. Podem ser desencadeadas também pelo fato de a criança não conseguir acabar com uma tarefa (encaixar algo etc.) ou quando tem de cumprir com alguma norma familiar que atrapalha sua brincadeira. A criança tem um objetivo claro: obter a qualquer custo a satisfação do desejo.
PARECE CLARO QUE NÃO SE TRATA DE COMBATER A BIRRA COM GRITOS OU TAPAS POR SER ALGO "FEIO". O QUE ESTÁ EM JOGO É QUE O FILHO APRENDA COM A EXPERIÊNCIA QUE A BIRRA NÃO É O MELHOR CAMINHO PARA CONSEGUIR O QUE QUER. ASSIM, O MELHOR "CASTIGO", QUE POR SINAL SEMPRE É SIMBÓLICO E NÃO REAL, É QUE ELE SAIBA QUE SUA BIRRA ACABA, SEUS PAIS NUNCA PERDEM A CALMA E QUE A FRUSTRAÇÃO (QUANDO PEDAGÓGICA) "NÃO MATA".
O recado é: "Você está bravo, tem direito de demonstrar isso, porém, quando seus pais falam não é não até você ficar tranqüilo".
Outra inadequação é oferecer aquilo que foi negado para acabar com a chateação do filho birrento. Assim só se reforça o poder da birra.
O que podemos esperar da educação que queremos dar aos nossos filhos? O que queremos lhes transmitir? Acho que concordamos que queremos, no mínimo, transmitir-lhes as condições básicas e suficientes de sua socialização. Ou seja, transmitir-lhes uma cidadania possível.
Às vezes, para não ser incomodados ou pela culpa por nossa ausência (sendo pior quando ficamos ausentes ainda que presentes), introduzimos imprudentemente os princípios da Revolução Francesa na educação dos filhos: igualdade, liberdade e fraternidade.
A família tem de ter níveis saudavelmente assimétricos, papéis bem definidos e normas a serem cumpridas. Se não se consegue entender e agir adequadamente, nos arriscamos a transformar um suposto escravo aborrecido em um tirano aborrecido.
DR. LEONARDO POSTERNAK É PEDIATRA E PRESIDENTE DO IFA (INSTITUTO DA FAMÍLIA)
Os pais permitem que a criança perceba seu poder de dar orgulho e que assuma atitudes cada vez mais ousadas
HÁ UMA frase que passou a ser muito popular entre os pais: "Meu filho nasceu com um chip diferente".
Existe uma crença atual generalizada entre as pessoas que têm filhos de que o seu rebento é precoce para a idade que tem. Uma dessas mães me disse uma frase bem-humorada que expressou muito bem tal convicção:"Eu não sou mãe coruja, eu tenho razão".
Muitos adultos têm dito que as crianças mudaram muito. Acreditam que, agora, elas têm vontade própria para quase tudo e que sabem escolher, que têm "personalidade", ou seja, que sabem impor seus pontos de vista e opiniões, que não aceitam muitas restrições e que conversam sobre os assuntos mais variados com a naturalidade e a propriedade de um adulto, entre outras coisas.
Esse pensamento geral exige uma reflexão, já que as crianças continuam sendo crianças como sempre foram, desde que a infância foi inventada. O que mudou muito foi o mundo em que as crianças vivem hoje. E, claro, mudaram seus pais e o modo como eles tratam seus filhos. E uma dessas mudanças, em especial, merece toda a nossa atenção. Eu me refiro ao modo como muitos pais permitem que seus filhos os tratem.
Quem frequenta o espaço público e observa o relacionamento entre pais e filhos certamente já presenciou, e não raras vezes, crianças de todas as idades e adolescentes tratarem seus pais com agressividade, grosserias, gritos e palavrões.
Uma conhecida me contou, indignada, que passou a tarde com uma amiga e testemunhou a filha dessa amiga, de 11 anos, chamar a mãe de "burra" e de "idiota".
Paralelamente a esse fenômeno, já temos também notícias sobre mães que foram espancadas pelos filhos.
Conversei com alguns pais que vivem esse drama e eles se posicionam de modo muito semelhante: não sabem o que fizeram de errado para que os filhos os tratem dessa maneira e não sabem também como reverter a situação.
Temos algumas pistas que nos ajudam a entender como se constrói tal quadro.
A primeira pista foi citada logo no início. O fato de os pais considerarem seu filho esperto permite que essa criança perceba o poder que tem de deixá-los orgulhosos e, pouco a pouco, vá assumindo atitudes cada vez mais ousadas na relação com eles e, consequentemente, com os adultos de modo geral.
A segunda pista está localizada no lugar que muitos pais querem ocupar em relação ao filho. Mais do que pais, querem ser seus amigos. Isso não dá certo, já que amigo ocupa sempre um lugar simétrico ao da criança ou jovem e, nesse caso, não há lugar para autoridade. Os pais podem, isso sim, ser pais amigáveis, mas nunca amigos dos filhos. O comportamento juvenil dos pais, independentemente da idade que tenham, também contribui muito para que os filhos os vejam como seus pares e não como seus pais.
Finalmente, a falta de paciência e disponibilidade para corrigir quantas vezes forem necessárias as atitudes desrespeitosas do filho faz com que pais relevem ou ignorem as pequenas atitudes cotidianas que os filhos têm e que expressam grosseria ou agressividade, quando não violência. O problema é que o crescimento desse tipo de comportamento ocorre em espiral, não é verdade?
Se não cuidarmos para que os mais novos aprendam a valorizar e respeitar a vida familiar, seus pais e os adultos com quem se relacionam, logo teremos notícias de um novo fenômeno: a intimidação, o famoso "bullying", só que as vítimas serão os pais, e os praticantes, os filhos.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha) blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
Como os conceitos de tempo, distância e velocidade desenvolvem-se em nível psicológico? Essa questão foi proposta em 1928 por Albert Einstein a Jean Piaget (1896-1980), quando o pai da relatividade presidia cursos de filosofia e psicologia em Davos, na Suíça, e o jovem psicólogo suíço, já então conhecido por suas pesquisas no campo da inteligência e do desenvolvimento infantil, amadurecia temas científicos para investigar. A provocação de Einstein inspiraria 15 anos mais tarde uma das obras mais conhecidas de Piaget, A noção de tempo na criança, em que o pesquisador explora os significados do tempo e como as crianças os compreendem. Esse pano de fundo inspirou a palestra “Piaget, Einstein e a noção de tempo na criança”, proferida por Lino de Macedo, professor de psicologia do desenvolvimento do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), na manhã do dia 22 de novembro.
Ovo ou galinha
Macedo deu início à palestra relembrando as palavras finais de Piaget no seu livro: “O tempo relativista de Einstein expressa um princípio válido da formação do tempo físico e psicológico desde a gênese do tempo nas crianças de tenra idade”. O professor propôs a discussão de problemas sobre a questão do tempo na perspectiva das crianças estudados por Piaget. “Perguntaram para Piaget quem nasceu antes: o ovo ou a galinha? Sabe o que ele respondeu? O pintinho. Não foi a galinha porque a galinha dependia do ovo. Não foi o ovo porque o ovo dependia da galinha. Foi o pintinho. Quando nasce uma criança é o mundo que recomeça. Nesse sentido, somos filhos de uma criança, não pais. Antes de nós, vieram as crianças. As crianças nasceram antes e portanto são mais velhas do que nós, caso se pense como referência o ponto de partida. Nós morremos. As crianças são eternas”, afirmou o professor.
Piaget testou a percepção infantil para uma série de perguntas sobre o tempo, a distância e a velocidade e concluiu que tais conceitos não estão presentes na mente da criança, mas exigem uma construção. A criança de 2 a 6 anos, por exemplo, faz sua avaliação com base no momento presente. Depois começa a levar em conta outros fatores, como o ponto de partida. Só mais tarde vai dominar esses conceitos. “Piaget perguntou a uma criança pequena: ‘Sua mãe nasceu antes ou depois de você?’. Ela respondeu: ‘Não me lembro mais’. Claro que ela não pode se lembrar. A mãe nasceu tanto tempo depois, não é?”, afirmou Macedo.
Crianças um pouco mais velhas já buscam respostas mais elaboradas. “A cada ano você fica mais velho?”, indagou Piaget. Resposta da criança: “Não, eu fico mais novo”. Outra pergunta: “Quando você for moço, qual será a idade da sua irmã?”. A resposta: “Igual à minha”. “Um dia vocês vão ter a mesma idade ou não chegarão nunca a isso?”. Resposta: “Eu vou ficar maior que ela porque os homens são maiores do que as mulheres, aí eu vou ser mais velho”. Segundo Lino de Macedo, a referência da criança sobre o tempo é o tamanho, o crescimento em estatura. Como ainda é pequena, não tem a percepção do envelhecimento. “As crianças acham que os cachorros não envelhecem. Eles morrem, ficam doentes, mas não envelhecem. Também acham que as árvores não têm idade. Por quê? Porque elas não crescem mais”, exemplifica. A noção dos efeitos da passagem do tempo vai sendo construída e, na pré-adolescência, as respostas já se assemelham às dos adultos. Piaget perguntou: “Quem é mais velho: você ou sua mãe?”. Resposta: “Minha mãe”. “E quando você for um homem?”, indagou. “Ah, é sempre a mesma diferença”, disse a criança. “Então não é verdade que todos os homens velhos têm a mesma idade?”. Resposta: “Isso depende de quando eles tiverem nascido, há velhos de 50, 60...”. O professor observou: “Considerem que isso foi na década de 1940. Hoje nós diríamos: há velhos de 80, 90, 100 anos”.
Crianças de até 2 anos de idade não têm memória – falta-lhes a linguagem para fazer os registros. Nessa fase, observa o professor, o tempo da criança é o tempo das ações. “As crianças têm ações, ações sensório-motoras, ações simbólicas. O problema da criança é como coordenar movimentos, a sucessão, a duração, a simultaneidade, como ordenar os acontecimentos”, disse. “O tempo da criança é o tempo do presente. Ela não conhece o passado, não conhece o futuro e não precisa deles. Ela precisa do presente, da presença. É um tempo ocupado, denso, pleno, descontínuo, porque a criança dorme, se cansa, a mãe vai lá e tira ela da brincadeira, daquela magia, daquela felicidade, daquela ocupação, aquilo que é puro prazer e alegria. Esse tempo vivido como presente tem essas qualidades: pleno, descontínuo, finito, não refém de um passado ou de um futuro”, afirma o professor.
O conceito é bem diferente do chamado tempo operatório, que é o tempo das crianças mais velhas e dos adultos. “O tempo torna-se reversível enquanto forma, porque presente, passado e futuro são recortes relativos e variáveis de uma mesma coisa”, explicou.
Lino de Macedo encerrou sua palestra falando de Einstein. Lembrou que o físico criticava a educação precoce – o tempo futuro que rouba o tempo presente das crianças. “Estamos fazendo isso com nossos alunos”, disse o professor. “O estresse infantil hoje é terrível. As crianças não têm tempo para ser crianças, porque somos comprometidos, no melhor dos sentidos, com uma educação precoce, para o bem delas daqui a 20, 30 anos. E o bem delas aqui, agora? Os métodos competitivos de ensino encarnam esse tempo do resultado premente, o tempo do deadline, o tempo do ‘cheguei antes’, do ‘ganhei mais’, do ‘faturei’”, disse o professor da USP.
O gênio da física, afirma Macedo, criticava o tempo externo dominando o tempo interno. “Aquele tempo externo que, pelo medo, pela força, pela violência, pela autoridade artificial ou pela ameaça conseguia as coisas”, definiu. “Quando a gente entra na exposição Einstein, quem nos recebe não é a imagem de um Prêmio Nobel ou do maior cientista do século XX. O que vemos é um homem rindo, andando de bicicleta, juvenil. Aprender tem a ver com felicidade, com satisfação. A questão do conhecimento como alegria e felicidade, a questão da paz como um direito humano e como uma necessidade humana para criar, para inventar, para experimentar, para descobrir, isso só é possível se pudermos não ser apenas reféns do futuro e do passado”, concluiu.
Piaget, Einstein e a noção de tempo na criança
Lino de Macedo, graduado em pedagogia, professor titular do Instituto de Psicologia da USP
Fonte: Revista PESQUISA Fapesp (Suplemento Especial - Especial Einstein) , disponível em: www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3733&bd=1&pg=1&lg=
Se desde que o mundo é mundo há pais e filhos, neste momento particular, a era digital sobrepôs a essa estrutura uma outra divisão: nativos e imigrantes.
Nativos digitais são aqueles que nasceram quando já existia computador, ou seja, a partir da década de 1980. Imigrantes digitais têm mais de 30 anos e se lembram de seu primeiro PC.
Enquanto os imigrantes, ou grosso modo, os pais, não estão muito familiarizados com o ambiente da web, os nativos, ou os filhos, estão no centro daquilo que promete ser uma radical mudança de comportamento. Os nativos digitais prometem uma reorganização na maneira como trabalhamos e até na alteração de conceitos cristalizados, como o do direito autoral."Essa geração está desenvolvendo novas formas de pensar, interagir, trabalhar e se socializar", escreve o pesquisador Don Tapscott, em Grown Up Digital (Crescidos digitais, em inglês), ainda inédito no Brasil.
O mais curioso? Eles fazem tudo isso meio sem perceber.
Se a contracultura dos anos 60 foi criação consciente dos jovens que queriam romper com o passado, as crianças digitais operam uma revolução que é silenciosa. Afinal, elas só estão agindo naturalmente.
"Os nativos digitais são aqueles que já nasceram acostumados à cultura da internet. Acostumadas ao compartilhamento de arquivos, as crianças querem espalhar aquilo com o que elas se importam, o que não raro esbarra em noções anteriores a elas, como o copyright", explica Urs Gasser, autor do livro Born Digital (Nascidos Digitais) e professor do centro de Internet e Sociedade de Harvard. Essa relação tão próxima à tecnologia, segundo ele, afetará questões como segurança, propriedade intelectual, comunicação e aprendizado.
Para a pesquisadora Lúcia Santaella, a mudança começou lá atrás, na década de 1980, quando tecnologias como videocassete, fotocopiadora e controle remoto nos prepararam para deixar a condição de consumidores passivos e exigir produtos personalizados. "Essas tecnologias permitiram que buscássemos o tipo de informação e de entretenimento que se enquadra com nosso perfil. Não passamos direto para a cultura digital". O ápice disso viria com a internet.
Com o crescimento demográfico, os nativos digitais deverão ser 80% da população economicamente ativa em 2020, de acordo com Don Tapscott. Não é exagero, portanto, dizer que essa geração que já nasceu familiarizada com o ciberespaço moldará a sociedade do futuro. "Quem fará as leis de amanhã são justamente as crianças que hoje baixam conteúdo", defende Gasser, que vê na ascensão dos Partidos Piratas na Europa o começo dessa renovação, que não deve ficar só na legislação.
Segundo o Ibope, 29% dos brasileiros urbanos entre 10 e 17 anos preferem conversar pela internet. Para 45% deles, Orkut e Facebook são parte da rotina. "A tecnologia não é só parte do cotidiano, mas integra a biologia dos jovens. Isso parece explicar porque eles já nascem sabendo manipular e viver com essas máquinas que estão ficando cada vez mais sutis", finaliza Santaella.
Para ele, tecnologia é natural
O menino Luca Albano, de 10 anos, pode ser considerado nativo digital não só pela data em que nasceu, mas pela naturalidade que demonstra ao falar sobre tecnologia e ao usá-la. Apesar de ter começado a desenhar usando papel, hoje o menino (cujos pais trabalham como ilustrador e fotógrafa) usa um software - que ele aprendeu a usar sozinho - para produzir animações, desenhadas quadro a quadro. Depois de prontos, ele publica os trabalhos em seu canal no YouTube e em seu blog. Luca diz que já perdeu a conta de quantos vídeos fez. Além dos desenhos animados, que geralmente têm como temas os gêneros aventura e ficção científica (o último, preferido, inspirou o desenho abaixo), ele faz montagens com fotos que acha na internet e baixa músicas para sonorizar e produzir suas próprias versões dos clipes das músicas de que gosta.
Comunicação
Falar e escrever no celular, usar comunicador instântaneo, ler sites e blogs: tudo isso vai contribuir para o desenvolvimento da inteligência comunicacional nas crianças. Apesar de alguns críticos dizerem que o uso de MSN pode afetar negativamente a capacidade dos pequenos de compreender expressões faciais, os educadores concordam que por causa da internet as crianças estão escrevendo e lendo mais. O caráter colaborativo da rede também incentiva a produção de conteúdo multimídia - teremos crianças escrevendo, gravando áudios e falando para a câmera cada vez mais cedo.
Cultura
O acesso a bens culturais, filmes, livros e músicas caminha para se tornar um serviço e não um produto específico. Para variar, é na música que este processo está mais avançado. Em 2008, 95% das músicas baixadas não tiveram direitos autorais pagos. Mas uma mudança na nossa relação com as canções está em curso neste momento. Em 2008, 52% dos jovens norte-americanos, entre 13 e 17 anos, preferiram ouvir músicas em sites de streaming gratuito, como MySpace, Pandora e Spotify, em que não se precisa baixar nada. Tudo é ouvido online.
Direito Autoral
Segundo uma pesquisa do canal Cartoon Network, duas em cada cinco crianças já trocaram arquivos pela web. Claro que isso muitas vezes esbarra na questão do copyright. Mas será que essa é uma noção que ainda será usada quando esses pequenos chegarem à vida adulta? Já nascidos digitais, eles são parte de uma geração acostumada à cultura do remix que foi popularizada com a internet e com sites como o pioneiro Napster. Para o pesquisador Urs Gasser, esse comportamento pode mudar não só as leis de direitos autorais, mas também redefinir o que é, afinal, 'autoria'.
Política
Políticos estão percebendo a eficiência das ferramentas da web 2.0 para fazer campanha de um jeito diferente. Essas plataformas são dominadas pelos jovens, que por causa da troca rápida e multimídia de informações, têm capacidade maior de descobrir verdades e mentiras, se unir contra e a favor daquilo em que acreditam e apoiar candidatos e ideias com os quais se identificam. O primeiro exemplo desse novo engajamento aconteceu nas últimas eleições presidenciais norte-americanas: Barack Obama conseguiu levar às urnas milhões de jovens, num pleito em que o voto é facultativo.
Trabalho
No futuro as empresas serão menores, não existirá mais o conceito de carreira, os empregos vão acabar e o ócio criativo será total: trabalharemos só por prazer. Ao menos é isso que defende o professor Thomas Malone, especialista em trabalho do MIT. Pesquisas já mostram que os jovens estão batendo de frente com seus chefes por causa de diferenças culturais e de comunicação. E diante de funcionários acostumados a opinar livremente, não familiarizados com hierarquias e imposições, as estruturas empresariais serão forçadas a mudar drasticamente.
Cérebro
Pesquisas recentes em neurociência afirmam que a internet está mudando o cérebro das crianças. Apesar de o processo cognitivo que as leva a compreender melhor a linguagem digital ser plenamente entendido (é semelhante ao de aprender a língua mãe), ainda não se sabe exatamente como o uso da web vai mudar a massa cinzenta. De acordo com Gary Small, autor do livro iBrain, sobre as modificações que o cérebro está sofrendo com o uso da internet, fazer buscas no Google ativa uma área mais extensa do cérebro do que os pontos que são estimulados durante a leitura, por exemplo.
veja mais sobre:
A geração que desenha nosso futuro: Link - Estadao.com.br.
Dica do @personalizacao
Já se sabe que hoje em dia o estresse afeta adultos e criança, além de trazer inúmeros prejuízos em todos os aspectos da vida, como saúde e o comportamento social, seja nos pequenos ou nos mais velhos.
O que um estudo americano sugere agora é que filhos de pais estressados são mais vulneráveis a doenças.
O trabalho foi publicado em uma revista americana especializada no assunto chamada "Brain, Behavior and Immunity". Além do estresse, pais deprimidos também têm maiores chances de ter filhos mais propensos a doenças e infecções.
O estudo, realizado na Universidade de Rochester, acompanhou 169 crianças durante anos. Os pais registraram durante esses três anos todas as vezes que as crianças ficaram doentes. Além disso, os pais levavam as crianças de seis em seis meses para consultas com psiquiatras.
A médica Mary Caserta constatou que a ocorrência de doenças nas crianças foi maior naquelas que eram filhos de pais que tinham um alto nível de "estresse emocional".
Já é conhecido que em pessoas estressadas há um alto nível de células imunológicas (aquelas que combatem organismos estranhos presentes no corpo) no sangue e nesse estudo foi comprovado que no sangue de crianças filhos de pais estressados também há um maior índice de células imunológicas, algo totalmente incomum nesta fase de vida.
Lembre-se, mamãe, que o estresse cria maior dificuldade em parar de fumar. Consequentemente, a mamãe fumante tende-se a tornar ainda mais tensa devido ao cigarro, aumentando o estresse, ciclo prejudicial em todos os sentidos.
Amor pra curar o estresse - A criança precisa da ajuda de adultos para que cuide do seu corpo com alimentação e aprendizagem, mas se não houver um ambiente acolhedor e com afeto e amor não é possível se desenvolver plenamente e com saúde. Pais estressados podem deixar de demonstrar carinho aos seus filhos.
Já é sabido que bebês não sobrevivem sem amor. O afeto e o amor na infância e na juventude são tão importantes para a criança quanto uma boa alimentação com as vitaminas e proteínas necessárias que o corpo necessita para funcionar adequadamente.
O estudo sobre estresse dos pais e a saúde das crianças tem uma variável que os pesquisadores apontaram: ao deixar que os pais medissem o grau de doenças dos filhos pode ter mascarado o resultado da pesquisa, já que pais mais ansiosos poderiam ter mais tendência a achar que seus filhos estavam doentes.
Mas mesmo assim, os pesquisadores afirmam e sustentam que os resultados indicam uma forte ligação entre estresse dos pais e saúde das crianças.
Cuide de você, mamãe! Sua saúde mental e física em boa forma é essencial para que seu filho cresça saudável.
Ao entrar em casa, esqueça dos problemas do trabalho e lembre-se que você tem seus pequenos que precisam da sua atenção e amor.
Faça uma atividade que você, mamãe, goste e que lhe dê prazer e um tempo só para você. Ajuda a diminuir o estresse.
http://guiadobebe.uol.com.br
É alarmante a quantidade de pais que ainda recorrem à palmada como método de "educação" em pleno século vinte e um.
Inseridos na "era da informação", temos acesso facilmente a publicações das mais diversas naturezas, pesquisas e campanhas de toda sorte que claramente expõem o quanto a palmada e outros tipos de castigos físicos são prejudiciais para o desenvolvimento criança não apenas do ponto de vista físico, mas também do moral, social, afetivo, dentre outros.
É lastimável saber que pais "modernos" têm criado seus filhos à luz do autoritarismo, da agressividade e da frieza da educação "tradicional", alegando ser um ato de amor, mesmo sabendo, muitas vezes, que a palmada não se trata de uma prática educativa.
Além de não ser educativa, a palmada é extremamente contraditória. Quem ama, não agride! Quem ama, não bate! Quem ama, educa, mas, infelizmente, bater é muito mais fácil que educar.
Bater em crianças é um atestado de incompetência, desequilíbrio e fracasso do adulto, que culmina em uma descarga de raiva quase sempre seguida por um sentimento de culpa. O ato de bater em crianças reforça a tão criticada relação de submissão do mais fraco ao mais forte, caracterizando um claro exemplo de covardia. Trata-se de um ato estressante para adultos e traumático para crianças. Além disso, não tem nenhuma garantia de eficácia e pode ocasionar dor, medo, ressentimento, rejeição e rebeldia que a curto, médio e longo prazo resultam sérios danos emocionais ao indivíduo agredido.
É preciso que nós, pais, aprendamos a educar nossos filhos de fato e, para isso, é necessário que construamos aos poucos um novo modelo de educação que proporcione às nossas crianças valores sólidos e disciplina sem utilizarmos qualquer tipo de violência física ou psicológica como ameaças, por exemplo, que podem ter um efeito impactante na construção da personalidade da criança.
Uma boa maneira de educar é fortalecer os vínculos e dar novos rumos à relação entre pais e filhos, construindo um ambiente de carinho, confiança e, sobretudo, respeito mútuo.
Elogie as boas condutas do seu filho. Aproxime-se, beije-o, abrace-o. Converse com ele. Pergunte-lhe como foi seu dia. Explique-lhe os porquês da vida. Faça seu filho entender que os direitos dele terminam onde começam os do outro. Diga "sim" quando puder e "não" quando for o caso. Ensine seu filho a lidar com as frustrações do cotidiano. Escute-o com atenção. Dê o exemplo, seja o exemplo. E, sobretudo, ame-o. Eduque-o com carinho e jamais utilize a violência para dar limites ao seu filho porque BATER EM CRIANÇA É COVARDIA! LEI SECA CONTRA A PALMADA JÁ!
Ana Carolina Thompson, 25 anos, professora, MÃE de dois filhos e participante da comunidade Pediatria Radical
Crianças precisam, é claro, ser orientadas na direção do comportamento responsável adulto, mas os pais não devem esperar que elas consigam isso de uma vez só. E não há nenhuma evidência convincente de que possa ser alcançado efetivamente empregando-se o velho ditado "é de pequenino que se torce o pepino". Castigo corporal em qualquer idade confunde e traumatiza a criança, pois ela não consegue entender por que a mãe e o pai que ela ama, e que supostamente a amam, passam repentinamente a ter raiva dela e lhe infligir dor física. Ela pode tornar-se insegura, ressentida e até inútil, e a conseqüência pode ser um dano psicológico.
O impacto do castigo físico no desenvolvimento da criança tem sido estudado exaustivamente, e o consenso é que a violência provoca danos tanto nos pais quanto nas crianças. O castigo não ensina à criança o que fazer e consegue apenas um benefício temporário, se conseguir, em ensinar-lhe o que não fazer. Não nego que, numa ocasião, levantei a mão, com raiva, mas, na maior parte do tempo, tentei conseguir o objetivo desejado com os meus filhos através da utilização do exemplo e da transmissão de encorajamento terno e amoroso. Estou mais do que satisfeito com os resultados. Espero e creio que meus netos, da mesma maneira, raramente experimentarão castigo físico por qualquer motivo.
Trecho do Livro: COMO CRIAR UM FILHO SAUDÁVEL... APESAR DO SEU PEDIATRA, do Dr. Robert Mendelsohn
www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=1651309
Mãe nunca é tão mãe como na hora em que dá de comer ao filho. Contabilize a quantidade de vezes em que você negociou (Só mais um pouquinho, vai!), fez alguma brincadeira (Olha o aviãozinho!) ou lançou mão de uma chantagem 'do bem' (Quem não come o salgado não ganha o doce!) esta semana. De fato, não há tarefa para a qual uma mãe se dedique com mais afinco.
Pode-se atribuir o bom e velho instinto materno, já que alimentação e sobrevivência estão diretamente ligadas. Muitas vezes, no entanto, a relação da mãe com a alimentação do filho é puramente emocional.
'A maioria acha que a criança não come o suficiente', atesta o nutrólogo Mauro Fisberg, chefe do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Universidade Federal de São Paulo e coordenador do Centro de Pesquisas Aplicadas à Saúde e Nutrição da Universidade São Marcos. 'Só que isso, normalmente, não corresponde à realidade. Crescimento e desenvolvimento adequados indicam se a alimentação está correta.' Difícil mesmo é ver uma mãe satisfeita com essa explicação.
Em geral, quando a mãe reclama que o filho não come, está se referindo ao fato de ele rejeitar um grupo de alimentos: frutas, verduras e legumes.
É uma verdadeira queda-de-braço, em que os adultos não conseguem respeitar as vontades da criança, o que leva muitas vezes a criança a comer mal e errado. Se nós trocamos arroz, feijão e bife por um sanduíche, eventualmente, as crianças também têm suas vontades. Só que a capacidade de a mãe tolerar a recusa do filho é muito menor do que a teimosia dele.
E as crianças resistem bem comendo mais ou menos até (acredite!) 15 dias. Haja coração. CRESCER falou com especialistas e selecionou as melhores dicas para lidar com a questão. Bom proveito!
O leite, rico em cálcio, é um dos alimentos mais importantes na vida dos bebês, fundamental para o crescimento e o fortalecimento dos ossos. Mas até completar 1 ano de vida, ele não deve ingerir leite de vaca in natura: além de aumentar a chance de provocar reações alérgicas, esse leite não tem os nutrientes em quantidades adequadas. Os pediatras costumam recomendar os modificados, em pó. Normalmente bem aceito, o leite torna-se um problema quando a criança, maior, não quer experimentar outros alimentos. Ou, ao contrário, se tem aversão a ele.
Crianças que ingerem grandes quantidades de leite tendem a comer menos nas refeições. Procure diminuir o volume e a freqüência. Evite leite após as refeições, pois o cálcio diminui a absorção do ferro.
A recusa do leite pode estar associada com intolerância à lactose, que causa desconforto intestinal. A intolerância pode ter uma característica genética e é mais freqüente em alguns povos, como os orientais. É possível encontrar no mercado até iogurte sem lactose. O cálcio também está presente em alguns peixes, em vegetais como a couve e no tofu.
A partir do sexto mês, a Organização Mundial da Saúde recomenda a introdução de outros alimentos, além do leite materno (dependendo do pediatra, isso pode acontecer a partir do quarto mês). Normalmente, suco, fruta e papinha são dados pela ordem mais aceita. Nesse momento, os estoques de ferro do bebê, provenientes da gestação, já estão em baixa e passam a ser repostos pela ingestão de carnes vermelhas e verduras de folhas verde-escuras, como brócolis, couve, etc. O ferro, aliás, é melhor absorvido se for incluída vitamina C na refeição, em um suco de laranja, por exemplo.
Não se desespere! Se o seu filho não comeu em uma das cinco refeições do dia, mantenha as quantidades habituais na seguinte e evite guloseimas fora de hora. Se a fome apertar, lembre-o de que isso, provavelmente, tem relação com o tal almoço pela metade. Acredite, se eles descobrem que uma mãe aflita abre exceções (às vezes bem mais sedutoras), a história tende a se complicar cada vez mais.
Às vezes, é preciso expor a criança de 10 a 15 vezes ao mesmo alimento até que ela o aceite. É uma espécie de defesa diante de algo que pode fazer-lhe mal. Um dia, ela adora determinado alimento. Depois de um tempo, passa a odiá-lo. E o contrário também acontece.
A criança é muito instável em seus apetites e gostos. Paciência. Jamais tire de vez do cardápio o alimento que foi recusado. Ele pode voltar a ser apreciado quando você menos imagina. Experimente oferecer esses ingredientes em outros formatos.
Que tal um pastel, croquete ou sanduíche com recheio de verduras e legumes? Cheeseburger com alface e cenoura ralada? Omelete com escarola, queijo e peito de peru? Substitua a massa da lasanha por abobrinha fatiada. Sucos podem mesclar frutas e hortaliças, como o de goiaba com agrião e melão.
Não torne o horário da refeição um tormento.
Evite frases do tipo: Se comer tudo, mamãe vai ficar feliz, Se não comer, vai para a cama agora, Só sairá da mesa se comer tudo. Prefira dizer: Nem vou lhe dizer que comer verdura é importante para você crescer porque é inteligente e sabe disso ou Você não é obrigado a comer, mas um bifinho ajuda a crescer, ficar forte e saudável. Quando seu filho comer de forma equilibrada e saudável, não deixe de elogiar.
Quem começa fazendo aviãozinho pode se ver obrigado a construir até nave espacial para o filho comer! Essas atitudes desviam a atenção e comprometem a percepção dos alimentos. Saiba que, nos primeiros meses de vida, o bebê tem um reflexo de cuspir o alimento que encosta na ponta da língua. A dica é colocar o alimento no canto da boca com uma colher pequena.
Depende. Alimentos enriquecidos com vitaminas e minerais podem ser úteis em casos de deficiência nutricional. Mas é preciso escolher bem. Muitos deles não passam de um monte de açúcar, gordura, corantes e aromas artificiais, adicionados de vitaminas e minerais.
Quando a criança começa a se mover com mais desenvoltura - entre 3 e 5 anos -, diminui o seu interesse pela comida, que até então era uma grande fonte de prazer. Tente se conformar. Nessa fase, elas estão muito mais preocupadas em explorar o mundo! Uma dica é deixar seu filho, literalmente, pôr a mão na massa. Ele vai adorar!
Numa dieta saudável, não podem faltar carboidratos (encontrados nos cereais, macarrão, batata, mandioca, pães e farinhas), gorduras (óleos vegetais, azeite, manteiga), proteínas (carnes, frango, peixes e ovos - antes dos 10 meses, use apenas a gema), vitaminas e minerais.
As mães tendem a desprezar os carboidratos e as gorduras por acreditar que eles 'só' fornecem calorias. Um engano. As proteínas - importantes no crescimento - são como os tijolos de uma casa, mas os carboidratos e gorduras são a argamassa, fixam os tijolos. Não exclua nenhum grupo. O ideal é equilibrar a alimentação.
Falta de carboidrato, por exemplo, causa desânimo e dor de cabeça. Gorduras ajudam na absorção de algumas vitaminas, mas com a epidemia de obesidade, é preciso maneirar. Asse em vez de fritar, tire a pele das aves.
Se no café-da-manhã ele só tomou leite (proteína) com cereais (carboidratos), significa que estão faltando vitaminas e minerais. Então, no lanche da manhã, ofereça sucos, por exemplo.
A carência desse grupo faz com que a criança se canse com mais facilidade e fique suscetível a doenças.
Falta de vitaminas B1 (fígado, leite, aves, peixes, leguminosas, grãos integrais), B12 (carne, fígado, ovos, leite e derivados), C (limão, laranja, tomate, folhas verdes), ácido fólico (miúdos, folhas verde-escuras, abacate, damasco), ferro, zinco (carnes, grãos integrais, fígado), cobre (grãos integrais, legumes, nozes) e magnésio (cereais integrais, pipoca, germe de trigo) pode levar à falta de apetite.
Respeite o tempo do seu filho: ele é diferente do seu. Reserve um intervalo para que a refeição transcorra sem pressa. Não demonstre irritação ou ansiedade no momento da recusa. A criança deve se sentir confortável e tranqüila no momento da refeição.
Ofereça os alimentos em quantidades pequenas para encorajar a criança a comer. Muitas mães se baseiam no tamanho do prato ou da mamadeira na hora de estimar se o filho está comendo bem. Mas esses utensílios não devem ser usados como referência, pois em sua maioria são feitos por designers, que raramente fazem pesquisas com uma amostragem significativa de crianças. Além do mais, os tamanhos variam conforme a indústria e a época.
Os valores diários de nutrientes para cada faixa etária são úteis para os especialistas como um parâmetro da necessidade média da população. Dificilmente um leigo consegue equacionar todas as necessidades do filho sem causar algum desequilíbrio. Exemplo: se ficar atento só à quantidade de cálcio, acabará se esquecendo do ferro, fósforo, sódio, cobre, etc.
São muitas variáveis! De acordo com especialistas, 30 variedades de alimentos por dia, incluindo azeite, sal e temperos como salsinha, são suficientes para fornecer todos os nutrientes. Em uma sopa de legumes, podem ser incluídos até dez ingredientes. O que também vale para a necessidade calórica, que varia conforme a atividade do bebê. Só para ter uma idéia, veja a média de calorias diárias para cada faixa etária:
- 6 a 12 meses - 900 calorias
- 1 a 3 anos - 1.300
- 4 a 6 anos - 1.800
- 7 a 10 anos - 2.000
Quando chegar a hora de passar do leite para a fruta, apresente as novidades separadamente, para que a criança identifique os sabores. As papinhas devem ser amassadas com o garfo (jamais no liquidificador) para estimular a mastigação. Não se esqueça de condimentos, como azeite, cebola, alho e sal. Um prato bonito e variado estimula o apetite. Se for divertido, mais ainda.
De vez em quando, vale fazer junto com o filho desenhos com a comida, como carinhas, barquinhos, etc. O arroz pode ser misturado com beterraba ou cenoura, ou purê de folhas como almeirão ou agrião cozidos e batidos no liquidificador. Assim os alimentos ficam diferentes e não perdem as vitaminas pelo cozimento. Outra idéia é cozinhar o espinafre e batê-lo junto à massa da panqueca ou do nhoque.
Os salgadinhos do tipo chips e isotônicos têm alto teor de sódio. Em excesso, elevam a pressão arterial. Modere. Para hidratar, prefira água-de-coco ou sucos naturais. Diet ou light não são necessários, a não ser em casos em que há prescrição médica.
Os alimentos integrais, ao contrário dos refinados, mantêm nutrientes importantes para a saúde, como fibras, vitaminas e minerais.
Dizer que só ganha sobremesa quem come todo o prato ensina apenas que a refeição é um meio para chegar a algo realmente desejado. Se você quer afastar seu filho da obesidade, não supervalorize os doces. Caso contrário, você pode estar condicionando seu filho a buscar premiação na comida. Dê-lhe abraços, beijos e muita atenção. Sem açúcar, mas com afeto.
Isadora, 6 anos, tem suas preferências e aversões. Não gosta de alface e tomate, mas adora arroz, feijão, bife, batata e brócolis. Ok. Hoje em dia tem mais paciência à mesa e domina bem o garfo e a faca, conta a mãe, Amanda Cimarys Camargo
Você é quem decide o que comprar e servir aos seus filhos. Apesar dos clamores pelo que é menos nutritivo, quando a criança tiver fome, vai comer o que estiver na geladeira. Evite ter em casa salgadinhos, refrigerantes, chocolates, biscoitos. Quando oferecer, separe uma porção, jamais entregue o pacote inteiro.
Apesar de não haver estudos que relacionem o aparecimento de doenças ao consumo de alimentos não-orgânicos, pois isso depende de vários fatores, entre eles os genéticos, o bom senso recomenda que menos química é melhor. O fato de não conterem agrotóxicos também não os torna a única opção no mercado para quem se preocupa com a saúde, já que uma boa higiene dos vegetais é capaz de retirar quase todos os resíduos. Lavar os morangos com água, por exemplo, elimina 90% do agrotóxico da fruta. É bom colocar os vegetais de molho durante 15 minutos, de preferência no bicarbonato de sódio ou solução clorada.
Se você faz careta para fígado, espinafre, jiló ou qualquer outro alimento, saiba que as chances de o seu filho comer essas coisas são mínimas. Se você come em frente da TV, não espere que o seu filho sente à mesa com prazer! Alimentar não é apenas nutrir. É ensinar a comer, uma relação que vai repercutir para sempre em sua saúde e seu estilo de vida.
Aproxime seu filho dos vegetais. Se tiver um quintal, convide-o a plantar. Pode ser até mesmo em vasos. Na impossibilidade, leve-o à feira ou ao supermercado. Mostre cada alimento e deixe-o escolher.
Fontes: Mauro Fisberg, nutrólogo, autor de Atualização em Obesidade na Infância e Adolescência (Editora Atheneu); nutricionistas Camila Leonel Mendes de Abreu, Cristina Teruko Kariya (Instituto da Criança); Hellen Daniela de Souza Coelho (Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo); Jocelem Mastrodi Salgado, professora da Escola Superior de Agricultura (Esalq/USP) e autora de A Alimentação Que Previne Doenças do Pré-Natal ao 2º Ano de Vida
Orientar os filhos a não aceitarem doces, presentes, ou qualquer outro objeto de estranhos, podendo aceitá-los de conhecidos e parentes, somente com prévio consentimento dos responsáveis.
Manter bom relacionamento com a vizinhança.
Procurar conhecer as pessoas que convivem com seu filho.
Participar ativamente dos eventos envolvendo o seu filho, como aqueles ocorridos em escolas e aniversários.
Ensinar ao seu filho o seu nome completo, endereço e telefone e os nomes dos pais e irmãos.
Não autorizar o seu filho a brincar na rua sem a supervisão de um adulto conhecido.
Evite deixar o seu filho em casa sozinho.
Providenciar a carteira de identidade do seu filho, através do Instituto de Identificação.
Faça com que as pessoas, que necessitam de atenção especial, que vivem sob sua responsabilidade tenham sempre consigo (no bolso ou gravado em uma medalha) seus dados de identificação.
Observe o comportamento do seu filho, ficando atento às possíveis mudanças.
Conheça o tipo sangüíneo e o fator RH da criança.
Seja amigo do seu filho, deixando-o à vontade para confidenciar-lhe os seus problemas ou vitórias.
Não permita a saída de criança com pessoa não autorizada pelos responsáveis.
Observar o ambiente nas proximidades da escola, comunicando qualquer fato suspeito, imediatamente, à Polícia.
Observar, durante o atendimento, o comportamento dos responsáveis pelas crianças e, caso percebam alguma coisa estranha e dificuldades deles em prestar informações sobre o próprio filho, comunicar a suspeita à Polícia.
Registrar os dados do menor ou adulto quando eles derem entrada na instituição. Quando tratar-se de pessos sem identificação ou que, por algum motivo, pareça ser uma pessoa desaparecida entre em contato com a Polícia Civil.
Nos passeios manter-se atento e não descuidar das crianças;
Procurar conversar todos os dias com os filhos, observar a roupa que vestem e se apresentam comportamento diferente;
Fique atento à mudança de comportamento de seu filho, pois isto pode indicar que o mesmo poderá fugir de casa;
Uma boa conversa com seu filho, pode livrar você de momentos de angústia e desespero;
Procurar conhecer todos os amigos do seu filho, onde moram e com quem moram;
Acompanhá-los a escola, na ida e na volta, e avisar o responsável da escola quem irá retirar a criança;
Colocar na criança bilhetes ou cartões de identificação com nome da criança e dos pais, endereço e telefone, orientar a criança quanto ao uso do cartão telefônico, bem como fazer chamadas a cobrar para pelo menos três números de parentes, e avisá-los desta orientação;
Não deixar as crianças com pessoas desconhecidas, nem que seja por um breve período de tempo, pois muitos casos de desaparecimento ocorrem nestas circunstâncias;
Fazer o mais cedo o possível a carteira de identidade no Instituto de Identificação do seu Estado;
Manter em local seguro, trancado e distante do alcance das crianças arma de fogo, facas, qualquer objeto ou produto que possa colocar a vida delas ou outras pessoas em risco;
Orientar as crianças a não se afastar dos pais e fiscalizá-las constantemente;
Ensiná-las a sempre que estiverem em dificuldade a procurar uma viatura policial, ou um policial fardado (PM ou Guarda Municipal), e pedir ajuda;
Evitar lugares com aglomeração de pessoas;
Perdendo a criança de vista, pedir imediatamente ajuda a populares para auxiliar nas buscas e avisar a polícia.
Em primeiro lugar, manter a calma;
Caso esteja sozinho, peça auxilio para que acionem imediatamente a polícia. Não existe prazo para comunicar o desaparecimento, faça-o imediatamente;
Manter alguém no local onde a criança foi vista pela última vez, pois ela poderá retornar ao local;
Deixar alguém no telefone indicado no cartão de identificação da criança, até para centralizar informações;
Avisar amigos e parentes, o mais rápido possível, principalmente os de endereço conhecido da criança, para onde ela possa se dirigir;
Percorrer os locais de preferência da criança;
Ter sempre a mão foto da criança;
Ter sempre em mente a vestimenta da criança para descrevê-la, procurando vesti-la com roupas detalhadas, de fácil visualização e identificação (cores berrantes, desenhos, etc
);
Procurar a Delegacia e Conselho Tutelar e pedir auxílio.
Repressão excessiva, excesso de controle;
Castigos excessivos e exagerados, desproporcionais ao fato. Ex: a criança comete uma pequena falta e leva uma surra;
Desleixo dos pais, a criança sente-se rejeitada e desprezada e foge para chamar a atenção;
Muitas das fugas do lar têm por motivos o mau desempenho escolar, as responsabilidades domésticas que são atribuídas a elas e até mesmo pequenos ofícios, como venda de doces e salgados;
O espírito aventureiro também é um dos grandes responsáveis pela fuga de crianças.
Subtração de incapaz (A criança é raptada para viver em outro lar)
Rapto consensual
Rapto por estranhos
Observar o comportamento de novos vizinhos em relação ao tratamento dispensado ao menores que com eles convivem, comunicando à Polícia qualquer fato suspeito.
Observar, em via pública, o trânsito de menores desacompanhados, idosos e portadores de necessidades especiais, caso apresentem desorientação, possibilidade de extravio ou mesmo dificuldade de expressão, comunique o fato à Polícia para queprestem a devida assistência antes que ocorra o seu paradeiro. O ideal é que você possa levar a pessoa até o posto policial mais próximo.
Comunicar e registrar o desaparecimento do menor ou do adulto imediatamente após constatada a sua ausência, na Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida. Deve-se apresentar fotografia e documentação do ausente, caso existente, para início da busca. Para o menor, é necessária a apresentação da cópia da certidão de nascimento. No entanto, a ausência do documento não impede o registro e a busca.
Caso ocorra o retorno voluntário do desaparecido ao lar, contatar a Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, comunicando o fato.
Ministério da Justiça
www.desaparecidos.mj.gov.br
Crianças desaparecidas em SP
www.policia-civ.sp.gov.br/desap/desap_lista.asp?tipo=1&pagenumber=1
Crianças desaparecidas - RJ
www.fia.rj.gov.br/SOS.htm
Minas Gerais
www.desaparecidos.mg.gov.br
Paraná
www.pr.gov.br/policiacivil/sicride/criancas_desaparecidas.shtml
Rio Grande do Sul
www.desaparecidos.rs.gov.br/
Goiânia-GO
www.goiania.go.gov.br/html/sosdesaparecidas/sos.htm
O número nacional para informações sobre crianças desaparecidas é o Disque 100.
FONTE: SICRIDE E POLÍCIA DE MG, COM ADAPTAÇÕES DO BLOG DIGA NÃO À EROTIZAÇÃO INFANTIL
O trabalho do Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária da Uerj analisou 260 alunos de 10 a 19 anos de uma escola pública no Rio de Janeiro e verificou que 15,6% estavam acima do peso recomendado para a sua faixa etária e 11,7% já poderiam ser consideradas obesos. Nos Estados Unidos, 17% estão nessa situação, embora essa categoria não seja adotada.
"Em uma geração, essa situação já pode estar muito parecida com a dos Estados Unidos", afirma a médica de família Débora Teixeira, uma das autoras do estudo. "Nossos padrões alimentares copiam muito o dos americanos: muito açúcar, muito carboidrato."
No Brasil, uma criança tem excesso de peso quando está acima do percentil 85 da curva de índice de massa corporal ideal (IMC) para a sua faixa etária; para ser considerado obeso, é preciso ultrapassar o percentil 95.
O IMC é calculado pela divisão do peso em quilos pela altura da pessoa ao quadrado. No caso de adultos, uma pessoa é considerada acima do peso quando tem um IMC acima de um número determinado.
Para as crianças, foi desenvolvido um gráfico em curva com base em IMCs de crianças do mundo todo. Dessa forma, o índice é inserido em uma faixa mais flexível do que a tabela utilizada para adultos.
"Se uma criança estiver no percentil 85, significa que ela está acima de 85% das crianças daquela faixa etária. Por isso, ela é considerada acima do peso."
Nos Estados Unidos, o Centro para Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) só considera acima do peso quem estiver no percentil 95.
Mas especialistas como o pediatra Mark Jacobson, da Associação Americana de Pediatria, já consideram a saúde de uma criança comprometida no percentil 85.
Segundo Jacobson, se o cálculo incluísse o percentil 85, no Estado de Nova York, por exemplo, 42% das crianças já poderiam ser consideradas com "excesso de peso". No caso da escola de Vila Isabel analisada pela Uerj, por exemplo, crianças acima do peso e obesas somam 27,3%.
Teixeira diz que o estudo da Uerj retrata uma realidade específica, de uma escola urbana freqüentada por alunos da classe C, mas indica um quadro observado com cada vez mais freqüência no país.
"A gente sabe que o problema está piorando, esse estudo ajuda a gente a ter uma noção se essas pessoas vão melhorar ou não."
O endocrinologista Walmir Coutinho, presidente da Federação Latino-Americana de Sociedades de Obesidade, ressalta que, embora o Brasil esteja atrás dos Estados Unidos, o problema tem piorado tanto que, se nada for feito, o país pode caminhar para uma situação "até mais grave" do que a americana.
"Nós ainda estamos passando por uma mudança, com aumento do acesso a TV, automóvel e telefone. Nos Estados Unidos, eles já passaram por isso há 40 anos."
Jacobson também vê o risco de o Brasil seguir o caminho dos seus compatriotas. "Há semelhanças: as crianças estão mais urbanas, há menos oportunidades para atividades físicas, o fast-food está se disseminando", diz o pediatra, que já fez diversas palestras sobre o assunto no Brasil.
Uma criança obesa não só tem mais chances de se tornar um adulto obeso como aumenta as suas chances de desenvolver doenças como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos.
"É muito assustador porque a quantidade de pessoas que têm já problema de pressão, obesidade, diabetes é muito grande", afirma a médica Maria Inez Padula Anderson, da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e uma das autoras do estudo.
"Isso (o estudo) faz a gente imaginar que a criança vai estar na mesma situação em uma idade anterior", acrescenta.
Além dos problemas físicos, a criança tende a enfrentar problemas de auto-estima que podem dificultar os seus relacionamentos e aprendizado escolar, acrescenta Débora Teixeira.
Com base em estudos recentes que indicam que a obesidade dos pais é o maior fator de risco para uma criança se tornar obesa, as pesquisadoras da Uerj também avaliaram a relação entre a silhueta dos pais e a dos filhos.
De acordo com os resultados, 37,9% dos meninos acima do peso relataram ter pais com esse problema; entre os jovens com peso normal, esse índice foi de 28,7%.
O fato de as crianças que participaram do estudo serem de classe média/classe média baixa também é interpretado pelos pesquisadores como um sinal de que pelo menos hoje no Brasil não é preciso ser rico para comer demais.
Na realidade, segundo Teixeira, a pobreza pode ser "um fator de risco" para a obesidade, já que os alimentos mais baratos hoje em dia são os industrializados, com alto índice de açúcar e gordura.
Para a médica, mais acostumado a debater problemas como a fome e a desnutrição, o Brasil ainda precisa acordar para a complexidade do problema de obesidade.
"A consciência de que a obesidade é uma doença, um problema de saúde grave, é recente, não tem mais de dez, 15 anos", diz a pesquisadora. "O povo brasileiro tem uma preocupação grande com a estética, mas falta compreender o problema do ponto de vista da saúde."
Uma pesquisa feita pela Universidade de Southampton, na Inglaterra, concluiu que corantes e conservantes encontrados em alimentos infantis e refrigerantes podem ser relacionados a hiperatividade e distúrbios de concentração em crianças.
O estudo - encomendado pela Food Standards Agency, a Vigilância Sanitária da Grã-Bretanha, e publicado na revista científica Lancet - oferecia três tipos diferentes de bebidas a um grupo de 300 crianças de três, oito e nove anos de idade.
Uma das bebidas continha uma forte mistura de corantes e conservantes, outra tinha a quantidade média de aditivos que as crianças ingerem por dia, e a última era um placebo, sem nenhum aditivo.
Os níveis de hiperatividade foram medidos antes e depois de as crianças beberem um dos líquidos aleatoriamente.
Coquetel de aditivos
O grupo que ingeriu a mistura A, com alto nível de aditivos, teve "efeitos adversos significativos" em comparação com o que bebeu o placebo.
O pesquisador responsável pelo estudo, Jim Stevenson, defendeu que algumas misturas de corantes artificiais e benzoato de sódio, um conservante usado em sorvetes e doces, estavam ligadas a um aumento de hiperatividade.
"No entanto, os pais não devem achar que é possível prevenir problemas de hiperatividade completamente apenas retirando esses aditivos da comida", explicou ele.
"Sabemos que há muitos outros fatores nessa questão, mas pelo menos este (a ingestão de aditivos) é um que a criança pode evitar."
Hiperatividade
Entre 5% e 10% das crianças em idade escolar sofrem algum tipo de desordem de atenção, com sintomas como impulsividade, dificuldade de concentração e atividade excessiva.
Mais meninos que meninas são diagnosticados com o problema e as crianças afetadas pela condição geralmente tem dificuldades acadêmicas, com um desempenho fraco na escola.
Médicos dizem que fatores como a genética, o nascimento prematuro, o ambiente e a criação também podem ser associados à hiperatividade.
"O ABC deve ser apresentado como um enigma a ser desvendado. Um jogo no qual as peças se encaixam formando a compreensão do todo. E a ilustração é um recurso que deve ser muito explorado". A análise é da escritora e ilustradora Angela Lago, que discutiu a importância da construção da imagem na literatura infantil durante seminário sobre o tema.
Para ela, a imagem encaminha a criança para a leitura do texto e a narrativa passa a ser apropriada a partir da utilização de alguns elementos chave, que partem muitas vezes da própria forma da criança ver o mundo. "Os recursos que as crianças utilizam em seus desenhos são fundamentais para que o escritor e o ilustrador se comuniquem com elas", disse.
Lago pontuou que a criança precisa encontrar nas imagens a expressividade que a ajude a compreender o texto. "O ilustrador precisa se valer de artimanhas para ir além do considerado 'normal'. Ele precisa entender que existem mil possibilidades para se contar uma história", contou, incluindo nessas técnicas a possibilidade de se rebater (virar) a perspectiva, fazer desenhos em "raios-X", modificar proporções, entre outras. "A ilustração não é necessariamente fotográfica, ela é realista de acordo com aquilo que a história propõe", explicou.
Para a ilustradora e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Graça Lima, é preciso ponderar o problema do culto à imagem. "A criança convive o tempo todo com estímulos imagéticos muito voltados ao consumo, à propaganda. Fora que devemos lembrar que as imagens são a Xuxa, Rebeldes, enfim. É preciso entender o que essas crianças estão vendo para entender com o que se relacionam", pontuou.
Para ela não é possível fazer leitores por imposição. Ao invés disso, é preciso realizar um movimento de apropriação do texto, tanto verbal quanto imagético. "Não dá para ensinar sem motivar a paixão por algo. É preciso se apaixonar pela arte", pontuou. A professora retomou a idéia de uma alfabetização visual que seja capaz de dar conta de novas oportunidades de imagem, rompendo com os paradigmas e ícones atuais. "Para isso precisamos cada vez mais pensar na nossa cultura local e quais símbolos traduzem a infância", lembrando da possibilidade de fugir de figuras como os Menudos e apresentadoras de televisão.
Segundo Lima, há ainda a importância de ver a ilustração como algo além do bonitinho. "Há um grande trabalho de pesquisa por trás de cada ilustração. É preciso trazer novas influências e pensar constantemente a imagem, pois só assim estaremos dando uma formação pedagógica do olhar", ponderou.
Lago completou a questão ao insistir que o prazer em ler da criança está justamente na constatação da sua autonomia. "Ela fica orgulhosa quando vai virando as páginas do livro e percebendo que está entendendo a leitura e vai fazendo as relações entre realidade e fantasia. Ela tem consciência da importância dessas relações", observou.
Para Lago, a literatura possibilita esse encontro, trazendo a fantasia como parte integrante do cotidiano. "É a partir daí que a criança faz do livro uma obra de arte ou não. Está nela a beleza de ler", ponderou.
Lago disse que se fosse professora começaria todas as aulas com um conto de fadas. "Eles são a entrada mais linda para a literatura. Prazer rima com saber e quer algo mais divertido que saber sobre si mesmo?", se perguntou, incentivando que as professoras ouçam mais o alunado e que, entre outras inúmeras possibilidades, o trabalho com os contos de fadas e fábulas abre portas e janelas para a apropriação da alteridade. "As histórias, além de muito ricas, permitem inúmeras discussões interessantes", disse.
Para a ilustradora o único problema está no fato de com o passar dos anos as ilustrações perderem espaço nos livros. "A ilustração também pode ser e deve ser apreciada por um adulto", reclamou, concluindo que os desenhos podem ser mais que acessórios do texto, assumindo em si uma linguagem ou uma história paralela.
(Envolverde/Aprendiz)
Não vale manter os filhos na barra da saia e, mais tarde, reclamar que eles não sabem cuidar da própria vida. A independência é construída passo a passo e o cotidiano está cheio de oportunidades para incentivá-la.
Seria ótimo se a autonomia dos filhos acontecesse naturalmente com o passar do tempo. Mas, no fundo, a gente sabe que depende de educação e de um exercício de paciência e coragem dos pais. "Autonomia tem a ver com liberdade, e liberdade é competência", afirma a psicoterapeuta Lidia Aratangy, autora de vários livros, sendo o mais recente Pais Que Educam Filhos Que Educam Pais (Celebris). Em cada fase, a criança desenvolve uma habilidade, novos riscos se apresentam e, com eles, novos treinos - até que ela domine várias competências", explica. Cabe à família estimular o processo, que ocorre por meio de acertos e erros. O mesmo raciocínio vale para o momento de tirar a fralda, andar, comer, guardar os brinquedos, aprender a ler, fazer a lição, tomar banho sozinho e por aí vai, até a hora de alçar vôos maiores.
O valor das conquistas
Cada etapa vencida alimenta a autoconfiança. Leonardo, por exemplo, aos 5 anos se acha o máximo porque toma banho e escova os dentes sozinho. A mãe, a artista plástica Gabriela Galizia, comemora suas façanhas sem nunca abandonar a supervisão. "Para se trocar, Léo sempre embroma. Tem preguiça e fica pelado pulando pelo quarto", revela. Ela insiste porque sabe que ele pode dar conta do recado - a partir dos 2 anos os pequenos já começam a tentar se vestir. Aos 3, alguns, como a irmã de Léo, Catarina, nem precisam mais de ajuda.
O momento de dormir é outro desafio. Como à noite os temores afloram, a maioria reclama a companhia dos pais no quarto ou logo pula para a cama deles. Gabriela combate manhas e medos com um ritual à base de leite quente e histórias. Lidia, a psicoterapeuta, afirma que o segredo é esse mesmo - estabelecer rotinas aconchegantes e combinar antes quantas histórias serão contadas. Para os menorzinhos, ela não condena a chupeta desde que seja usada só à noite. Todos os esforços para que a criança vá se acostumando a dormir sozinha valem a pena, pois, dessa forma, na adolescência terá condições de regular o repouso. "Aí o foco deve ser o cumprimento dos compromissos", define Lidia. "Não interessa se o garoto passou a noite inteira ouvindo música. O importante é que ele não deixe de lado as responsabilidades da manhã seguinte, já que tem idade para arcar com as conseqüências de suas escolhas." Se não consegue, tudo indica que sua educação deixou a desejar e então vai ser necessário reparar o prejuízo.
"A autonomia é um processo, uma construção gradual, da qual muitos pais não têm consciência", diz a especialista. Às vezes o alarme só dispara na puberdade. "Nesse caso, ainda que a mãe reconheça a dependência do filho, com freqüência não percebe que o nó está relacionado ao fato de ela ter feito as lições por ele. Ou ao fato de protegê-lo demais: se ele não queria acordar cedo, ela o vestia e só o acordava na porta da escola para que dormisse mais um pouquinho..." Tais atitudes impedem o crescimento e, sorrateiramente, enviam a mensagem de que ele pode fazer o que bem entender. "É assim que se criam crianças chatas, birrentas e dependentes", alerta Lidia. A educação voltada para a autonomia não significa liberar geral. Ao contrário, a noção de limite é indispensável e, segundo a psicoterapeuta, não é transmitida apenas oralmente, incluindo também intricados códigos de afeto. "Se a criança associar que amar é ouvir sim o tempo todo, está perdida. Reproduzirá esse padrão no futuro, reagindo mal a qualquer tipo de negativa, e não vai adquirir jogo de cintura para negociações." Sua capacidade de tomar decisões acertadas será afetada e terá dificuldade para fazer uma dieta ou recusar drogas, por exemplo, já que nunca experimentou frustrações na infância nem aceitou restrições aos prazeres imediatos.
Liberdade se aprende
As irmãs Marcella, 15 anos, e Beatriz, 13, começaram a freqüentar acampamentos infantis quando estavam respectivamente com 6 e 4 anos. "A Marcella era mais tímida e me preocupava, mas no fim ela ficou eufórica com o troféu de melhor campista do grupo!", conta a mãe, a produtora de eventos Maria Regina Grilli. Propiciar situações em que as crianças terão chance de se virar sem o auxílio familiar é uma ótima pedida - mas dá trabalho.
Antes da aventura, Regina enfrentou uma verdadeira maratona a fim de selecionar uma empresa de confiança. Tudo acertado, as garotas fizeram as malas com a mãe, receberam algumas instruções, como guardar a roupa suja em um saco separado, e partiram. Voltaram felizes e amadurecidas. Há dois anos, novo treinamento, dessa vez para ir à escola de ônibus. "Quem mora em São Paulo tem medo, mas não quero que isso atrapalhe o desenvolvimento delas. Comemorei cada conquista e me sinto pronta para as próximas.
Meu marido fica enciumado desde já, mas eu estou curiosa para conhecer os futuros namorados. Também quero que elas participem de intercâmbios, estudando fora do país durante uma temporada. Confio que estarão preparadas. Desde pequenas, precisam saber que o mundo não é só pai e mãe e que vale a pena conhecê-lo", afirma Regina. Ela mesma não teve essa formação. Única mulher entre dois irmãos, construiu a própria autonomia com luta e amargou sérios embates com a mãe. "Tive que vencer a repressão familiar. Bati a cabeça, mas aprendi muito. Hoje posso apontar algumas trilhas para minhas filhas." Ponto para Regina, porque segundo Lidia, uma criança só admite palpites na sua vida quando o interlocutor demonstra orgulho das próprias escolhas. Só não faz sentido posar de infalível. É mais sincero - e pedagógico - revelar que, às vezes, foi obrigada a corrigir as rotas na vida familiar ou profissional. Assim, ficará mais fácil para todos lidar com as falhas do percurso. Sim, os vôos desastrados dos filhos estão no programa. Marcella, lá pelos 7 anos, foi para a praia com a família de uma amiga e voltou roxa - passaram o dia todo sob o sol e ninguém se lembrou de reaplicar o protetor. Beatriz dormiu na casa de uma colega de escola - os adultos foram deitar e a garotada extrapolou vendo TV até as 4 horas da manhã. Os riscos de tragédia não são tão altos como nos nossos pesadelos, no entanto nunca deixarão de existir. Por isso, quanto mais próximo o acompanhamento dos pais, melhor: é preciso se informar e conversar com os adultos responsáveis pelos filhos no período em que estão longe de casa.
Não somos donas da verdade
"Ao fazer o acompanhamento, porém, fique atenta para não pensar que você é a única capaz de cuidar direito deles", diz Lidia. Eventuais erros - de pais ou filhos - devem ser incorporados à dinâmica e corrigidos. Sem dramas nem culpas. "Só é muito culpado quem se acha poderoso e se dá exagerada importância. Pais que, por sua vez, também aprenderam noções de limite sabem que fazem o que podem, percebem logo que não dá para controlar tudo", conclui. Para Lidia, a ilusão de que o filho é nosso se desfaz a cada dia e, na adolescência, acaba de vez. Portanto, melhor educá-los para a vida. A vida deles.
Crédito: revista Cláudia
Brincar de geografia, brincar de pensar, brincar de criar, brincar de olhar, brincar de colecionar, brincar de sensações e brincar de segredo eram as sete artes do brincar segundo João Guimarães Rosa. Inspirada na vida e na obra do escritor, a arte-educadora Selma Maria resgata brinquedos e brincadeiras do sertão mineiro e encontra na infância e nos personagens de Guimarães Rosa um outro olhar sobre a infância.
Desde criança, Selma Maria gostava de inventar brinquedos. Quando cresceu, virou professora e não largou mais a brincadeira: trabalha como arte-educadora e, desde 1996, há mais de uma década, coleciona tudo que diz respeito a essa atividade que marca o homem para sempre, o brincar.
Foi também por conta desse trabalho que Selma conheceu a obra de um dos maiores escritores brasileiros: João Guimarães Rosa. Em 1956, dez anos antes de Selma nascer, ele lançava a novela Campo Geral, na qual o tema central era a infância de um menino chamado Miguelim. Paixão à primeira vista.
Em 2000, ela seguiu para o sertão rosiano e começou a recolher brinquedos e brincadeiras de vilarejos da região de Cordisburgo, pequena cidade a 120 quilômetros de Belo Horizonte (MG), terra natal de Rosa e onde ele viveu parte de sua infância. Recolheu mais de 200 brinquedos e centenas de brincadeiras, ora presentes no jeito espontâneo das crianças, ora guardados na sabedoria e na memória dos idosos.
Reuniu sabugos que viram bonecas, latas que se transformam em telefone, sementes que passam a ser bois, cabaças que se convertem em piões, caixas que se transmutam em carros, madeiras que se metamorfoseiam em ônibus, cascas de árvore que viram máscaras e mais uma infinidade de cantos e poemas repetidos onde quer que haja crianças brincando.
"Fui encontrando muitas pessoas que poderiam facilmente figurar na obra de Rosa, como o menino Paulinho, de Morro da Garça, que tem 10 anos e é um grande criador de brinquedos, muito talentoso. É um menino quieto, que gosta de conversar com adultos, como Rosa", explica Selma.
No município de Três Marias, em um centenário armazém da zona rural, Selma encontrou um brinquedo cuja genialidade a impressionou: "Sobre o balcão, um trator de madeira feito com restos de pneu e pedaços de material de construção me chamou a atenção."
Resolveu ir atrás de seu criador e encontrou Gecismar, garoto de 10 anos que mora numa casa às margens do Rio De-Janeiro, afluente do São Francisco. "Quando vi, estava bem no local citado em Grande Sertão: Veredas, onde ocorre o primeiro encontro entre os personagens Riobaldo e Diadorim, quando crianças. Coincidência?", indaga Selma.
Os meninos quietos
Enquanto ia mais a fundo em sua pesquisa, foi descobrindo o quanto a infância de João Guimarães Rosa tinha moldado o artista libertário presente em suas obras. Desde criança, adorava armar alçapões apenas para ter o prazer de soltar os pássaros logo em seguida. Outra diversão era colocar formiguinhas em ilhas feitas de pedras, empilhadas em poças de água, só para fazer pontes com gravetos e vê-las atravessar.
Como ele mesmo confidenciou em uma de suas entrevistas, também gostava de "imaginar histórias, poemas, romances, botando todo mundo conhecido como personagem, misturando as melhores coisas vistas e ouvidas". Deu no que deu: o menino Joãozito, como era conhecido na infância, virou João Guimarães Rosa, um dos maiores escritores da literatura brasileira.
Avançando em sua pesquisa, Selma descobriu uma entrevista dada pelo escritor em 1946, na ocasião do lançamento de seu primeiro livro, Sagarana: "Um dia, hei de escrever um pequeno tratado de brinquedos para meninos quietos", disse ao jornalista paraibano Ascendino Leite. Seria, quem sabe, uma forma de entender o universo de crianças que, como ele, preferiam as brincadeiras com mais concentração, silêncio e paciência.
Conta-se que Rosa nunca foi de fazer estripulias, de subir em árvore, de falar muito, mas que se refugiava nos livros, nas histórias dos mais velhos, no brincar quieto nos cantinhos do quintal. Embora a infância seja um tema recorrente em sua obra, o "pequeno tratado" nunca chegou a ser escrito.
No entanto, a frase dita pelo escritor serviu de inspiração para que Selma desenvolvesse um projeto com o tema. A partir de algumas pistas deixadas por Rosa em declarações e em sua própria obra, ela reuniu brinquedos e brincadeiras que diziam respeito a tais "meninos quietos".
Sua idéia e sua coleção de brinquedos tornaram-se então a exposição Meninos Quietos, realizada em 2006, no Sesc Pinheiros, em São Paulo, e também estão se transformando num livro, no qual Selma conta suas experiências ao adentrar o universo infantil do escritor. O lançamento deve ocorrer ainda este ano.
Com base em sua pesquisa, Selma divide o universo rosiano em sete brincares: brincar de geografia, brincar de pensar, brincar de criar, brincar de olhar, brincar de colecionar, brincar de sensações e brincar de segredo.
O brincar de geografia, que tanto encantava o escritor brasileiro, foi levado para a vida toda - cruzaria o sertão como médico rural no interior de Minas Gerais e depois se tornaria diplomata, vivendo em diferentes países.
O brincar de pensar está explícito nas páginas do livro Campo Geral, quando Miguelim sobe nas árvores com seu irmão Dito para observar a vida lá de cima. Em Grande Sertão: Veredas, a narrativa de Riobaldo Tatarana transfigura-se num grande repensar de toda a sua trajetória como jagunço e herói do sertão, em mais de 500 páginas de um monólogo intenso, repleto de grandes reflexões.
No terceiro, brincar de criar, tal como um menino que inventa brinquedos juntando pedaços de coisas sem valor, temos Rosa como um grande criador de palavras, que fez do neologismo uma arma poderosa na renovação da própria língua e no nascimento de um idioma próprio. Já o quarto brincar traz o olhar atento do menino de Cordisburgo, que se tornaria um escritor capaz de descrever cada lugar, cada pessoa com minúcias que impressionam até os mais vorazes leitores.
O quinto brincar resgata o Joãozito que gostava de colecionar insetos em caixas de papelão, pregando-os delicadamente com alfinetes de costura e decorando seus nomes. "Há quem diga que, já nessa época, sabia de cor o nome científico de cada bichinho guardado", completa Selma. O brincar de sensações aflora em cada descoberta de Miguelim, de seu irmão Dito, de sua irmã Drelina e de tantos outros personagens que cruzam as veredas do sertão rosiano.
Por fim, estão os segredos, tão presentes nas narrativas de Guimarães Rosa e que tiveram o seu ápice em Grande Sertão: Veredas, no qual reside o grande mistério de Diadorim, o segredo maior de sua vida, que se revela apenas nas últimas páginas do livro. Aliás, um segredo que não se deve contar, para que você também entre nessa grande brincadeira.
Histórias do velho Rosa
João Guimarães Rosa nasceu em 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, Minas Gerais. Foi ali que também nasceu seu prazer por ouvir e contar histórias. O menino Joãozito vivia na venda de seu pai, Florduardo Pinto Rosa, sempre a ouvir histórias dos tropeiros que por ali passavam. O fato é que Joãozito se tornou um grande contador de histórias e um exímio artesão da palavra.
Em 1946, aos 38 anos, lança o seu primeiro livro - Sagarana que, por muitos, é aclamado como uma das mais importantes obras surgidas na segunda metade do século 20. Em 1956, publica duas grandes obras: em janeiro, Corpo de Baile (que mais tarde seria dividido em três volumes: Manuelzão e Miguelim, No Urubuquaquá, no Pinhém, e Noites do Sertão), e Grande Sertão: Veredas, em maio.
Em 1962, lança Primeiras Estórias, uma união de contos que fascina críticos e público. Narrativas como "A Terceira Margem do Rio" e "Soroco sua Mãe sua Filha" ganham projeção mundial e traduções em vários idiomas. Em 1967, publica Tutaméia, seu último livro ainda em vida.
Nessa ocasião, a sua paixão por idiomas chega a extremos - contase que ele tinha fluência em português, espanhol, francês, inglês, alemão e italiano, além de bons conhecimentos de latim, grego, sueco, dinamarquês, servo-croata, russo, húngaro, persa, chinês, japonês, hindu, árabe e malaio.
Místico e muito religioso, Rosa acumulou uma série de histórias acerca de sua personalidade. Uma delas diz que a paixão por idiomas o teria levado a seguir alguns ciganos para aprender o idioma deles. Nessa oportunidade, uma cigana teria lhe dito que morreria assim que alcançasse algo que desejava muito. Verdade ou mera invencionice, o fato é que no dia 16 de novembro toma posse da Academia Brasileira de Letras. No dia 19 do mesmo mês, falece vítima de um enfarto no escritório de sua casa, enquanto escrevia.
Após a sua morte, ainda são lançados Estas Estórias e Ave, Palavra, que reúne contos e outros textos publicados pelo escritor na imprensa, ainda em vida, além de algumas narrativas inéditas.
Serviço Mais informações sobre o projeto "Meninos Quietos": Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. Telefone (11) 5181 3497, com Selma Maria.
Revista Planeta
Fui ao salão do livro encontrar Walcyr Carrasco há algum tempo, além de gentilíssimo me presenteou com seu delicado "Meus dois pais", comprei os outros dois, sua delicadeza foi além, deu seu autógrafo com uma dedicatória linda, carinhosa e pessoal…
Walcyr fala comigo sempre via Twitter, demonstra a todos ser uma pessoa sensível e pessoal. Apesar de ser um novelista famoso, não deixa de ser extremamente simples e próxima ao seu público. Gosta de debates e um bom papo, por isso me aproximei. Já nos conhecíamos desde 2005 do Orkut, onde debatíamos cada capítulo de "Xica da Silva" que foi reapresentada na época no SBT, da extinta Manchete. Ele não se recorda, mas eu sim, de sua proximidade e atenção, não posso deixar de ser grata.
Li os títulos na viagem de volta para casa.
Percebi a sutileza como foi tratado cada tema de cada livro, e indico a leitura, acredito que inclusive, apesar de serem livros de leitura, possam ser utilizados como material extra-classe, em projetos paralelos ligados à Ética, Cidadania, Moral, esses tipos de questões são geradoras de problemáticas ricas e debates que devem ser travados e não fugidos na Escola.
Portanto, fica a dica de leitura para seus filhos e alunos.
Walcyr Carrasco (@WalcyrCarrasco) é novelista da Rede Globo de Televisão, está hoje na Bienal como curador do evento, em diversas atividades, além de estar escrevendo a próxima novela das 19 h, é autor de diversas peças de teatro e membro da APL (Academia Paulista de Letras).
Nada melhor que um bom diálogo entre pais e filhos para decidir até quando a data pode ser festejada. Geralmente, os pequenos gostam de ganhar presentes neste dia até os 12 anos. Depois, eles ainda desejam ser presenteados, mas sem comemorar a data. Isso, porém, não é regra e depende muito da personalidade da criança.
O mais importante é ensinar aos filhos que o Dia das Crianças não está intimamente relacionado com presentes. E, sim, é um dia especial em que os pais se dispõem a brincar e a dedicar tempo e atenção aos baixinhos. O momento é uma excelente oportunidade para fortificar a união da família e reafirmar os valores e a amizade entre os membros. Esse contato ajuda a evitar problemas futuros e até mesmo comportamentos compulsivos na vida adulta. Portanto, data deve ser preparada com carinho e amor para que a criança não esqueça jamais.
E quando a criança pede um presente inapropriado para sua idade?
Como dizer não a um pedido inadequado do seu filho? O ideal é sempre falar a verdade. Se o presente não for recomendado para idade dele, explique isso claramente e diga que o brinquedo ficará para mais tarde. Caso o problema seja a falta de condições financeiras para comprá-lo, não faça dívidas apenas para agradar a criança. Essa é uma ótima oportunidade de ensiná-la a lidar com as frustrações e a criar uma relação de responsabilidade com o dinheiro. O importante é ser firme e direta em suas colocações. Assim:
. Ouça o desejo do seu filho e respeite os argumentos dele.
. Diga que o compreende. Em seguida, explique os motivos pelos quais discorda do pedido. E nada de dar o braço a torcer, ok?
. Ao terminar, sugira opções de presente para que ele escolha.
Fonte: M de Mulher
A infância é um período fascinante de descobertas contínuas. É uma época em que qualquer informação é recebida como novidade, desde as mais simples, como a chuva que cai do céu, até as mais complexas, que envolvem assuntos como amor, sexo e morte. E não é à toa que é chamada de “fase dos porquês”. Conforme as crianças crescem, as dúvidas aparecem – e os pais frequentemente são pegos de surpresa por questionamentos curiosos que podem deixá-los perdidos num primeiro momento. Pensando nisso, selecionamos aqui algumas perguntas delicadas e consultamos especialistas para ajudar você a se sair bem de cada uma delas.
Como os bebês nascem?
O sexo está, para a maioria das pessoas, no topo da lista de assuntos constrangedores para abordar dentro de casa. Mas não deveria ser assim. Se o tema for tratado como tabu desde cedo, a criança pode crescer com problemas em relação a ele e não se sentir confortável para conversar com os pais na adolescência, quando começar a ter contato com relacionamentos. Conte, então, como funciona a gravidez de maneira simplificada. Se tiver muita dificuldade, vale um “não sei como te explicar, mas sua tia sabe” ou “vou comprar um livro para ajudar a gente”.
Mulheres não têm pipi?
Aqui a dica é a mesma da pergunta anterior. Não há motivos para desconversar nem para tratar a questão de maneira dramática. Explique as diferenças entre homem e mulher sem causar constrangimentos, assim seu filho terá mais facilidade para entender, posteriormente, outros assuntos relacionados aos gêneros e à sexualidade.
O que é ser gay?
Regra geral: se você demonstrar qualquer tipo de preconceito na frente da criança, ela vai herdar esses valores e se tornar uma pessoa com dificuldade em conviver com outras. Conte que, apesar de diferentes, todos são iguais, e que o amor é importante e deve ser respeitado em todas as suas formas. Fale também que existem diversos tipos de família e não há problema algum nisso. O tema da homossexualidade, inclusive, é abordado cada vez mais naturalmente dentro das escolas brasileiras, e as crianças costumam ter facilidade em entendê-lo.
Por que as pessoas morrem?
Por mais complicada que seja a questão, existe uma resposta básica: a morte faz parte da vida. Afinal, se ninguém morresse, o planeta não aguentaria! Mas a pergunta é delicada, em especial, porque costuma aparecer quando a criança entra em contato com a morte de algum parente ou animal de estimação. Nessas ocasiões, mostre compaixão por sua tristeza, mas ensine-a a não ficar pensando muito naquilo. A certeza da morte é, no fim das contas, mais um motivo para valorizarmos os nossos dias.
Quem é Deus?
Cada um tem uma crença diferente, o que torna esse questionamento um pouco mais pessoal que os outros. De modo geral, passe para seu filho uma versão mais simples daquilo que você acredita que pode ser melhor para ele. Parênteses: explique a sua visão de Deus, mas deixe claro também que cada um pode lidar com o tema de uma maneira. Ele deve entender, mais uma vez, que as pessoas são diferentes e devem ser respeitadas por isso.
Por que o papai (ou a mamãe) não mora com a gente?
Em caso de separação dos pais, a sinceridade é a dica principal. A criança vê o que está acontecendo no dia a dia, pois é uma situação em que geralmente acontecem conflitos, então não adianta inventar nenhuma história. Explique que vocês se separaram porque não conseguem mais manter um relacionamento, mas deixe claro que os dois sempre vão amá-la da mesma maneira. Outra coisa importante de ressaltar é que a separação não aconteceu por culpa dela, a reação mais comum da criança.
Por que você está chorando?
Os filhos veem os pais como uma espécie de fortaleza inabalável. Passar segurança e maturidade é, sim, importante nessa relação, mas as crianças têm que entender que os adultos também são humanos sensíveis. Se o seu filho flagrar você chorando, não disfarce. Não precisa explicar o problema (que pode ser algo com o que ele ainda não consegue lidar) nem transferir suas angústias, mas conte que você também fica triste de vez em quando. Assim ele vai entender até mesmo que o carinho dele pode ajudá-lo.
Por que existem pessoas más no mundo?
Seja pelos meios de comunicação, seja pelo contato com os outros, a criança percebe, com o passar do tempo, que algumas pessoas não são tão legais como as que ela convive. O que você pode fazer é dizer que todos cometem erros, mas que toda atitude tem uma consequência. Explique que a pessoa que praticou aquele crime mostrado no telejornal, por exemplo, será presa e terá que pagar pelo que fez. Isso é importante para quebrar a sua visão maniqueísta do mundo e mostrar que a vida é feita de escolhas.
Dicas gerais
1. Nunca fuja de nenhuma pergunta nem repreenda seu filho por tê-la feito. Lembre-se de que crianças saudáveis são crianças curiosas! Os questionamentos farão com que ele aprenda e se desenvolva cada vez mais.
2. Entenda por que seu filho está com aquela dúvida. Pergunte onde e quem falou sobre aquilo com ele. Assim você vai saber melhor o que ele está pensando e qual tipo de resposta ele quer.
3. Responda sempre da forma mais singela possível, respeitando a idade da criança. Se ela perguntar de onde vem a chuva, por exemplo, pode ser que fique satisfeita apenas com “do céu”. Você não precisa explicar, naquele momento, todo o processo de condensação da água se não for necessário.
Fontes: Cecília Zylberstain, psicóloga, psicodramatista e psicoterapeuta; Maria Helena Vilela, terapeuta e diretora do Instituto Kaplan; Vera Nunes, psicóloga e ludoterapeuta; Fabrício Carpinejar, escritor e poeta; Marcelo Bueno, educador
Crédito: Revista Crescer
Cuidar de si mesmo é algo que deve ser ensinado no dia a dia, com exemplos e incentivo para fazer seu filho ajudar em casa.
Quando nascem, nossos filhos dependem da gente para fazer tudo o que precisam para sobreviver: da alimentação à higiene. Conforme eles vão crescendo, vamos ensinando-os a se virarem sozinhos, embora nosso instinto de querer cuidar de tudo o tempo todo fale mais alto.
Aos poucos, precisamos ensinar aos pequenos uma habilidade que garantirá sua sobrevivência: autonomia. E isso é uma atidude que parte deles. Repare em como os bebês que já têm um certo controle sobre si tentam comer sozinhos, pegar e passar a pomada, imitam certos comportamentos nossos. Não buscar essa independência é sinal de que algo não vai bem.
Quando já conseguem ter controle sobre si mesmos é que a vida da mãe vira uma loucura: a vontade de querer fazer tudo sozinho, faz com que nossos filhos de 4, 5 anos se pareçam como mini-adolescentes. Minha experiência de mãe e meus breves conhecimentos em psicopedagogia dizem que isso é só uma febre que deve ser controlada com o pulso dos pais, para que não se transformem em pequenos tiranos: independência e autonomia, sim; autoritarismo infantil, não.
Assim que a criança sai das fraldas, e sai oficialmente do posto de bebê, algumas tarefas do dia a diapodem ser ensinadas (e até exigidas) para que ela aprenda a se virar no dia a dia. Guardar seus próprios brinquedos, aprender a tirar e por a própria roupa, colocar a roupa suja do cesto, comer sem o auxílio dos adultos, aprender a usar o copo são algumas das habilidades a ser ensinadas.
Por volta dos 3, 4 anos, já podemos pedir para a criança por guardanapos na mesa, trocar o rolo de papel higiênico, separar seus brinquedos por categoria, escolher as próprias roupas.
Com 5, nossos pequenos já podem por a mesa, levar o prato à pia, colocar a roupa na máquina, tirar pó.
E conforme a criança a vai assimilando e incorporando cada tarefa ao seu dia a dia, podemos ir dandoatividades mais complexas. Que criança não fica feliz quando a mãe lhe diz que já que ela aprendeu a por a toalha na mesa sozinha e agora também pode por os pratos?
A única desvantagem disso tudo é lidar com as vontades: seu filho vai fazer bagunça, vai querer arrumar a mesa do jantar à 15h da tarde, vai zonear o guarda-roupa e sair com as vestes sem nenhuma combinação. Aí é que a gente entra: botando limite, explicando o porque aquilo não está bom. Refazer, corrigir e criticar tudo também já é anulador demais, porque aí não há incentivo que resista.
Além disso, precisamos estar atentos aos riscos de algumas atividades. Com o tempo eles vão querer mexer com fogo, facas, água, cuidar dos irmãos menores. E isso não deve ser proibido, mas, dependendo da idade, a criança pode se aventurar com os perigos, desde que rigorosamente supervisionada por um adulto.
Se seu filho não se animar, um prêmio pode dar um jeito. Uma tabela com metas a serem cumpridas em troca de um passeio ou presente ajuda. E as punições devem existir se a criança não estiver cumprindo com seu dever. Não guardou seus brinquedos, não tem TV, por exemplo.
Vamos combinar que é tudo muito lindo na teoria, e a prática pode dar certo! Basta um pouquinho daquele líquido raro encontrado na fontes mais profundas da maternidade: paciência. Com ela, acho que teremos adolescentes mais compreensivos e participativos dentro de casa. Só o tempo virá com a resposta.
Fonte: http://diiirce.com.br
Segundo estudo publicado no periódico americano "Journal of Consumer Research", as crianças que recebem mais recompensas materiais de seus pais tornam-se mais materialistas quando adultos. Para Marsha L. Richins, da Universidade de Missouri, e Lan Nguyen Chaplin, da Universidade de Illinois, autoras do estudo, usar bens materiais para expressar amor ou recompensar a criança por suas realizações afeta negativamente a educação.
As pesquisadoras entrevistaram 701 adultos para medir o efeito dos presentes que receberam na infância. Os participantes do estudo descreveram a vida atual, seus valores e informaram uma série de fatos sobre a criação que receberam, como a relação que tinham com os pais, além de as recompensas e punições recebidas durante três épocas críticas da infância –quando tinham três, sete e dez anos.
O estudo revelou que os adultos que tinham recebido mais recompensas materiais e punições quando crianças eram mais propensos a usarem seus bens materiais e posses para definir e expressar quem eram.
As autoras do estudo concluíram que, ainda que os pais não queiram que os filhos tornem-se materialistas, ao expressarem o amor apenas com presentes, eles acabam sendo um modelo ruim para os mais novos.
Fonte: http://mulher.uol.com.br
Mãe de três meninos e de uma menina, a americana Jackie Goldschneider deu um depoimento ao Huffington Post que abriu espaço para uma importante discussão. Ela compartilhou com os leitores porquê ensina sua filha a revidar. Isso mesmo: ela acha importante não só ensinar a pequena a bater de volta nos irmãos, como ainda incentiva essa ação. “Ela precisa saber que ela é forte, ela precisa saber que ninguém pode colocar as mãos nela, ela precisa confiar em si mesma”, diz Jackie.
Mas além da questão de mostrar à filha, menina, que ela deve bater de volta nos irmãos, meninos, esse relato levou muitos pais a se questionarem. Afinal, deve-se ou não incentivar as crianças a revidar?
Para diversas famílias, ensinar os filhos na base do “toma lá, dá cá” é importante para que eles saibam se defender – seja na escola, em casa ou em outras situações da vida. Mas é sempre interessante lembrar que esse “saber se defender” durante a infância não precisa estar relacionado, necessariamente, à agressão física. “Gosto da ideia da criança se defender usando uma voz firme, falando bravo mesmo, evitando agressões até (muitas conseguem isso!) e se mantendo dentro do que acreditam. Bater porque o outro bate não é realmente fazer uma escolha e, muitas vezes, a pressão dos pais se torna maior do que a situação em si”, explica a psicóloga infantil Daniella Freixo de Faria.
Portanto, e principalmente para quem tem mais de um filho, esse é um aprendizado que começa em casa. Como os pequenos ainda estão desenvolvendo a percepção do outro – aprendendo a conviver, compartilhar, esperar, respeitar… – é preciso que os pais prestem atenção à sua própria postura quando os conflitos entre as crianças surgirem. “Isso é muito importante, pois as crianças podem entrar em grande competição em nome de terem razão perante pai ou mãe, quando esses funcionam como juízes de conflitos”, diz Daniella.
Mas, então, o que fazer já que elas ainda não conseguem lidar sozinhas com momentos de disputa? “Gosto muito da postura do adulto que facilita a comunicação, que ajuda a criança a expandir sua percepção do outro. É interessante que o adulto não dê razão a ninguém, apenas ajude os filhos a nomear o que não gostaram e garanta que ambos se escutem de fato. Isso feito, podemos perceber que a necessidade de agressão física diminui até parar por completo, pois as crianças desenvolvem uma capacidade de comunicar o que as desagrada. Fazer o ato de agressão parar é sempre o melhor caminho, até com a aplicação de consequências, se for o caso”, alerta a psicóloga.
Por outro lado, a grande questão que parece preocupar mais os pais é a agressão dos colegas na escola. Quando um filho volta com um roxo no braço ou um machucado no rosto, às vezes é mesmo difícil ir além do “bateu, levou”, mas há outros caminhos que valem ser percorridos. “As escolas normalmente são muito parceiras nesse processo. Em geral, há muita provocação envolvida em casos assim e o ponto é que uma das crianças estoura e parte para a agressão física. Acontece entre os pequenos que até se gostam bastante, mas têm dificuldade para aceitar momentos de frustração nas negociações entre eles”, afirma Daniella. Mais uma vez, cabe o conselho de ensinar os pequenos a manter uma postura firme e, claro, estabelecer uma parceria com a escola, com o objetivo de facilitar as negociações entre esses baixinhos.
A ideia, de forma alguma, é criar filhos que aceitem agressões gratuitas e não reajam; a questão é ensiná-los a se defender sem partir para o ato físico. “Aprender a perceber suas emoções, expressar o que não gosta, falar firme quando necessário, pedir ajuda quando precisar e nunca se submeter a uma situação desconfortável é uma saída possível dentro do caminho respeitoso e construtivo da educação”, finaliza a especialista.
Uma pesquisa americana de sete anos, feita com mais de 1.000 crianças, sugere que, ao contrário do que se pensava, mães com empregos de tempo integral não prejudicam o desenvolvimento de seus filhos
Há seis anos, quando nasceu Mateus, primogênito da vendedora carioca Vanessa Moura, de 29 anos, ela resolveu ficar em casa. Durante os primeiros dois anos de vida do menino, largou o trabalho e se dedicou apenas a ele. Com Lucas, o segundo, que agora tem 10 meses, a história não se repetiu. Em janeiro deste ano, antes que ele completasse 4 meses, a mãe voltou à loja onde trabalha, num shopping da Zona Sul do Rio de Janeiro. A rotina é agitada: das 9 às 16 horas todos os dias, com o horário se estendendo até as 22 horas no período próximo às grandes datas comerciais, além de todos os sábados e de domingos alternados. Vanessa sente culpa. “É ruim saber que não estou podendo dar ao Lucas a mesma atenção que dei ao Mateus”, diz. Quem toma conta do bebê é a avó paterna, mas logo ele deverá ir para a creche. Nas folgas, a vendedora tenta compensar o tempo perdido dedicando a maior parte de sua atenção ao caçula. “Apesar da saudade e do remorso, admito que gosto de trabalhar”, afirma ela. “Quando fiquei em casa com meu filho mais velho, me sentia entediada sem as relações sociais fora de casa. A verdade é que ser mãe e trabalhar significa estar sempre dividida.”
Uma pesquisa divulgada na semana passada pode aliviar o sentimento de culpa de Vanessa. De acordo com um estudo da Universidade Colúmbia, de Nova York, divulgado na semana passada, o trabalho materno no primeiro ano de vida da criança não afeta significativamente seu desenvolvimento emocional ou sua capacidade de aprendizado no futuro. Três pesquisadores acompanharam 1.000 crianças em várias regiões do país por sete anos. Além do tempo e do universo pesquisado, o trunfo do estudo foi dar peso a aspectos que não foram considerados em avaliações anteriores, cujo resultado foi sempre negativo para o trabalho materno.
Desta vez, foram considerados o tipo de cuidado que a criança recebe na ausência da mãe, o ambiente familiar, as consequências de um orçamento maior na casa e o que o estudo chama de disponibilidade materna – o estado de espírito da mãe combinado à qualidade da atenção que ela dá ao filho quando estão juntos. O trabalho materno, concluíram os pesquisadores, tem desvantagens, mas também vantagens. Quando elas são consideradas em conjunto, o resultado é claro: mesmo quando a mãe trabalha em tempo integral, o desenvolvimento geral da criança não é comprometido. No Brasil, 76% das mulheres trabalham fora – e 43% delas são chefes de família.
No caso de Vanessa, seu salário garante uma renda familiar maior. Isso significa alimentação mais rica, conforto adicional, passeios nos fins de semana e viagens eventuais. Enquanto os pais trabalham, Lucas e Mateus ficam com a avó, que cuida também de outros dois netos, maiores. Vanessa elogia a sogra. “Ela sabe tudo de criança e brinca muito com eles. A própria convivência com os primos estimula o Lucas”, diz. Além disso, a independência financeira da mãe de Mateus e Lucas equilibra sua relação com o marido, que é comerciante e garante a maior renda da casa. O tempo ao lado dos filhos, por ser curto, ganha mais prazer e paciência, ela diz. “É raro eu descontar o estresse do trabalho neles. São momentos especiais.” Esse contexto equilibrado da vida de Vanessa pode, de acordo com a pesquisa da Colúmbia, compensar o convívio restrito com seu bebê.
Estudiosos do desenvolvimento dos bebês dizem que a pesquisa da Colúmbia é bem-vinda, por ajudar a inserir um novo cenário na questão da maternidade. “O trabalho da mãe não pode ser a única variável para medir o desempenho futuro da criança”, diz a psicanalista Isabel Kahn, professora da Universidade de São Paulo (USP) e vice-presidente da Associação de Estudos sobre o Bebê (Abebê).
Na semana passada, o Senado brasileiro aprovou a lei que torna obrigatória a licença-maternidade de seis meses. De acordo com o projeto, que ainda vai passar pela Câmara, os dois meses adicionais em relação à lei antiga passam a ser obrigatórios também para a iniciativa privada – para quem os dois meses adicionais eram facultativos. O principal argumento dos defensores da licença-maternidade de seis meses é a saúde do bebê: o aleitamento materno prolongado nutre melhor a criança e a protege de doenças. Não se trata de uma preocupação com o desenvolvimento intelectual e emocional da criança. A psicóloga Clotilde Rossetti-Ferreira, presidente do Centro de Investigação sobre Desenvolvimento e Educação Infantil da USP, é a favor da ampliação da licença. “A ausência da mãe trabalhadora pode ser compensada por várias coisas, mas existe um momento em que não se podem substituir os benefícios maternos: o aleitamento.” O risco é que a legislação protetora prejudique as mulheres no mercado de trabalho.
Embora enfatizem que o trabalho de tempo integral no primeiro ano de vida não atrapalha o desenvolvimento posterior da criança, os autores do estudo americano reconhecem que há risco de “perdas cognitivas suaves”. Em oito medidas de evolução de aprendizado tomadas entre os 3 e os 7 anos, as crianças de mães que trabalham fora o dia todo ficaram atrás em quatro delas. A defasagem é pequena, compensada por outros fatores, mas existe. A situação ideal, dizem os especialistas, é que a mãe trabalhe meio período no primeiro ano de vida do bebê – um ideal difícil de alcançar.
A enfermeira Melina Alves conseguiu um acordo no hospital em que trabalha para ficar com o filho até ele completar 6 meses. Hoje, Gustavo, de 1 ano e 4 meses, fica com sua avó materna enquanto a mãe trabalha. Melina é mãe solteira. “Quando se é mãe e pai ao mesmo tempo, a culpa é ainda maior”, afirma Melina. Abdicar do trabalho nunca foi uma opção. Seu dia a dia inclui plantões de 24 horas no hospital e outros em um posto de saúde.
A ênfase na qualidade do tempo passado com os filhos andava em baixa desde os anos 1980. Naquela época, quando a mulher entrou em massa no mercado de trabalho, as pesquisas sugeriam que o tempo com os filhos era menos importante do que a qualidade da troca afetiva. Foi a senha para as mulheres se dedicarem a suas carreiras. Nos anos 1990, porém, os estudos se voltaram para o outro lado. Métodos de avaliação do desenvolvimento cognitivo infantil – a capacidade da criança de aprender, memorizar e se relacionar com as pessoas e com o mundo – sugeriam que, longe da mãe, elas não alcançavam o mesmo desempenho. Trabalhar sem prejuízo para o bebê só depois dos 4 anos, afirmavam. A pressão sobre o trabalho “precoce” das mulheres que tinham filhos continuou até recentemente.
A pesquisa divulgada na semana passada confirma trabalhos que vinham sendo apresentados ao longo desta década. Em 2005, um estudo da Universidade do Texas já levava em conta a personalidade da mãe, a qualidade da paternidade e o ambiente familiar geral ao analisar o desenvolvimento da criança cuja mãe trabalha fora. Concluiu que a existência ou não de prejuízo dependia de todos esses fatores. Desta vez, o estudo da Colúmbia foi feito com 900 crianças de famílias brancas (não hispânicas) e apenas 113 crianças de famílias negras. O resultado, dizem os especialistas, aponta para a realidade da classe média – um universo social no qual o trabalho está mais relacionado ao prazer e à realização da mulher. A satisfação da mãe, diz o estudo, é influência importante na qualidade de seu relacionamento com o filho. Sempre se soube disso. Agora ficou mais claro.
OS RESULTADOS
Bebês cujas mães trabalham durante seu primeiro ano de vida em meio período não apresentam diferenças de desenvolvimento cognitivo ou emocional em relação aos bebês de mães que não trabalham.
Bebês cujas mães trabalham em tempo integral durante seu primeiro ano de vida correm risco de apresentar diferenças de desenvolvimento pequenas em relação aos bebês de mães que não trabalham ou que trabalham em meio período.
Os pesquisadores acreditam que essa defasagem é compensada por fatores como:
Trabalho materno no segundo e terceiro ano de vida já não afeta o desenvolvimento da criança.
A tendendo a pedidos, levo meu filho de quatro anos para sua cama e fico lá deitada até que ele adormeça. Por mais que o banho seja recente, o menininho sua horrores, sobretudo ao adormecer, e logo tem a face e o pescoço encharcados. O sabonete não resiste e é rapidamente sobrepujado pelo cheiro natural do meu filho, que eu acho... absoluta e deliciosamente inebriante. Afundo meu nariz em seu cangotinho adormecido e penso que poderia ficar lá para sempre, desfrutando da sensação de conforto, paz e completude que o cheiro do meu filho suado a milímetros do meu nariz me dá. Passo na cama ao lado e constato que o cheiro da testa suada de minha filha tem igual efeito sobre mim.
O mesmo cheiro não funciona para todo mundo, é claro - e a idéia é justamente essa. O sistema que lida com cheiros no cérebro da mãe é modificado no parto, quando o bulbo olfatório aprende a dar atenção especial à combinação específica de moléculas desprendidas pelo filho. Como essas moléculas incluem peptídeos indicadores de nossa identidade genômica, o cheiro de uma criança pode ser considerado uma forma de análise genética feita pelo nariz da mãe, que identifica aquela criança como sua. O cérebro da criança faz o mesmo, aprendendo a responder de forma especial aos cheiros da mãe - e, assim, tem início no parto o romance mais forte que se conhece: a relação amorosa entre mãe e filho.
A informação é passada à amígdala do cérebro, que dá início a um conjunto todo especial de respostas fisiológicas e comportamentais que são a base dos efeitos sociais do cheiro de um filho. Parte desses efeitos sociais envolve a ativação do sistema de recompensa, que associa àquele cheiro particular uma sensação ímpar de prazer que, quando evocada por antecipação, serve como motivação para fazermos o necessário para estarmos na presença daquele cheiro de novo -ou seja, de nossos filhos.
O valor do cheiro das crianças para a formação de elos afetivos, porém, não é exclusivo às mães e pode ser desenvolvido também por quem não as deu à luz pessoalmente, mas se afeiçoa às crianças assim mesmo. Como parte de minhas investigações informais, ligo para meu pai e interrompo seu trabalho com uma pergunta meio insólita: o cheiro dos seus netos suados é para ele: a) neutro, b) maravilhoso ou c) fedido? Ele ri e responde na lata, enfático: "É absolutamente delicioso..."
SUZANA HERCULANO-HOUZEL, neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro "Fique de bem com o seu cérebro" (Editora Sextante) e do site O Cérebro Nosso de Cada Dia (www.cerebronosso.bio.br).
Se você ainda acredita em sacrifícios incondicionais, é bom descer logo desse altar. Quem faz apenas o possível respira mais aliviada - e cria filhos mais felizes.
Não, doutor Freud não tinha razão quando dizia que somos "por natureza" masoquistas. Não somos capazes de encontrar prazer na dedicação absoluta aos filhos, consagrando todas as horas do dia a limpar, aquecer, distrair, alimentar e fazer dormir. Hoje sabemos disso, mas, algumas gerações atrás, as mulheres descontentes com esse esquema eram tachadas de "anormais".
Como foi ficando cada vez mais difícil corresponder aos modelos de perfeição ou de "normalidade", a raiva tomou conta de muitas de nós. Mas senti-la provocava mais culpa. Não é à toa que às vezes sucumbimos, odiando os filhos e a nós mesmas por não sermos um exemplo de benevolência - ao contrário, não raro perdemos a paciência por problemas prosaicos, que nos testam todo dia.
O maior desafio da mulher ainda é conseguir aceitar os próprios limites. "O que sempre dificultou nossa vida foi o fato de termos assumido muitos papéis", frisa a psicoterapeuta junguiana Lucia Rosenberg. "Como esses papéis são muito recentes, a culpa nos acompanha no horário comercial e nas happy hours. Pelos padrões seculares, deveríamos estar vendo a lição ou assando bolo..."
Mas nós mudamos e, graças às feministas, que chamaram o instinto materno de "enorme pilhéria", pudemos respirar mais aliviadas, reconhecendo que o amor de mãe é apenas um sentimento humano e, como todo sentimento, incerto, frágil e imperfeito. Ah, que alívio poder existir fora da fôrma, desenvolvendo relações mais transparentes com nossos filhos, sujeitas a altos e baixos, como todo vínculo humano honesto e verdadeiro.
Foi assim que conseguimos virar a página e deixar de viver a maternidade como obrigação, sabendo que não há comportamento materno suficientemente unificado que permita falar de instinto ou atitude universal. "As mulheres que se recusam a sacrificar ambições e desejos ao maior bem-estar do filho são demasiado numerosas para ser classificadas como exceções patológicas que confirmariam a regra", diz a escritora francesa Elisabeth Badinter em seu livro Um Amor Conquistado: o Mito do Amor Materno (Nova Fronteira), em que joga a pá de cal definitiva sobre a idéia da mulher "anormal", ou seja, aquela que escapa ao molde da santa senhora.
Desdobráveis, sim, heroínas, não Claro que algumas de nós conseguem desempenhar com certo talento e sem muito stress a dupla jornada de trabalho. Afinal, a maternidade é um dom, e não um instinto, e como tal há quem o possua - ou não. No rol das bem-dotadas está a mineira Ana Cecília Carvalho, 52 anos. Psicanalista, escritora, professora universitária e mãe de dois filhos, ela credita o sucesso da sua empreitada à mãe, seu grande exemplo. "Só me dei conta de que minha mãe não era igual às outras quando passei a freqüentar a escola, em meados dos anos 50. Descobri, então, que ela era a única, entre as mães da turma, que trabalhava fora e tinha uma carreira. Isso passou a ser motivo de orgulho para mim. Dela herdei a idéia de que ser mãe é nutrir com amor. Mais do que uma memória, essa é a base da minha identidade e é também o que me inspira no dia-a-dia na sala de aula, no trabalho no consultório, em cada texto que escrevo."
Ana Cecília reconhece que nem sempre a situação é amena e sem sacrifícios. "Todas as mães vivem algum sentimento de culpa, porque, embora tenham capacidade de se desdobrar, não conseguem evitar os conflitos com os filhos." Desdobráveis, sim, mas não heroínas a ponto de dar conta de tudo ao mesmo tempo e sempre. Há momentos em que a gente entra em parafuso mesmo. Foi o que aconteceu com Juçara Costta, 52 anos, artista plástica, dois filhos, que em meio a uma grande crise depressiva resolveu entregar Décio, 3 anos, e Gustavo, 1 ano e meio, ao pai, de quem já havia se separado. "Não quis mais que as pessoas interferissem no meu encontro com a arte, que todos consideravam uma bobagem. Diziam que eu deveria me contentar com o marido maravilhoso e os dois filhos lindos. A repressão à minha carreira e a culpa por eu não estar agradecida a tudo o que a vida tinha me dado me levaram ao desespero."
Juçara tomou essa medida com a certeza de que tanto a família de seu ex-marido quanto a sua teriam estrutura para acolher as crianças. "Não abandonei meus filhos. Ao contrário: achei que eles não mereciam viver a dor daquele momento. Preferi ficar sozinha, mas sabia que, um dia, eles voltariam e me encontrariam pronta para dar a eles o que mereciam. Foi o que aconteceu."
Com a ajuda da psicanálise, Juçara conseguiu se aprumar. "Décio já estava com 13 anos quando começou a ir aos meus vernissages e às peças de teatro em que eu atuava como atriz. Um dia, pediu para voltar a morar comigo. Mudei toda a minha vida para recebê-lo. Logo depois veio o Gustavo. Aos poucos, fui reconstruindo a relação com os dois - hoje ela é amorosa e sem traumas. Considero-me amiga dos meus filhos. Tenho um profundo respeito por eles. Estou certa de que valeu muito mais ser uma mulher verdadeira do que uma mãe perfeita."
Que tal chamar o pai? Livres do script viciado, podemos recusar a vida de sacrifício. Ainda bem, porque quem entra nessa pelos filhos cobra no fim, com juros e correções, toda a energia gasta. Afinal, ninguém é santa. A salvo desse engano, precisamos ainda corrigir outro pequeno desvio comum em nosso caminho: a mania de achar que, instintivamente, sabemos cuidar melhor das crianças do que os homens. E já não é sem tempo de mudar, pois, nesse item, muitas mulheres desafinam. "Desde bebê, a mãe desautoriza o pai com frases do tipo 'dá que eu carrego; você não tem jeito pra dar comida; olha como segura o nenê no banho'", diz Lucia Rosenberg. "Se, em vez de estragar a relação dos filhos com o pai, as mulheres ajudassem a fortalecê-la, bingo! As crianças com certeza ganhariam com isso - e a mãe também, pois acabaria economizando tempo e dinheiro. A intimidade e o amor entre eles não seriam afetados desde que tivessem base sólida", afirma a psicoterapeuta.
A secretária Jogma Ribeiro Fernandes, 35 anos, dois filhos, dá a prova de que a coisa funciona - ela conta tanto com o apoio do marido como dos filhos. Jogma não se cobra o papel de ser a "sábia" da casa nem vê problema em não se dedicar inteiramente à maternidade. "Independentemente de ter filhos, eu sou mulher. Há momentos para ser mãe, profissional, esposa e amante. Vivo cada um deles, sem dramas, pois tenho dois filhos saudáveis e responsáveis e um marido presente, o que me libera para exercer todos os outros papéis." Ela diz que Olbe, seu segundo marido, pai de Victor, "sempre trocou fralda, levantou de madrugada, deu banho, comida. Nos finais de semana, por exemplo, é ele quem vai para a cozinha fazer pratos deliciosos. Vivemos um novo modelo de família, com os meus, os seus e os nossos filhos."
Assim, vemos que o amor não é mais privilégio das mulheres e que os novos pais podem se dar aos filhos com a mesma intensidade, ajudando efetivamente na sua criação. "Acredito que as atuais formatações familiares auxiliam ao oferecer pluralidade de modelos às crianças", comenta Lucia. "Hoje existem pais que ficam em casa enquanto as mães saem para o trabalho; namorados ou novos maridos que ocupam o lugar de modelos masculinos alternativos para os filhos; madrastas que mudaram de cara e podem ser grandes aliadas. Quanto menos rígido e cristalizado for o padrão familiar, mais possibilidades de gingar teremos todos." Então, como o balanço é brusco, diário e exige jogo de cintura, como você anda de suingue, mamãe?
Com amor e sem receita
A jornalista Déa Januzzi, 51 anos, conta neste artigo exclusivo a sua experiência de maternidade. Autora do livro Coração de Mãe (Editora Leitura), ela assina todo domingo uma coluna sobre o tema no jornal Estado de Minas
Não tenho receita nem fórmula mágica para educar filho. Tem dias que quero fugir para bem longe. Sou canceriana, signo da Lua e das águas profundas, mas, às vezes, queria estar em Marte. Em outros dias, o sol brilha - e a mesma mãe que esbraveja também dança ao som de Bob Marley quando o filho chega inteiro da rua e liga o som. Aí, é dia de calmaria, pois a mesma mãe que sofre porque o filho atravessa a madrugada sabe também que é cheia de falhas e se lembra de quantas vezes deixou de telefonar para a própria mãe quando era adolescente. Essa mãe que se descabela com a violência nas ruas, com as drogas, com o perigo na esquina, que se culpa por ter se separado do marido quando o filho ainda era pequeno é a mesma que exorciza os seus demônios, que tem imenso prazer de ver o garoto buscar o próprio caminho. É a mãe que vê no filho a esperança de um mundo melhor. Nessas horas, vejo que não existe fórmula. Que o meu filho tem muitas mães; que ele aprende o melhor com a avó, com as tias, as primas, as minhas amigas e as dele. Que tem respeito pelas mulheres, porque eu o criei com toda a delicadeza e poesia que existem dentro de mim. E que ele também pode ter muitos pais para se identificar. Pode ser o avô, que continua vivo em seu coração apesar de ter partido há mais de 20 anos; seu professor de biodança; ou mesmo o pai, que, apesar da falta da convivência diária, está presente em algum canto secreto do seu coração. Ser mãe do Gabriel é um aprendizado diário. Aprendo coisas que não encontrei em livro nenhum. Pratico a maternidade como um exercício de liberdade. Somos amigos, acima de qualquer definição. Não imponho regras, tenho a liberdade de dizer o que penso. E ele faz o mesmo. Às vezes, gritamos um com o outro, trocamos palavras ásperas, afiadas, porque não vivemos num paraíso. Mas como é mágica essa relação! Ser mãe me redimiu, exorcizou os meus fantasmas, descortinou a janela secreta da minha alma feminina, por onde entram os ventos curativos da maternidade.
Crédito: revista Cláudia
Um estudo realizado na Alemanha sugere que crianças que moram em regiões de trânsito movimentado aumentam em 50% as chances de desenvolver doenças alérgicas como asma e infecções de pele.
Os pesquisadores do Instituto de Epidemiologia do Centro Helmholtz para Pesquisa de Infecções analisaram 3 mil crianças em dois grupos o primeiro residia no centro da cidade de Munique, no sul da Alemanha, e o segundo era composto por crianças que viviam em áreas de menos trânsito em outros pontos da cidade.
A pesquisa observou as crianças durante seis anos. Todas elas moravam no mesmo local desde o nascimento.
Segundo o estudo, quanto mais longe do trânsito as crianças moravam, menor era o risco de desenvolver doenças respiratórias e alergias.
De acordo com os pesquisadores, trata-se do primeiro estudo epidemológico controlado em laboratório que comprova os efeitos já conhecidos da poluição do trânsito na saúde das crianças.
Impacto
Para chegar aos resultados, a equipe considerou a distância da casa ao trânsito e a contaminação do ar registrada no endereço das crianças - a partir da concentração de partículas finas e gases resultantes da queima dos motores dos carros.
Segundo a pesquisa, a incidência de doenças respiratórias nas crianças, como asma alérgica e alergias ao pólen, aumentou proporcionalmente ao nível de partículas finas no ar.
Já a elevação da presença de gases poluentes na atmosfera, como o dióxido de nitrogênio, contribuiu para elevar os casos de alergias de pele nas crianças.
Os resultados indicaram ainda que as crianças que viviam a menos de 50 metros de uma via principal desenvolveram alergias com uma freqüência até 50% maior em relação às crianças de mesma idade, mas residentes em áreas afastadas do trânsito.
Para avaliar as condições de saúde dos participantes, a equipe de cientistas analisou exames de sangue para constatar a presença de anticorpos dos tipos mais comuns de alergia e realizou questionários freqüentes com os pais das crianças.