Acredite no valor da linguagem do choro do seu bebê. O choro de um bebê é um sinal programado para a sua sobrevivência e para o desenvolvimento dos pais. Responder sensivelmente ao choro do seu bebê cria confiança. Bebês confiam nas pessoas que cuidam deles para satisfazerem suas necessidades. Pais gradualmente aprendem a confiar na sua habilidade de satisfazer as necessidades do seu bebê. Isso eleva a comunicação entre pais-filhos a um nível mais alto. Bebezinhos choram para comunicar, não para manipular.
Cientistas já há muito concluíram que o som do choro de um bebê tem todas as três características de um sinal perfeito.
Responder ao choro do bebê é biologicamente correto. Uma mãe é biologicamente programada para dar uma resposta reconfortante para o choro do seu recém-nascido e não para conter-se. Mudanças biológicas fascinantes acontecem no corpo da mãe em resposta ao choro do seu bebê. Depois de ouvir o choro, aumenta o fluxo sangüíneo nos seios da mãe, acompanhado de uma urgência biológica para "pegar e amamentar". O ato de amamentar por si só causa um aumento na prolactina, um hormônio que se acredita forme a base biológica do termo "intuição materna". Ocitocina, o hormônio que leva à descida do leite, traz sensações de relaxamento e prazer; uma sensação prazerosa após a tensão proporcionada pelo choro do bebê. Esses sentimentos ajudam a mãe a amar seu bebê. Mães, dêem atenção às dicas biológicas quando seu bebê chora ao invés de ouvir os conselhos das pessoas que recomendam ignorar o choro. Esses acontecimentos biológicos explicam porque é fácil para outros dizerem tal coisa. Eles não estão biologicamente conectados ao seu bebê. Nada acontece com os hormônios deles quando seu bebê chora.
Uma vez que você compreende o valor especial do sinal de choro do seu bebê, o importante é saber o que fazer quando acontece. Você tem duas opções básicas: ignorar ou responder. Ignorar o choro do seu bebê é geralmente uma situação em que há perdas dos dois lados. Um bebê mais passivo desiste e pára de dar o sinal, torna-se arredio, eventualmente percebe que chorar não vale a pena e conclui que ele mesmo não vale a pena. O bebê perde a motivação para comunicar-se com seus pais, os pais perdem a oportunidade de conhecerem seu bebê. Todos perdem. Um bebê com personalidade persistente não desiste tão facilmente. Ao invés disso, ele chora mais alto e continua aumentando o sinal, fazendo-o mais e mais desconcertante. Você poderia ignorar esse sinal persistente de várias maneiras. Você poderia esperar até que ele pare de chorar e depois pegá-lo no colo, assim ele não pensa que foi o choro que conseguiu sua atenção. Isso na verdade é uma guerra de poder: você ensina o bebê que você está em controle da situação, mas também ensina que ele não tem poder de comunicação. Isso fecha o canal de comunicação mãe-filho (ou pai-filho) e, a longo prazo, todos saem perdendo.
Você poderia se dessensibilizar tão completamente a ponto de o choro não incomodar mais; assim você pode ensinar seu bebê que ele só é atendido quando é a hora certa. Essa também é uma situação em que todos saem perdendo: o bebê não consegue o que precisa e os pais permanecem travados, sem poderem apreciar a personalidade única do seu bebê. Ou, você poderia pegar o bebê para acalmá-lo e colocá-lo de volta no berço porque "não é hora de alimentá-lo ainda". Ele tem que aprender, afinal de contas, a ser feliz "por si só". Todos saem perdendo novamente; ele começa a chorar e você fica nervosa(o). Ele vai aprender que suas técnicas de comunicação, embora ouvidas, não são atendidas, o que pode levá-lo a desconfiar de suas próprias percepções: "talvez eles estejam certos. Talvez eu não esteja com fome".
Sua outra opção é dar uma resposta imediata e carinhosa. Esta é a situação em que ambos os lados saem ganhando e desenvolvem um sistema de comunicação que funciona para os dois. A mãe responde de forma rápida e sensível, então o bebê sente-se menos desesperado na próxima vez em que precisa de alguma coisa. Ele aprende a "chorar melhor", de uma forma menos perturbadora porque sabe que sua mãe virá. A mãe organiza seu ambiente de forma que haverá menos necessidade para o bebê chorar; ela o mantém perto dela, assim sabe se ele está cansado e pronto para dormir. A mãe também desenvolve sua sensibilidade para interpretar o choro e dá a solução correta. Uma resposta rápida quando seu bebê é novinho e chora facilmente ou quando o choro deixa claro que ele está em situação de perigo real; uma resposta lenta quando seu bebê é mais velho e começa a aprender como resolver seus próprios incômodos sozinho.
Responder apropriadamente quando seu bebê chora é o primeiro e mais difícil desafio de comunicação que você enfrentará como mãe. Você vai tornar-se especialista no assunto somente após ensaiar milhares de respostas ao choro nos primeiros meses. Se você desde início encarar o choro do bebê como um sinal a ser respondido e analisá-lo ao invés de pensar que é um mau hábito e deve ser eliminado, você estará abrindo-se para tornar-se uma especialista nos sinais do seu bebê, o primeiro passo para ser uma especialista sobre tudo o que diz respeito a seu bebê. Cada sistema de sinalização mãe-bebê é único. É por isso que é tão limitada a visão dos "treinadores de choro", que prescrevem fórmulas para responder ao choro, como "deixe-o chorar por cinco minutos na primeira noite, dez minutos na segunda" e assim por diante.
Não é por sua culpa que o bebê chora. Nem é sua responsabilidade fazê-lo parar de chorar. Claro, você permanece aberta a novas dicas para ajudar o seu bebê (como uma mudança na sua dieta ou carregá-lo junto ao seu corpo) e envolve o pediatra se você suspeita de uma causa física por trás do choro. Haverá vezes em que você não saberá o porquê de o bebê estar chorando - e você vai se perguntar se o próprio bebê saber porque chora. Algumas vezes o bebê simplesmente precisa chorar e você não precisa se desesperar para fazê-lo parar depois de ter tentado o que geralmente funciona.
É um fato da vida de uma nova mãe ou novo pai que, embora o bebê chore para expressar uma necessidade, o estilo que ele usa para fazê-lo resulta do seu próprio temperamento. Não leve o choro do bebê para o lado pessoal. Sua função é criar um ambiente de apoio para diminuir a necessidade que seu bebê tem de chorar, oferecer um par de braços carinhosos e relaxados para que o bebê não chore sozinho e fazer um trabalho de detetive para descobrir o porquê do choro e como você pode ajudar o bebê. O resto é com o bebê.
As pesquisadoras Sylvia Bell e Mary Ainsworth fizeram pesquisas nos anos 70 que deveriam ter eliminado a teoria de mimar a criança para sempre. (É interessante notar que até hoje os autores que escrevem sobre desenvolvimento infantil e recomendam deixar o bebê chorar são quase sempre do sexo masculino). Essas pesquisadoras estudaram dois grupos de pares mães-bebês. O grupo 1 de mães dava uma resposta imediata ao choro do seus bebês. O grupo 2 era mais contido na sua resposta. Elas concluíram que as crianças do grupo 1, cujas mães haviam dado uma resposta mais carinhosa e rápida nos primeiros meses de vida tinham menos probabilidade de usar o choro como forma de comunicação em torno de 1 ano de idade. Essas crianças aparentavam maior ligação com as mães e tinham desenvolvido melhor comunicação, tornando-se menos manhosas e manipuladoras. Até então pais eram levados a acreditar que, se eles pegassem o bebê a cada choro, a criança nunca iria aprender a consolar-se sozinha, tornando-se mais exigente. O estudo de Bell e Ainsworth mostrou o oposto.
Num outro estudo comparando dois grupos de bebês, um grupo recebeu atendimento imediato e carinhoso e o outro foi deixado chorando. Os bebês cujos choros foram atendidos choravam setenta por cento menos. Os bebês do outro grupo, no entanto, não diminuíram seu choro. Em essência, pesquisas têm mostrado que bebês cujo choro foi atendido aprendem a "chorar melhor"; aqueles que são produto de uma criação mais rígida aprenderam a "chorar mais forte". É interessante que os estudos revelaram não só diferenças da forma como bebês comunicam-se com os pais com base na resposta obtida através do choro, mas também diferenças nas mães. Estudos mostraram que mães que preferem uma resposta mais contida gradualmente se tornaram mais insensíveis aos choros do seu bebê, e tal insensibilidade ultrapassou para outros aspectos da relação mãe-filho. Segundo pesquisas, deixar o bebê chorando é prejudicial à família toda.
Esta é uma das frases mais ridículas do folclore médico. Nos anos 70, pesquisas mostraram que bebês que foram deixados chorando sozinhos tiveram batimentos cardíacos muito elevados e níveis de oxigênio diminuídos no sangue. Quando tais bebês eram acalmados, seu sistema cárdio-vascular rapidamente retornava ao normal, mostrando quão rapidamente os bebês reconhecem seu bem-estar num nível fisiológico. Quando o choro não é acalmado, o bebê permanece em desconforto psicológico e fisiológico.
A crença errônea de que o choro é saudável sobrevive ainda hoje nas escalas de Apgar, um tipo de teste que os médicos utilizam para assessar rapidamente a condição de um recém-nascido nos primeiros minutos de vida. Os bebês recebem pontos extras por "chorar muito forte". Um bebê em estado de alerta silencioso, respirando normalmente e com coloração normal perde pontos na escala Apgar em relação a outro que nasce chorando. Um dos mais intrigantes de todos os sons humanos - o choro de um bebê - ainda é muito incompreendido.
O choro não é somente um som; é um sinal - desenvolvido para a sobrevivência do bebê e o desenvolvimento dos pais. Nos primeiros meses de vida, bebês não conseguem verbalizar suas necessidades. Para preencher este espaço até que a criança seja capaz de falar "a nossa língua", bebês têm esta linguagem única chamada "choro". O bebê tem uma necessidade, como fome ou desejo de ser acalentado e isso desencadeia um som a que chamamos choro. O bebê não fica ponderando "são três da manhã e eu acho que vou acordar a mamãe para um lanchinho." Não ! Isso é a nossa interpretação do choro. Além disso, bebês não têm a acuidade mental para entender o porquê de sua mãe responder ao seu choro às três da tarde, mas não às três da manhã. O recém-nascido que chora diz: "Eu preciso de alguma coisa; algo não está aqui. Por favor, resolva meu problema".
Desde que a novela "Caminho das Índias" começou, em janeiro deste ano, o esporte predileto da personagem Laksmi, vivida pela atriz Laura Cardoso, é infernizar a vida da nora Indira (Eliane Giardini). Da maneira de cozinhar bolinhos até a educação dos netos, Laksmi faz questão de meter o bedelho, principalmente, quando não é chamada. As cenas do folhetim se somam aos inúmeros filmes, músicas e piadas que têm como tema as sogras.
Ana Bahia Bock, professora de psicologia social e da educação da PUC de São Paulo, explica que essa imagem da sogra é uma construção cultural. "Tem a ver com o que a psicanálise diz sobre a relação entre a mãe e o filho, o famoso complexo de Édipo. A sociedade reconheceu essa dinâmica e reforçou a ideia de que as mães têm possessão pelos filhos e não querem perdê-los", afirma.
De acordo com a professora, o problema é que as novelas, as músicas e as piadas ajudam a dar mais força à teoria. "Na nossa cultura, a crítica se dá de forma alegre, pelo deboche. Por causa desse peso cultural, sempre que acontece algo com a sogra, as pessoas dizem: 'falei que ela era difícil'."
No consultório do psicanalista Elcio Mascarenhas, o problema com as sogras é recorrente. Na maioria dos casos, a eterna rixa entre a mãe e os pretendentes dos filhos está relacionada a dois pressupostos: o de que a pessoa vai retirar o filho da mãe e o de que essa pessoa nunca será boa o suficiente.
"O vínculo materno é idealizado e muito narcisista. Para a mãe, o filho é um pequeno príncipe que merece sempre o melhor e, de preferência, sem sofrimento. Se alguém entra nessa relação e se transforma no objeto de amor do filho, a mãe começa a questionar a qualidade da pessoa", diz Elcio.
Recorrendo a uma teoria de cerca de cem anos, o psicanalista explica que os conflitos tendem a diminuir nos segundos relacionamentos. "Freud dizia que, no primeiro casamento, o homem escolhe uma mulher muito parecida com a mãe. E, como diz a expressão popular, 'dois bicudos não se bicam'. Mas esse conceito, apesar de real, é antigo. O modelo familiar atual é diferente do formato do século 20."
A psicóloga Regina Nanô concorda. "Hoje, o homem e a mulher trabalham e, normalmente, precisam recorrer à ajuda das sogras para cuidar dos filhos."
Para ela, a presença maior da sogra na família, mesmo conflituosa, pode ser positiva. "Depois que os filhos se casam, algumas mães sofrem de síndrome do ninho vazio. Isso normalmente acontece quando elas não se ocupam com um trabalho ou com uma outra atividade. Surge um sentimento de ciúme e de perda, e elas ficam carentes de atenção. No momento em que elas ocupam uma função na família, mesmo com alguns problemas, a relação familiar fica mais madura", diz Regina, que acredita que, mesmo com interferências na educação das crianças, deixar os netos com a avó ainda é melhor do que confiar os cuidados a estranhos, como a uma babá.
Entretanto, a psicóloga pondera sobre o tamanho da influência da sogra. Segundo Regina, ela deve participar da família, mas respeitando a individualidade do casal. "A sogra acaba tentando demarcar um território. Mas, às vezes, ela acha que o espaço não é suficiente. Ela tem de sentir que as decisões competem ao casal."
www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u535365.shtml
Comer com a família pode ser uma das formas mais fáceis de evitar que adolescentes mulheres desenvolvam distúrbios alimentares e recorram a medidas extremas para controlar o próprio peso, segundo uma pesquisa da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, publicada na edição de janeiro da revista especializada Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine.
Segundo o estudo, os distúrbios alimentares que incluem comer desordenadamente e provocar o vômito para perder peso se tornam mais comuns na passagem da adolescência para a vida adulta, e as refeições familiares podem ajudar a evitá-los.
"Distúrbios alimentares estão associados a uma série de conseqüências comportamentais, físicas e psicológicas danosas, que incluem uma dieta de qualidade inferior, ganho de peso, obesidade, sintomas de depressão e os próprios distúrbios", dizem os autores do artigo.
"Por isso, é importante identificar estratégias para evitar esses distúrbios."
A médica e nutricionista Dianne Neumark-Sztainer e sua equipe estudaram 2.516 adolescentes em 31 escolas do Estado de Minnesota.
As participantes completaram dois questionários - um na escola, em 1999, e outro pelo correio, em 2004 respondendo perguntas sobre com que frequência elas comiam com a família, seu índice de massa corporal, relação com a família e distúrbios alimentares.
Entre as adolescentes, aquelas que compartilhavam pelo menos cinco refeições por semana com o resto da família em 1999 tinham tendência significativamente menor a reportar o uso de medidas extremas para controlar seu peso em 2004, independentemente de suas características sócio-demográficas, índice de massa corporal ou relação com a família.
Entre os meninos, no entanto, as refeições familiares não tinham influência sobre os distúrbios alimentares cinco anos depois. Os autores do estudo, no entanto, não conseguiram identificar o porquê da diferença.
"As refeições familiares podem oferecer mais benefícios às meninas porque elas podem ser mais sensíveis, e provavelmente mais influenciáveis, pelos relacionamentos familiares e interpessoais do que os adolescentes do sexo masculino", dizem os autores.
Eles também acreditam que elas, provavelmente, estariam mais envolvidas na preparação dos alimentos, aprendendo a preparar uma refeição balanceada.
Os distúrbios alimentares, no entanto, são muito mais comuns entre mulheres do que homens, e com as conclusões deste e de outros estudos, os autores recomendam que as autoridades encontrem meios de ajudar as famílias a comerem juntas.
Quando o assunto é mulher moderna, logo nos vem à cabeça a imagem da mulher madura, que trabalha, cuida da casa, dos filhos, do marido e ainda têm tempo pra se manter linda e se divertir.
Realmente essa é a super mulher...a nova mulher. A mulher moderna. Mas será que essa imagem já não está indo para o ralo e se tornando estereotipo para mulheres acima dos 30 anos? As mulheres mais jovens não se encaixam nessa categoria de mulher moderna e sinceramente, pelo modo como as coisas caminham, acho que não chegaram a ser.
O primeiro ponto é que a "maturidade" irresponsável chega muito e cada vez mais cedo. A adolescência hoje começa por volta dos 11 ou 12 anos. As meninas menstruam cada vez mais cedo e encaram o sexo como uma coisa natural cada vez mais cedo.
Não bastasse isso, são estimuladas o tempo todo pela mídia, pela indústria musical e, muitas vezes, até pelos próprios pais. Viram "cachorras" cada vez mais cedo. Os valores e interesses se resumem na disputa de quem tem o melhor corpo, as menores roupas, quem dança e rebola melhor e em quem "pegou mais" em uma noite.
Sou a favor da liberdade sexual feminina sim! Mas acho que além de ser necessário respeitar o processo natural desta liberdade sexual, a orientação correta é importantíssima. Que as informações hoje são muito rápidas e que aquela constrangedora conversa entre pais e filhos sobre "como nascem os bebês" não acontecem há muito tempo, nós já sabemos. A questão é que essas informações não são necessariamente informativas (perdoem-me a redundância!), mas sim uma forma escancarada da banalização sexual.
Ai o que temos como resultado são meninas transformadas e convertidas precocemente em mulheres que, automaticamente são tratadas pela sociedade como latinhas de cerveja a venda em um supermercado.
Se a mídia, a publicidade e os homens desvalorizam a imagem da mulher, a culpa é nossa também. Graças a Deus existem exceções. Mulheres que fazem jus a imagem de mulher moderna. A mulher segura de si e que, ao contrário da maioria das "tchutchucas" não precisa provar nada pra ninguém rebolando a bundinha ao som de bondes do tigrão entre outras "pérolas musicais".
Há séculos atrás a mulher era tratada por algumas sociedades como deusa, como um ser sagrado, como um templo. Onde foi que isso mudou??
A Igreja foi uma das Instituições que deturpou a imagem da mulher. Perante a Igreja, toda mulher já é uma pecadora só pelo fato de ter nascido mulher. É ela quem corrompe o homem e automaticamente, a sociedade. Tudo isso por conta do pecado original cometido por Eva quando comeu a maçã da árvore da Serpente. E olha que eu realmente tenho grandes dúvidas se isso realmente aconteceu...
Durante os séculos a história e os costumes terminaram de rebaixar a imagem da mulher como procriadora. Em algumas culturas a mulher, ainda bebê, tem seu clitóris extirpado para que não sinta prazer no ato sexual. Para esses povos, a mulher não tem direito nem ao prazer sexual. Para nós, só falta a extirpação do clitóris.
Acham exagero?? Numa cultura onde as pessoas acham normal que as roupas e demais trejeitos da moda venham de uma prostituta que faz sucesso na novela da Globo e que inclusive as crianças adoram, por ser uma personagem "divertida", não podemos esperar outra coisa.
Não estou aqui querendo ser moralista e muito menos, preconceituosa. Mas pensem se realmente esse é o tipo de sociedade que queremos construir. Se esse é o futuro, cada vez mais banalizado da imagem feminina.
Como os conceitos de tempo, distância e velocidade desenvolvem-se em nível psicológico? Essa questão foi proposta em 1928 por Albert Einstein a Jean Piaget (1896-1980), quando o pai da relatividade presidia cursos de filosofia e psicologia em Davos, na Suíça, e o jovem psicólogo suíço, já então conhecido por suas pesquisas no campo da inteligência e do desenvolvimento infantil, amadurecia temas científicos para investigar. A provocação de Einstein inspiraria 15 anos mais tarde uma das obras mais conhecidas de Piaget, A noção de tempo na criança, em que o pesquisador explora os significados do tempo e como as crianças os compreendem. Esse pano de fundo inspirou a palestra “Piaget, Einstein e a noção de tempo na criança”, proferida por Lino de Macedo, professor de psicologia do desenvolvimento do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), na manhã do dia 22 de novembro.
Ovo ou galinha
Macedo deu início à palestra relembrando as palavras finais de Piaget no seu livro: “O tempo relativista de Einstein expressa um princípio válido da formação do tempo físico e psicológico desde a gênese do tempo nas crianças de tenra idade”. O professor propôs a discussão de problemas sobre a questão do tempo na perspectiva das crianças estudados por Piaget. “Perguntaram para Piaget quem nasceu antes: o ovo ou a galinha? Sabe o que ele respondeu? O pintinho. Não foi a galinha porque a galinha dependia do ovo. Não foi o ovo porque o ovo dependia da galinha. Foi o pintinho. Quando nasce uma criança é o mundo que recomeça. Nesse sentido, somos filhos de uma criança, não pais. Antes de nós, vieram as crianças. As crianças nasceram antes e portanto são mais velhas do que nós, caso se pense como referência o ponto de partida. Nós morremos. As crianças são eternas”, afirmou o professor.
Piaget testou a percepção infantil para uma série de perguntas sobre o tempo, a distância e a velocidade e concluiu que tais conceitos não estão presentes na mente da criança, mas exigem uma construção. A criança de 2 a 6 anos, por exemplo, faz sua avaliação com base no momento presente. Depois começa a levar em conta outros fatores, como o ponto de partida. Só mais tarde vai dominar esses conceitos. “Piaget perguntou a uma criança pequena: ‘Sua mãe nasceu antes ou depois de você?’. Ela respondeu: ‘Não me lembro mais’. Claro que ela não pode se lembrar. A mãe nasceu tanto tempo depois, não é?”, afirmou Macedo.
Crianças um pouco mais velhas já buscam respostas mais elaboradas. “A cada ano você fica mais velho?”, indagou Piaget. Resposta da criança: “Não, eu fico mais novo”. Outra pergunta: “Quando você for moço, qual será a idade da sua irmã?”. A resposta: “Igual à minha”. “Um dia vocês vão ter a mesma idade ou não chegarão nunca a isso?”. Resposta: “Eu vou ficar maior que ela porque os homens são maiores do que as mulheres, aí eu vou ser mais velho”. Segundo Lino de Macedo, a referência da criança sobre o tempo é o tamanho, o crescimento em estatura. Como ainda é pequena, não tem a percepção do envelhecimento. “As crianças acham que os cachorros não envelhecem. Eles morrem, ficam doentes, mas não envelhecem. Também acham que as árvores não têm idade. Por quê? Porque elas não crescem mais”, exemplifica. A noção dos efeitos da passagem do tempo vai sendo construída e, na pré-adolescência, as respostas já se assemelham às dos adultos. Piaget perguntou: “Quem é mais velho: você ou sua mãe?”. Resposta: “Minha mãe”. “E quando você for um homem?”, indagou. “Ah, é sempre a mesma diferença”, disse a criança. “Então não é verdade que todos os homens velhos têm a mesma idade?”. Resposta: “Isso depende de quando eles tiverem nascido, há velhos de 50, 60...”. O professor observou: “Considerem que isso foi na década de 1940. Hoje nós diríamos: há velhos de 80, 90, 100 anos”.
Crianças de até 2 anos de idade não têm memória – falta-lhes a linguagem para fazer os registros. Nessa fase, observa o professor, o tempo da criança é o tempo das ações. “As crianças têm ações, ações sensório-motoras, ações simbólicas. O problema da criança é como coordenar movimentos, a sucessão, a duração, a simultaneidade, como ordenar os acontecimentos”, disse. “O tempo da criança é o tempo do presente. Ela não conhece o passado, não conhece o futuro e não precisa deles. Ela precisa do presente, da presença. É um tempo ocupado, denso, pleno, descontínuo, porque a criança dorme, se cansa, a mãe vai lá e tira ela da brincadeira, daquela magia, daquela felicidade, daquela ocupação, aquilo que é puro prazer e alegria. Esse tempo vivido como presente tem essas qualidades: pleno, descontínuo, finito, não refém de um passado ou de um futuro”, afirma o professor.
O conceito é bem diferente do chamado tempo operatório, que é o tempo das crianças mais velhas e dos adultos. “O tempo torna-se reversível enquanto forma, porque presente, passado e futuro são recortes relativos e variáveis de uma mesma coisa”, explicou.
Lino de Macedo encerrou sua palestra falando de Einstein. Lembrou que o físico criticava a educação precoce – o tempo futuro que rouba o tempo presente das crianças. “Estamos fazendo isso com nossos alunos”, disse o professor. “O estresse infantil hoje é terrível. As crianças não têm tempo para ser crianças, porque somos comprometidos, no melhor dos sentidos, com uma educação precoce, para o bem delas daqui a 20, 30 anos. E o bem delas aqui, agora? Os métodos competitivos de ensino encarnam esse tempo do resultado premente, o tempo do deadline, o tempo do ‘cheguei antes’, do ‘ganhei mais’, do ‘faturei’”, disse o professor da USP.
O gênio da física, afirma Macedo, criticava o tempo externo dominando o tempo interno. “Aquele tempo externo que, pelo medo, pela força, pela violência, pela autoridade artificial ou pela ameaça conseguia as coisas”, definiu. “Quando a gente entra na exposição Einstein, quem nos recebe não é a imagem de um Prêmio Nobel ou do maior cientista do século XX. O que vemos é um homem rindo, andando de bicicleta, juvenil. Aprender tem a ver com felicidade, com satisfação. A questão do conhecimento como alegria e felicidade, a questão da paz como um direito humano e como uma necessidade humana para criar, para inventar, para experimentar, para descobrir, isso só é possível se pudermos não ser apenas reféns do futuro e do passado”, concluiu.
Piaget, Einstein e a noção de tempo na criança
Lino de Macedo, graduado em pedagogia, professor titular do Instituto de Psicologia da USP
Fonte: Revista PESQUISA Fapesp (Suplemento Especial - Especial Einstein) , disponível em: www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3733&bd=1&pg=1&lg=
Belinha acordou às seis, arrumou as crianças, levou-as para o colégio e voltou para casa a tempo de dar um beijo burocrático em Artur, o marido, e de trocarem cheques, afazeres e reclamações.
Fez um supermercado rápido, brigou com a empregada que manchou seu vestido de seda, saiu como sempre apressada, levou uma multa por estar dirigindo com o celular no ouvido e uma advertência por estacionar em lugar proibido, enquanto ia, por um minuto, ao caixa automático tirar dinheiro.
No caminho do trabalho batucava ansiedade no volante, num congestionamento monstro, e pensava quando teria tempo de fazer a unha e pintar o cabelo antes que se transformasse numa mulher grisalha.
Chegando ao escritório, foi quase atropelada por uma gata escultural que, segundo soube, era a nova contratada da empresa para o cargo que ela, Belinha, fez de tudo para pegar, mas que, apesar do currículo excelente e de seus anos de experiência e dedicação, não conseguiu. Pensou se abdômen definido contaria ponto, mas logo esqueceu a gata, porque no meio de uma reunião ligaram do colégio de Clarinha, sua filha mais nova, dizendo que ela estava com dor de ouvido e febre.
Tentou em vão achar o marido e, como não conseguiu, resolveu ela mesma ir até o colégio, depois do encontro com o novo cliente, que se revelou um chato, neurótico, desconfiado e com quem teria que lidar nos próximos meses.
Saiu esbaforida e encontrou seu carro com pneu furado. Pensou em tudo que ainda ia ter que fazer antes de fechar os olhos e sonhar com um mundo melhor.
Abandonou a droga do carro avariado, pegou um táxi e as crianças. Quando chegou em casa, descobriu que tinha deixado a pasta com o relatório que precisava ler para o dia seguinte no escritório! Telefonou para o celular do marido com a esperança que ele pudesse pegar os malditos papéis na empresa, mas o celular continuava fora de área.
Conseguiu, depois de vários telefonemas, que um moto boy lhe trouxesse os documentos.
Tomou um banho, deu a o jantar para as crianças, fez a os deveres com os dispersos e botou os monstros para dormir.
Artur chegou puto de uma reunião em São Paulo, reclamando de tudo. Jantaram em silêncio.
Na cama ela leu metade do relatório e começou a cabecear de sono. Artur a acordou com tesão. Como aqueles momentos estavam cada vez mais raros no casamento deles, ela resolveu fazer um último esforço e fazer aquilo que seu marido tanto queria.
Fizeram tudo rapidinho, meio mais ou menos, e, quando estava quase pegando no sono de novo, sentiu uma apalpadinha no seu traseiro com o seguinte comentário:
- Tá ficando com a bundinha mole, Belinha... Deixa de preguiça e começa a se cuidar..
Belinha olhou para o abajur de metal e se imaginou martelando a cabeça de Artur até ver seus miolos espalhados pelo travesseiro! Depois se viu pulando sobre o tórax dele até quebrar todas as costelas! Com um alicate de unha arrancou um a um todos os seus dentes depois lhe deu um chute tão brutal no saco, que voou espermatozóide para todos os lados!
Em seguida usou a técnica que aprendeu num livro de auto-ajuda: como controlar as emoções negativas.
Respirou três vezes profundamente, mentalizando a cor azul, e ponderou. Não ia valer a pena, não estamos nos EUA, não conseguiria uma advogada feminista caríssima que fizesse sua defesa alegando que assassinou o marido, cega de tensão pré-menstrual...
Resolveu agir com sabedoria.
No dia seguinte, não levou as crianças ao colégio, não fez um supermercado rápido, nem brigou com a empregada. Foi para uma academia e malhou duas horas.
De lá foi para o cabeleireiro pintar os cabelos de acaju e as unhas de vermelho. Ligou para o cliente novo insuportável e disse tudo que achava dele, da mulher dele e do projeto dele.
E aguardou os resultados da sua péssima conduta, fazendo uma massagem estética que jura eliminar, em dez sessões, a gordura localizada.
Enquanto se hospedava num SPA, ouviu o marido desesperado tentar localizá-la pelo celular e descobrir por que ela havia sumido.
Pacientemente não atendeu.
E, como vingança é um prato que se come frio, mandou um recado lacônico para a caixa postal dele.
- A bunda ainda está mole. Só volto quando estiver dura.
Um beijo da preguiçosa...
(Extraído do livro: Este sexo é feminino /Patrícia Travassos)
Já se sabe que hoje em dia o estresse afeta adultos e criança, além de trazer inúmeros prejuízos em todos os aspectos da vida, como saúde e o comportamento social, seja nos pequenos ou nos mais velhos.
O que um estudo americano sugere agora é que filhos de pais estressados são mais vulneráveis a doenças.
O trabalho foi publicado em uma revista americana especializada no assunto chamada "Brain, Behavior and Immunity". Além do estresse, pais deprimidos também têm maiores chances de ter filhos mais propensos a doenças e infecções.
O estudo, realizado na Universidade de Rochester, acompanhou 169 crianças durante anos. Os pais registraram durante esses três anos todas as vezes que as crianças ficaram doentes. Além disso, os pais levavam as crianças de seis em seis meses para consultas com psiquiatras.
A médica Mary Caserta constatou que a ocorrência de doenças nas crianças foi maior naquelas que eram filhos de pais que tinham um alto nível de "estresse emocional".
Já é conhecido que em pessoas estressadas há um alto nível de células imunológicas (aquelas que combatem organismos estranhos presentes no corpo) no sangue e nesse estudo foi comprovado que no sangue de crianças filhos de pais estressados também há um maior índice de células imunológicas, algo totalmente incomum nesta fase de vida.
Lembre-se, mamãe, que o estresse cria maior dificuldade em parar de fumar. Consequentemente, a mamãe fumante tende-se a tornar ainda mais tensa devido ao cigarro, aumentando o estresse, ciclo prejudicial em todos os sentidos.
Amor pra curar o estresse - A criança precisa da ajuda de adultos para que cuide do seu corpo com alimentação e aprendizagem, mas se não houver um ambiente acolhedor e com afeto e amor não é possível se desenvolver plenamente e com saúde. Pais estressados podem deixar de demonstrar carinho aos seus filhos.
Já é sabido que bebês não sobrevivem sem amor. O afeto e o amor na infância e na juventude são tão importantes para a criança quanto uma boa alimentação com as vitaminas e proteínas necessárias que o corpo necessita para funcionar adequadamente.
O estudo sobre estresse dos pais e a saúde das crianças tem uma variável que os pesquisadores apontaram: ao deixar que os pais medissem o grau de doenças dos filhos pode ter mascarado o resultado da pesquisa, já que pais mais ansiosos poderiam ter mais tendência a achar que seus filhos estavam doentes.
Mas mesmo assim, os pesquisadores afirmam e sustentam que os resultados indicam uma forte ligação entre estresse dos pais e saúde das crianças.
Cuide de você, mamãe! Sua saúde mental e física em boa forma é essencial para que seu filho cresça saudável.
Ao entrar em casa, esqueça dos problemas do trabalho e lembre-se que você tem seus pequenos que precisam da sua atenção e amor.
Faça uma atividade que você, mamãe, goste e que lhe dê prazer e um tempo só para você. Ajuda a diminuir o estresse.
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O mundo vive uma época de endeusamento da tecnologia. Nicholas Negroponte, criador do MediaLab e ex-professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), organiza um movimento mundial para dar um laptop a cada criança (Programa OLPC, sigla de One Laptop Per Child), como se o computador pudesse fazer o milagre de melhorar a qualidade da educação.
Com a mesma intenção, pais e professores estimulam o uso da internet por crianças e adolescentes, sem lhes dar qualquer orientação e, em especial, sem vigiá-los no uso da rede. O resultado menos negativo é a pura dispersão e desperdício do tempo dos jovens com joguinhos e sites impróprios sem qualquer valor educativo.
Governos anunciam planos para cobrir o País com a banda larga e levar a internet a todas as salas de aula - muito antes de preparar seus professores, pagar-lhes um salário digno e dar às escolas o mínimo de conforto e segurança. A maioria dos estudantes já faz "pesquisas" no Google, simplesmente colando textos, sem compreendê-los, sem nenhuma leitura atenta, sem reflexão e sem nenhum espírito crítico.
O que acontece no âmbito familiar é ainda mais preocupante. Se o leitor é um dos milhões de pais que não se importam com o que seus filhos estão vendo na internet, não deixe de ler o livro Como proteger seus filhos na internet - tradução do original norte-americano, How to Protect Your Children on the Internet: A Road Map for Parents and Teachers, de Gregory S. Smith, Westport: Praeger Publishers, 2007, que será publicado em 2009 pela Editora Novo Conceito.
Para o professor Valdemar Setzer, do Departamento de Ciências da Computação e do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (USP), em resenha sobre a obra em seu site, o livro de Gregory Smith "é um apelo aos pais no sentido de tomarem consciência do que é a tecnologia da internet e como restringir seu uso por crianças e adolescentes para que essa rede não seja mal usada por seus filhos.
O LIXO CIBERNÉTICO
É bom lembrar que, por mais benefícios que a internet nos possa trazer, quase metade de seu conteúdo é lixo da pior qualidade, que inclui pedofilia, armadilhas criminosas, propaganda nazista, instruções de como cometer suicídio (com conseqüências trágicas para vários jovens), violência e tentativas de fraude e furto de identidade, assédio e exposição a conteúdo sexual, venda e distribuição de drogas - além da disseminação de vírus e softwares espiões que invadem nossos computadores, furtam nossa identidade e transmitem a terceiros nossos dados pessoais, números de contas e senhas.
O maior perigo para os menores são as armadilhas de pedófilos e predadores, a inadequação de muitos conteúdos da rede mundial e, como diz G. Smith, o fato de todas as crianças e adolescentes serem naturalmente ingênuos, o que muitas vezes não é reconhecido pelos pais.
A propósito, a União Internacional de Telecomunicações (UIT), com sede em Genebra, lançou uma campanha de âmbito mundial, conclamando todos os países a "proteger a população das ameaças cibernéticas, em especial quando elas têm como alvo as crianças". Na realidade, a proteção principal deveria vir dos pais e das escolas.
Mesmo reconhecendo esses perigos, a maioria dos pais quase nada faz para evitar que seus filhos acessem a internet - no lar, na escola, na casa de amigos ou nos cibercafés - e corram os mais sérios riscos de se tornarem vítimas de criminosos de todo tipo.
INTERNET PARA QUÊ?
O professor Setzer não considera que haja nenhuma necessidade de uma criança ou adolescente usar a internet. "Mas se algum pai achar, erroneamente, que isso é essencial para seus filhos, minha recomendação é que esteja sempre, constantemente, ao lado deles enquanto usam a internet, controlando as páginas acessadas."
A mesma consideração vale para o computador: "Aprender a usá-lo também não é necessário. Certamente todos os adultos de hoje com mais de 30 anos não aprenderam a usar um computador quando crianças, e aprenderam facilmente a fazê-lo quando adultos. Não se pode permitir que uma criança use sozinha um computador, carregando nele, por exemplo, os programas que bem entende (na verdade, não entende)".
Em uma família, um computador deve ser sempre dos pais e nunca de uma criança ou jovem. O maior problema é que muitos garotos têm computador em seu quarto de dormir, totalmente fora do controle dos pais.
"Ora, o projeto Um Laptop por Criança visa justamente dar um computador a cada criança, que o levará a todos os lugares (enquanto não for furtado), podendo naturalmente usá-lo sem nenhum controle" - adverte o professor Setzer.
Uma das principais razões alegadas pelos pais para permitir o acesso das crianças à internet refere-se a trabalhos e projetos escolares. É urgente, portanto, conscientizar os professores do imenso perigo a que lançam as crianças e jovens, sem falar nos prejuízos para a educação.
(Mais informações em meu site: www.ethevaldo.com.br)
ESTADÃO de 23.11.08
Você já deve ter presenciado manifestações agressivas por parte das crianças. Morder, dar tapas, chutes, gritar. Entender esse comportamento requer paciência e sabedoria dos pais e educadores para olhar um pouco para o desenvolvimento da criança e por que se comporta agressivamente. Essa fase é também considerada manipulativa, ou seja, a criança agride para alcançar seus objetivos, como ganhar um brinquedo ou se defender.
É a forma que ela encontra de controlar o ambiente e suprir seus caprichos.
Por mais tolerância que os pais tenham, há dias em que o comportamento do filho parece insuportável, e eles sentem que podem perder o controle da situação. Essa é uma das razões para se dizer que a agressividade infantil ainda é um tema delicado de ser tratado, porque revela o comportamento e a própria personalidade da criança.
De acordo com a psicóloga Patrícia Spada, pode ser difícil para alguns pais que não têm familiaridade ou intimidade com sua própria agressividade. Quando não há causa física (doença, hospitalização, cirurgia) que a justifique, a agressividade da criança aparece como uma reação aos problemas da família.
Antes de tudo, é importante se questionar também a respeito das dificuldades pelas quais a família está passando, como por exemplo problemas financeiros, separação, mudança de casa ou escola, perda de um ente querido, etc.
Isso acaba envolvendo diretamente os pais, pois eles tendem a encarar seus conflitos e os dos filhos como fracasso ou incompetência. "Todos os seres humanos têm um impulso agressivo. A agressividade é um comportamento emocional que faz parte da afetividade das pessoas, e ela começa no berço, quando ainda se é um bebê. Portanto, é algo natural", explica a psicóloga.
Cada ser humano é singular em seu desenvolvimento e as reações e comportamentos são herdadas geneticamente desde o feto. A psicóloga Patrícia aborda um pouco mais do que pode se considerar as causas desse comportamento:
Como identificar?
A especialista diz que as crianças se machucam muito ou que sofrem "acidentes" com freqüência estão revelando um tipo de comportamento de risco. Este comportamento mostra que algo não está indo bem, seja por desconsiderar situações de perigo ou por envolver-se nelas "sem querer".
A violência doméstica é um dos fatores mais determinantes para o desencadeamento de transtornos mentais na criança, uso de drogas, roubo, furto e transtornos alimentares como, por exemplo, a obesidade.
"Os pais devem ficar muito atentos, pois comportamentos agressivos são voltados para a própria criança. Quando é algo mais explícito e que envolve o meio social, é necessário que eles entendam o que está acontecendo com seu filho e o que o faz reagir ou agir de tal forma", ensina a psicóloga.
Outra maneira é pôr limites bem claros, ensinando a criança a colocar-se no lugar de quem foi machucado por ela e, com isso, desenvolver um sentimento de empatia que a faça administrar melhor os seus impulsos agressivos.
Um recado para os pais e educadores
Nesta jornada, um psicólogo especializado é muito bem capacitado para auxiliar os pais e a criança. O apoio é necessário, pois como os pais estão naturalmente envolvidos, é difícil enxergarem saídas e alternativas por viverem a situação.
Para os pais, o conselho da psicóloga Patrícia é o de acompanhar o desenvolvimento afetivo desde a gestação, fortalecendo o vínculo pai-mãe-filho, que implica num processo de se conhecer para ser capaz de lidar com suas emoções mais difíceis e, a partir daí, saber orientar a criança segundo seus próprios valores de forma justa, equilibrada e sadia.
Consultoria: Dra. Patrícia Spada, psicóloga (Unifesp).
www.jnjbrasil.com.br/noticia_full.asp?in=1¬icia=2066&pos=1
Uma leitora escreveu: "Estive no Shopping Eldorado neste sábado e fiquei muito incomodada com a configuração da loja de brinquedos PBKids, dividida entre "brinquedos de menina", decorada com a cor rosa, e "brinquedos de menino", azul por toda parte. Sou professora de educação infantil e sempre defendi o direito dos meus alunos de brincarem com os objetos que mais lhes interessassem. Quando eu era criança, carrinhos eram apenas carrinhos e ferrinhos de passar apenas ferrinhos de passar. Porém, de tempos para cá, tanto as fábricas quanto as lojas de brinquedos têm buscado demarcar fortemente os territórios das atividades femininas e masculinas, antes por meio das escolhas das cores e personagens da mídia e agora nominalmente. O que está acontecendo?"
Compartilho com o espanto de nossa leitora: muitas vezes, ao observar lojas de brinquedos, programas de televisão dirigidos a crianças e inclusive a orientação que muitos pais dão a seus filhos quando estes brincam, imagino que passei por algum tipo de túnel do tempo e fui parar mais ou menos na segunda metade do século passado.
Sim: já tivemos o tempo da divisão rígida de brinquedos para meninos e para meninas e isso valeu como regra até o fim da década de 50. Depois disso, com a contribuição de novas teorias educacionais e principalmente com a emancipação da mulher, pouco a pouco abandonamos essa atitude e passamos a permitir que as crianças escolhessem seus brinquedos sem grandes preocupações.
E não é que agora parece que estamos em movimento de retrocesso nessa história? Por que será?
Tenho algumas hipóteses. Uma delas é a imensa preocupação de alguns pais com a orientação sexual dos filhos. Sim, caros, muitos pais atualmente pensam desde muito cedo na possibilidade de o filho ou filha ter orientação homossexual no futuro.
Percebo isso ao ouvir perguntas preocupadas de pais e de professores de educação infantil a respeito de comportamentos que consideram "feminino" em meninos ou "masculino" em meninas; além disso, muitos pais perguntam também se o número de pessoas homossexuais tem crescido; finalmente, é cada vez maior a crença de muitos pais de que eles podem e devem determinar o futuro dos filhos por meio de atitudes que tomam quando estes são ainda pequenos.
Resumo da ópera: muitos pais e professores querem saber como evitar que as crianças de hoje se tornem homossexuais na vida adulta e, claro, o mercado de consumo capta esse anseio e transforma em ação. Essa minha conjectura faz sentido, não faz?
O que considero curioso nessa história é que, justamente quando atingimos na vida em sociedade um patamar considerável de luta contra preconceitos, construímos um mundo que pelo menos no discurso respeita a diversidade e incentiva a convivência com a diferença e, principalmente, quando a informação de que a homossexualidade deixou de ser considerada desvio ou doença é amplamente difundida, surge essa reação.
O que mais podemos e devemos fazer para que as crianças brinquem em paz, sem a interferência de nossos medos e preconceitos? A questão está aberta e o convite para a reflexão e sugestões está feito. Participe!
Rosely Sayão
http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/
Orientar os filhos a não aceitarem doces, presentes, ou qualquer outro objeto de estranhos, podendo aceitá-los de conhecidos e parentes, somente com prévio consentimento dos responsáveis.
Manter bom relacionamento com a vizinhança.
Procurar conhecer as pessoas que convivem com seu filho.
Participar ativamente dos eventos envolvendo o seu filho, como aqueles ocorridos em escolas e aniversários.
Ensinar ao seu filho o seu nome completo, endereço e telefone e os nomes dos pais e irmãos.
Não autorizar o seu filho a brincar na rua sem a supervisão de um adulto conhecido.
Evite deixar o seu filho em casa sozinho.
Providenciar a carteira de identidade do seu filho, através do Instituto de Identificação.
Faça com que as pessoas, que necessitam de atenção especial, que vivem sob sua responsabilidade tenham sempre consigo (no bolso ou gravado em uma medalha) seus dados de identificação.
Observe o comportamento do seu filho, ficando atento às possíveis mudanças.
Conheça o tipo sangüíneo e o fator RH da criança.
Seja amigo do seu filho, deixando-o à vontade para confidenciar-lhe os seus problemas ou vitórias.
Não permita a saída de criança com pessoa não autorizada pelos responsáveis.
Observar o ambiente nas proximidades da escola, comunicando qualquer fato suspeito, imediatamente, à Polícia.
Observar, durante o atendimento, o comportamento dos responsáveis pelas crianças e, caso percebam alguma coisa estranha e dificuldades deles em prestar informações sobre o próprio filho, comunicar a suspeita à Polícia.
Registrar os dados do menor ou adulto quando eles derem entrada na instituição. Quando tratar-se de pessos sem identificação ou que, por algum motivo, pareça ser uma pessoa desaparecida entre em contato com a Polícia Civil.
Nos passeios manter-se atento e não descuidar das crianças;
Procurar conversar todos os dias com os filhos, observar a roupa que vestem e se apresentam comportamento diferente;
Fique atento à mudança de comportamento de seu filho, pois isto pode indicar que o mesmo poderá fugir de casa;
Uma boa conversa com seu filho, pode livrar você de momentos de angústia e desespero;
Procurar conhecer todos os amigos do seu filho, onde moram e com quem moram;
Acompanhá-los a escola, na ida e na volta, e avisar o responsável da escola quem irá retirar a criança;
Colocar na criança bilhetes ou cartões de identificação com nome da criança e dos pais, endereço e telefone, orientar a criança quanto ao uso do cartão telefônico, bem como fazer chamadas a cobrar para pelo menos três números de parentes, e avisá-los desta orientação;
Não deixar as crianças com pessoas desconhecidas, nem que seja por um breve período de tempo, pois muitos casos de desaparecimento ocorrem nestas circunstâncias;
Fazer o mais cedo o possível a carteira de identidade no Instituto de Identificação do seu Estado;
Manter em local seguro, trancado e distante do alcance das crianças arma de fogo, facas, qualquer objeto ou produto que possa colocar a vida delas ou outras pessoas em risco;
Orientar as crianças a não se afastar dos pais e fiscalizá-las constantemente;
Ensiná-las a sempre que estiverem em dificuldade a procurar uma viatura policial, ou um policial fardado (PM ou Guarda Municipal), e pedir ajuda;
Evitar lugares com aglomeração de pessoas;
Perdendo a criança de vista, pedir imediatamente ajuda a populares para auxiliar nas buscas e avisar a polícia.
Em primeiro lugar, manter a calma;
Caso esteja sozinho, peça auxilio para que acionem imediatamente a polícia. Não existe prazo para comunicar o desaparecimento, faça-o imediatamente;
Manter alguém no local onde a criança foi vista pela última vez, pois ela poderá retornar ao local;
Deixar alguém no telefone indicado no cartão de identificação da criança, até para centralizar informações;
Avisar amigos e parentes, o mais rápido possível, principalmente os de endereço conhecido da criança, para onde ela possa se dirigir;
Percorrer os locais de preferência da criança;
Ter sempre a mão foto da criança;
Ter sempre em mente a vestimenta da criança para descrevê-la, procurando vesti-la com roupas detalhadas, de fácil visualização e identificação (cores berrantes, desenhos, etc
);
Procurar a Delegacia e Conselho Tutelar e pedir auxílio.
Repressão excessiva, excesso de controle;
Castigos excessivos e exagerados, desproporcionais ao fato. Ex: a criança comete uma pequena falta e leva uma surra;
Desleixo dos pais, a criança sente-se rejeitada e desprezada e foge para chamar a atenção;
Muitas das fugas do lar têm por motivos o mau desempenho escolar, as responsabilidades domésticas que são atribuídas a elas e até mesmo pequenos ofícios, como venda de doces e salgados;
O espírito aventureiro também é um dos grandes responsáveis pela fuga de crianças.
Subtração de incapaz (A criança é raptada para viver em outro lar)
Rapto consensual
Rapto por estranhos
Observar o comportamento de novos vizinhos em relação ao tratamento dispensado ao menores que com eles convivem, comunicando à Polícia qualquer fato suspeito.
Observar, em via pública, o trânsito de menores desacompanhados, idosos e portadores de necessidades especiais, caso apresentem desorientação, possibilidade de extravio ou mesmo dificuldade de expressão, comunique o fato à Polícia para queprestem a devida assistência antes que ocorra o seu paradeiro. O ideal é que você possa levar a pessoa até o posto policial mais próximo.
Comunicar e registrar o desaparecimento do menor ou do adulto imediatamente após constatada a sua ausência, na Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida. Deve-se apresentar fotografia e documentação do ausente, caso existente, para início da busca. Para o menor, é necessária a apresentação da cópia da certidão de nascimento. No entanto, a ausência do documento não impede o registro e a busca.
Caso ocorra o retorno voluntário do desaparecido ao lar, contatar a Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, comunicando o fato.
Ministério da Justiça
www.desaparecidos.mj.gov.br
Crianças desaparecidas em SP
www.policia-civ.sp.gov.br/desap/desap_lista.asp?tipo=1&pagenumber=1
Crianças desaparecidas - RJ
www.fia.rj.gov.br/SOS.htm
Minas Gerais
www.desaparecidos.mg.gov.br
Paraná
www.pr.gov.br/policiacivil/sicride/criancas_desaparecidas.shtml
Rio Grande do Sul
www.desaparecidos.rs.gov.br/
Goiânia-GO
www.goiania.go.gov.br/html/sosdesaparecidas/sos.htm
O número nacional para informações sobre crianças desaparecidas é o Disque 100.
FONTE: SICRIDE E POLÍCIA DE MG, COM ADAPTAÇÕES DO BLOG DIGA NÃO À EROTIZAÇÃO INFANTIL
Ser mãe ou não ser? :: GOSTO DE LER :: http://bit.ly/jObU1
Quando era criança, a minha como muitas outras mães, contava e colocava historinhas de fábulas como por exemplo: Gata Borralheira, Branca de Neve, Rapunzel e tantas outras heroínas que no final sempre eram felizes por encontrar seus lindos, fortes e protetores príncipes encantados.
Eu quando fui ficando mocinha, adolescente, fui modificando o que toda menina quando passa a ter corpo de mulher, pois a maturidade chega rápido às meninas, fui reparando. Natural certos pudores e vaidades, o primeiro sutiã e tantos outros tabus a serem derrubados e conquistados, as descobertas não paravam de chegar, junto as dores mensais do sangrar que toda mulher tem de sofrer.
Mas nem só de sofrimento e descobertas incômodas passamos, no meu caso, dentro de minha casa, passei pela terna experiência de viver meu primeiro beijo. Nunca confidenciei isso a ninguém, era um segredo mais que sagrado.
Um homem, jovem, belo, inteligente, acolhedor, romântico e adorável, que sem nem perceberem me acolhia em seu colo para me contar histórias um pouco mais interessantes e maduras (eram histórias de humanidade, de experiências de vida, de autores e benfeitores da humanidade, não eram essas historinhas que nos contam em chats e msns da vida quando ganham um pouco de intimidade, nem de longe, o papo era profundo), e com o cafune, olhar, voz terna na sacada, com certeza, não haveria de deixar de pintar o beijo.
Muitos foram os elogios e as formas lúdicas de me dizer que eu era uma menina num corpo de mulher e que segundo ele, um olhar que não se sabia o que queria, se era comer cada palavra que era dita por uma sedenta ansiedade por saber ou se era um olhar de mulher querendo alimentar instintos de quem queria descobrir o que era o primeiro toque e o beijo.
Nunca gostei de textos que abordem de forma piegas esse momento e esses fatos, mas hoje deu vontade de tratar do assunto, pois lembrei da frase que tanto ri, que ao deitar-se ao meu lado, meus pais dormindo e ele no meu travesseiro e respeitosamente ao meu lado veio suavemente falando: "Um dia, eu venho aqui com meu cavalo branco, preferencialmente quando você já tiver 18, claro, e eu grito seu nome, jogo uma flor e você joga as tranças pra eu vir te pegar e salvar das garras de quem te sufoca?"
Eu ria muito, e ao mesmo tempo adorava aquele tipo de analogia.
Ele conhecia meus pais, sabia dos conflitos e problemas que sempre passei, e até hoje são complexos, porém ele sabia que se alguém não viesse me "salvar" ou então me libertasse desse seqüestro de mim mesma, muito dificilmente eu poderia me libertar.
Outro grande exemplo, foi do pai de uma amiga minha, que curiosamente virei meio mundo pra revê-la e falar com ela, e ontem apareceu no meu Orkut me lembrando das palavras de seu pai: "Cris, você é uma menina linda, ótima, inteligente, promissora, mas enquanto tiver determinadas dependências e amarras, não será feliz, não crescerá e não prosperará." (com devidas adaptações de suas palavras, pois lembro-me de cada uma delas ao me levar de volta pra casa depois de estudar o dia todo com a minha grande amiga e ele me ser grato pela atenção, como se precisasse, porque a amo até hoje como uma verdadeira irmã).
Outro momento foi quando fui submetida a uma mamoplastia redutora - cirurgia onde tirei muito de meu busto - e meu cirurgião que gostava muito de conversar comigo, e o tinha como uma pessoa que representava quase a um pai, Dr. Oswaldo Pigossi, que ele me falou o seguinte: "Rezarei todos os dias para que ele te dê um bom marido, pois você merece, porque quem a criou
" Não preciso falar mais nada, não é? (vale dizer que minha mãe sempre foi uma heroína em me defender e estar ao meu lado pra tudo me dar e ajudar nos meus estudos, não julgo a quem me faz tais perseguissões e seqüestro de mim mesma, mas hoje entendendo, sei que preciso me libertar
)
Aliás, saudade do Oswaldo, um grande homem, que muitas vezes era diminuído por ser um homem lindo, mas ele era pra mim muito mais do que um bonito cirurgião, pois era família, nada fútil e protetor, eu realmente me entreguei e me entregaria totalmente a ele, no sentido de confiar meu corpo a esse homem. Ele fez um trabalho exímio mesmo com todas as dificuldades e lutas dentro do processo todo.
Onde quero chegar com essas lembranças, pessoas importantes na minha vida e para que expôr dessa maneira?
Pelo seguinte fato: não existem salvadores e nem príncipes, o que existe de fato é o seqüestrador e a pessoa que foi seqüestrada, já trata Pe Fábio de Melo com propriedade em seu livro que estou degustando da leitura com muita calma para não acabar caindo num abismo de mim mesma, pois há muitas passagens com as quais me identifico, no título "Quem me roubou de mim?", Ed. Canção Nova.
Somos seqüestrados muitas vezes por não termos nenhuma habilidade de nos resguardar e nem nos proteger das garras do seqüestrador e muitas vezes são armadilhas que nós por curiosidade ou por sermos seduzidos colocamos o pé na arapuca e fomos pegos porque quisemos.
Isso mesmo: por livre e espontânea vontade.
O que fazer?
Essa é a questão, pois uma vez seqüestrado, dependendo do grau de dependência dessa relação ou das raízes por ela já criadas o trabalho de reconstituíção de forças para o resgate de nossa própria identidade e subjetividade é árduo, e cheio de pedrinhas, tombamos, recaímos e só nós mesmos poderemos correr pra ele, ou nos deixarmos para a vida toda estarmos submetidos a esse verdadeiro círculo ou ciclo, como queiram, vicioso.
E o que fazer?
Vários caminhos podem ser percorridos, mas só o seqüestrado quando consciente dessa necessidade poderá encontrar o melhor e nem sempre mais curto para seguir, com eficácia.
Como conseguir?
Questionando-se, não se permitindo teleguiar, não se permitir ser transgredido, não se deixar ser agredido.
O que eu espero?
Que além de mim, muitos mais consigam achar esse caminho tão almejado por todos nós os seqüestrados por uma espécie de algoz de nossas energias e vidas, para poder o horizonte vislumbrar e um ar puro profundamente respirar, livres, felizes, bonitos e NÓS MESMOS.
Quando nasce um bebê, nasce também uma nova mãe.
Durante a gravidez ela trabalha a possível realização de infinitas fantasias a respeito do filho: um filho perfeito… amoroso… e bem melhor que os filhos “dos outros”. Lógico, tem que ser assim.
Porém, alguns dias depois do nascimento e quando a aparente rotina começa a tomar conta da vida e dos espaços, aquele bebê, filho perfeito, começa a pedir, demandar, procurar, necessitar coisas que essa mãe tem dificuldade em decodificar e disponibilizar; mesmo estando disposta para niná-lo, sustentá-lo, amamentá-lo e acolhê-lo, surge uma questão e ela sente um medo atroz: “Será que ele vai ficar mal acostumado se eu atender a todas as suas necessidades?”
Esse pânico aguarda escondido bem no fundo. É uma sensação nítida de que ele (o bebê) vai nos dominar, que tem a capacidade de roubar toda a nossa energia, toda a nossa maneira de ser no mundo… Claro, não estamos conscientes disso… Nem temos palavras para defini-lo.
As mulheres e as pessoas que estão perto de nós entram numa guerra contra o bebê e todos seus misteriosos desejos, que não são os nossos. Temos a fantasia de que se o desejo do bebê se manifestar, automaticamente nossos desejos sucumbirão.
E é inevitável! Quando surgem dois desejos simultaneamente, vivenciamos um conflito.
Aparece muito no discurso das mães essa sensação de “que tenho que ter o bebê o tempo todo no colo” e parece que não podemos… é verdade que a mulher hoje tem outras dinâmicas, outras necessidades, porém o bebê não nasce pronto; ele nasce feto e o processo de criação extra-uterina demora outros nove meses, ao contrário do resto dos mamíferos (ou seja, o bebê necessita do contato permanente fora do útero materno). Muito pouco se fala às gestantes sobre isso… Nos cursos de preparação omite-se a informação sobre as necessidades BÁSICAS dos bebês e há todo um mito de amor romântico, em que a partir da chegada deles se construirão bases sólidas, porém na maioria das vezes o que se observa é a desestruturação.
Os bebês, quando nascem, precisam estar em contato permanente com a mãe ou alguém maternal. O leite materno, além de ser o melhor e o mais rico nutriente para o bebê – o que já está cientificamente comprovado –, é a justificativa perfeita para ele entrar em contato profundo e se vincular com a mãe.
Acontece que é muito difícil para a mãe conviver ao mesmo tempo com o desejo do bebê e o seu próprio. A criança aprenderá que só existe espaço para um desejo: ou impera o desejo da mãe e o da criança fica insatisfeito, ou vence a necessidade da criança e a mãe sente raiva e rejeição. Nessa guerra já declarada quem ganha é obviamente o adulto.
Como em toda guerra, começam as estratégias para conquistar territórios, e essa será uma maneira de VÍNCULO. A criança precisará satisfazer suas necessidades básicas e para isso fará uso de todas as habilidades e ferramentas para sobreviver física e emocionalmente.
É nesse âmbito do físico que começam o enfraquecimento e a sintomatologia das primeiras doenças.
Assim, a criança verifica que ante o surgimento desses sintomas, a mãe se ocupa de levá-la ao médico e atender suas diferentes demandas. Quando a criança sara, a mãe, cansada, precisa retomar a liberdade e um pouco mais de espaço próprio.
A guerra pelo “desejo pessoal” continuará com mais força e cada vez que a criança-bebê demandar algo que o adulto não compreenda ou não tolere, o adulto contará com um sem-número de recursos psicológicos, filosóficos e médicos que justificarão que ele, como adulto, está certo.
Todo pedido manifestado pelo bebê será imenso se o adulto que materna não tolerar um desejo diferente do seu; ou se não tolerar a integração e o convívio de dois desejos.Surgem, assim, os primeiros vestígios da violência emocional, em que a mensagem é: “Não existe lugar para dois”.
É importante reconhecer esse mecanismo porque ele é muito recorrente nas sessões de terapia e no discurso dessa mãe impossibilitada de aceitar as demandas do bebê. Ela padeceu o mesmo tipo de violência invisível durante sua primeira infância, aprendeu que no intercâmbio afetivo só há lugar para um. Afirmar isso é admitir que o outro tem que deixar de existir (como sujeito do desejo).
Toda essa teoria a respeito da violência sustenta-se na observação de mulheres que não tiveram, na maioria das vezes, uma vivência infantil de amparo e cuidado maternais.
Para finalizar gostaria de me solidarizar com as mães que cuidam dos bebês solitariamente e sem contenção. A maternidade é um ciclo da vida ao mesmo tempo maravilhoso e espinhoso, porque nos conduz inevitavelmente a vivenciar o encontro silencioso e sombrio com nós mesmas, remete-nos a um jejum espiritual se nos dermos permissão para descer às nossas obscuras profundezas em busca da cura e do crescimento emocional.
Alejandra Soto Payva-Borgström
Pessoa - Mulher - Mãe parideira
Psicoterapeuta - Doula - Terapeuta Floral
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Contrariando o livro francês que dá 40 razões para não ter filhos, dizemos por que achamos que ter filho hoje é melhor do que nunca
Na França, a escritora Corinne Maier lançou um livro enumerando as 40 razões para NÃO ter filhos. Virou best-seller. A onda nesse sentido é tão forte que até um insólito movimento pela extinção voluntária da humanidade anda ganhando espaço. Como eles, a gente também acha que não ter filho é o fim do mundo, mas por razões beeeeeeem diferentes...
Podemos dizer, sem medo, que filho, hoje em dia, é escolha. Escolha porque a gente tem mil recursos anticoncepcionais para evitá-los, porque as técnicas de reprodução assistida estão aí, poderosas, ajudando muito quem tem dificuldades fisiológicas, porque sempre existe a opção superbacana de adotar uma criança.
É óbvio que ter filho não é uma obrigação. Muitas vezes, não rola mesmo. Faltam condições financeiras, físicas ou emocionais – e é isso aí, a vida é assim.
Mas o que a gente vem observando é que as famílias estão cada vez menores e muitos casais simplesmente optam por não ter filhos e ponto.
Há 40 anos, as mulheres queriam casar logo, antes dos 21 anos, e ter pelo menos três filhos. A média de filhos por família chegava a seis! Hoje, está na casa dos 2,4.
Na França, acaba de sair este livro defendendo o direito de não ter filhos: No Kid, Quarante Raisons de Nes Pas Avoir d’Enfant, da franco-suíça Corinne Maier. O que ela basicamente diz é que a sociedade atual espera muito dos pais. E questiona: “Não há outros meios de dar sentido à vida?”
Se a gente levar essa conversa ao extremo, vamos dar de cara até com o Movimento de Extinção Voluntária da Humanidade, que existe sim, é real, e anda convocando os seres humanos a parar de se reproduzir, causando a extinção gradual da espécie. A gente aqui na Pais e Filhos acha isso tudo uma loucura.
Para nós, não ter filhos é desperdiçar uma oportunidade luxuosa de nos tornarmos seres humanos melhores. Listar 40 razões para ter filhos foi tarefa fácil demais. Elas estão aí. Poderíamos fazer mais 40 e ainda outras 40, mas este já é um bom começo.
1. Por que você quer. E muito
A gente não acha que ninguém é obrigado a ter filho, claro. Só tem de ter mesmo quem quer de verdade. E hoje isso é mais do que possível. A pílula é um pouco mais velha que a Pais e Filhos – chegou ao Brasil em 1962. Mesmo com todos os recursos que existem, 20% dos bebês no país nascem de mães com menos de 20 anos, e tem coisa errada aí. A gravidez nasce de um desejo (pode ser o de ter um lugar dentro da sociedade), e, para muitas jovens, acaba sendo o de ser mãe. O que a gente defende é que esse desejo seja consciente e venha na hora certa. Filho só pode ter a função de ser filho.
2. Para deixar de ser só filho
E crescer! Básico: se você não tem filho, nunca deixa de ser filho. E aí, o seu crescimento é mais lento e mais difícil. Claro ue a gente não deixa de ser filho nunca, mas deixar de ser SÓ filho amplia, abre possibilidades novas, importantes, ricas. Filho nos traz essa oportunidade de nos tornarmos adultos de verdade.
3. Para entender melhor seus pais
Paul Reiser, da série Mad About You, tem um livro sensacional sobre a paternidade, chamado Vida de Bebê. Na dedicatória, ele entrega: “Para meus pais, com todo o amor do mundo. Acho que agora eu entendi”.
4. Para descobrir uma imensa e surpreendente capacidade de amar
Quando temos filho, somos apresentados a esse tal de amor incondicional. “Passamos por uma renovação e ampliação do repertório emocional, que é o que faz a vida interessante”, diz a psicoterapeuta Lidia Aratangy, mãe de Claudia, Silvia, Ucha e Sergio.
5. Para incluir mais gente numa história de amor que dá certo
Ser casado sem filho é quase como ser solteiro: pode não fazer almoço um dia e tudo bem etc. etc. etc. Com criança no pedaço, a casa tem de ser reorganizada, não dá mais pra ter só água na geladeira... O mais importante: você precisa dividir e respeitar as decisões do parceiro sobre o filho também. Se tiver bases sólidas, a união pode ficar mais forte com tudo isso. Vocês deixaram de ser casal para ser família. Um grande e maravilhoso passo! E mesmo quem tem filho sozinho: o filho traz esse sentido de família e a gente valoriza isso demais.
6. Para deixar de ser adolescente
Hoje, a gente vive mais e tem gente dizendo que os 30 são os novos 20, mas não dá para usar isso como desculpa para não amadurecer. Na adolescência, alguns de nós juramos que nunca vamos ter filhos, coisa da fase mesmo. O escritor britânico Ian Sansom, autor do livro De A a Z, A Verdade Sobre os Bebês, escreve: “Existe algo esquisito nas famílias. Existe algo triste nas famílias. Existe algo tão triste nas famílias que nos faz sair correndo para formar outras famílias.” É meio dramático, mas mostra que é possível reinventar a nossa história, outra lição que os filhos nos dão...
7. Para sentir o poder de gerar outra pessoa
Saber que você pode gerar um novo ser é mágico. Não é à toa que as mulheres sempre foram vistas assim meio como bruxas, exatamente por causa disso. Ver a barriga crescer, sentir os primeiros movimentos da criança, é incrível. Apesar de a gente achar que, no fundo, no fundo, gravidez não faz ninguém ser mãe de verdade. É uma delícia e tal, mas, na hora que o bebê nasce é que começa a história pra valer.
8. Para aprender a respeitar as diferenças
Por mais que você seja rígido na educação, é bom baixar a bola: seu filho nunca vai ser exatamente da forma como você imagina – e ainda bem, aleluia! Se você prestar bem atenção, vai perceber isso desde o primeiro momento: na primeira hora em que pegamos a criança no colo, já vem a sensação meio estranha: “Nossa, ele é outra pessoa!”. Que bom que é. E perceber quem é essa pessoa é o melhor da história toda, é o grande lance. Descobrir o temperamento do seu filho, ir sacando como ele funciona, como reage, o que gosta, o que não gosta... Junto com isso, aprender a respeitar e ajudá-lo a ser do jeito dele é maravilhoso. E, se a gente conseguir levar um pouco dessa experiência pras outras relações que temos na vida, então... Nossa! Melhor ainda!
9. Pra se emocionar com as conquistas dele
A primeira vez que ele consegue engatinhar, andar... Quando escreve o nome, com as letras ao contrário ainda... Desde os anos 60, muita coisa mudou, somos a geração do “muito bem!” a cada passo da criança. Mas é importante saber que ele não vai ser o campeão sempre, claro. Então, deixe seu filho tentar, testar, errar. Acertar vai ser conseqüência. E o que importa é o processo, não esqueça que isso vale pros filhos também...
10. Para aprender que as coisas são como são, nem tudo é perfeito. E tudo bem!
Ter filhos é golpe mortal no perfeccionismo, não tem jeito. As coisas vivem fugindo do roteiro o tempo todo. Você planeja dar a papinha ao meio-dia, ele cai no sono. Vai dar banho às 19h, ele já dormiu. Claro, a gente precisa ter organização, um mínimo de estrutura, mas também precisa aprender a se adaptar rapidinho, senão aí é que dança.
11. Para tomar mais cuidado com você mesmo
Não é à toa que quem tem filho pequeno paga menos na hora de fazer o seguro do carro! As seguradoras sabem muito bem que esse público tem menos tendência a se acidentar, porque é mais cuidadoso mesmo. Quando recebemos o resultado positivo já cai a ficha de que, dali pra frente, você não está mais sozinho...
12. Aceitar a maturidade com tranqüilidade
A expectativa de vida cresce a passos largos. Hoje, é de 71,7 anos no Brasil. Em 1960, ficava na casa dos 50,4. Por outro lado, vivemos numa sociedade que supervaloriza a juventude. Mas a gente envelhece mesmo, e isso é muito bom, cada fase da vida tem sua beleza. Com os filhos, isso fica mais claro. A gente não precisa ser eternamente jovem, podemos curtir a juventude deles. A passagem do tempo ganha um outro sentido.
13. Para poder, um dia, ser avó ou avô
Claro que ser avó ou avô não depende da gente, depende de os filhos quererem ser pais. Mas, se a gente fizer a nossa parte direitinho, as chances crescem. Se não tivermos filhos, por exemplo... A chance fica nula de verdade.
14. Para cuidar de alguém
“Um dia, há muitos anos, encontrei uma garotinha de 3 anos que me perguntou: ‘Você tem filhos?’. ‘Não’, respondi. ‘Você tem cachorro?’ ‘Não’, disse. E ela: ′Então, afinal, do que você cuida?′”, nos conta o psicólogo André Trindade, pai de criação de Gabriel e Laura. Ele diz que criar, cuidar, fazer crescer, acompanhar, proteger e se responsabilizar por alguém alimentam a criatividade em nós. A gente concorda total.
15. Para deixar de ser o centro da própria vida
A criança é egocêntrica por definição. No começo, acha que o mundo e ela são a mesma coisa. Depois, acredita que o mundo gira em torno dela. Demora pra perceber que não é bem assim. Tem uns que não percebem nunca, aliás... Nem depois de grandes! Ter filho ajuda a fazer essa ficha cair.
16. Para rever suas prioridades
Segundo pesquisa feita pela psicóloga Cecília Russo Troiano, mãe de Beatriz e Gabriel, publicada no livro Vida de Equilibrista – Dores e Delícias da Mãe que Trabalha (ed. Cultrix), 30% das mães dizem que adiaram o plano de ter filhos por causa da carreira. O mundo mudou, as mulheres não trabalham só por escolha, mas por necessidade. Porém, como diz uma das entrevistadas de Cecilia, uma mãe do Rio Grande do Sul, “não ter filho por causa do trabalho não tem sentido”.
17. Ter um bom motivo para chegar mais cedo em casa
Filho gosta de quantidade e qualidade. Aquele papo do “fico pouco tempo com meu filho, mas funciona” a gente sabe que não cola. É preciso estar esperto e não bobear: quanto mais tempo com eles, melhor. Férias juntos, então... Fundamental! Ou seja, o tempo passado junto é que é o grande luxo. E para ficar mais tempo com os filhos, temos de nos organizar no trabalho e fazer as coisas funcionarem melhor. É duro, mas... A verdade é que estamos bem no meio de uma transição. Se em 1976, só 20% das mulheres estavam no mercado de trabalho, hoje as trabalhadoras são mais da metade da população feminina no Brasil. Ainda são poucas as empresas que adotam horários flexíveis e programas de home office, mas elas começam a existir.
18. Ficar um tempo sem trabalhar
Pra quem não pára nunca, é uma experiência única. A licença-maternidade obrigatória no Brasil tem quatro meses desde a Constituição de 1988. Está em tramitação um projeto de lei estendendo a licença para seis meses, desde que a companhia decida aderir voluntariamente ao esquema em troca de isenção fiscal. Cerca de 40 municípios já adotam a licença maior. A licença paternidade, hoje de cinco dias, seria de 15.
19. Sentir o prazer de amamentar
Em 1975, aqui no Brasil, uma a cada duas mulheres amamentava o filho apenas até o segundo ou terceiro mês de vida. Hoje sabemos todos dos enormes benefícios do leite materno para a criança. E sentir que seu corpo é capaz de produzir o alimento de seu filho é uma experiência fantástica.
20. Sentir o prazer de dar de mamar
Se não puder amamentar, não estresse, pelo amor de Deus. Não tem de ter culpa de nada, culpa só estraga. Faça da hora da mamadeira uma hora especial, gostosa, única, de intimidade e cumplicidade.
21. Para passar pela experiência do parto
Foi durante os anos 70 que o índice de cesarianas no Brasil começou a viver este boom. Pra equilibrar o jogo, nos últimos anos vem crescendo o movimento pelo parto humanizado, com o mínimo de intervenção médica. De novo, não precisa radicalizar: anestesia está aí para ser usada sempre que necessário e ninguém aqui está defendendo sofrimento. O que a gente sabe é que, com ou sem ela, o parto é um daqueles momentos fundadores, em que a vida se renova e a gente nasce de novo, junto com o filho.
22. Para conhecer a pessoa mais linda do mundo
O poeta alemão Hölderin dizia sobre a infância: "É integralmente aquilo que é e, portanto, é bela". Filho é sempre lindo. O nosso, muito mais que o dos outros, sempre. E tem de ser assim.
23. Para ouvir alguém te chamar de mãe ou pai
Pode parecer a coisa mais babaca do universo, mas que é demais, é. Não tem o que falar. Você sabe o que é isso...
24. Reviver um pouco da sua própria infância, ou tirar uma casquinha da infância deles...
“Lembro das primeiras férias de verão com meus filhos, relembrei das minhas. São lembranças que voltam, deliciosamente”, conta nossa colunista Patrícia Broggi, mãe de Luca e Tiago. Ter de brincar com eles, desenhar, cantar, esperar o Papai Noel, a fada do Dente, ler histórias, ver filmes maravilhosos... Ah, que alegria! Você só tem a ganhar!
25. Comprar brinquedos incríveis para eles e para você
Em 1894, um tal dr. L.E. Holt dizia, com a maior autoridade: “Com crianças de menos de 6 meses de idade não se deve brincar jamais. Nas idades posteriores, quanto menos se brincar, melhor”. Ainda bem que, hoje, a gente sabe que brincar é fundamental para eles. Volta e meia a gente usa isso como desculpa pra comprar aquele carrinho de controle remoto que eles vão adorar. E que você já adorou. Tudo bem, tá tudo certo. Afinal, esses brinquedos maravilhosos não existiam quando a gente era criança, certo? Então, por que não aproveitar também?
26. Para se renovar e rejuvenescer
Ter filho é comprovar a validade da lei do eterno retorno. “Acompanhar uma criança permite retomar em nós aquilo que fomos. Há uma sabedoria infantil que conta com a espontaneidade, com a vontade de descobrir o mundo e com a capacidade de brincar. Quando o adulto consegue recuperar em si essas atitudes, ele se beneficia enormemente”, diz o psicólogo André Trindade.
27. Para entender de uma vez que preocupação com ambiente não é coisa de ecochato
A gente sabe: as previsões são catastróficas. Metade da Amazônia pode dançar até 2030, temperatura subindo, calotas derretendo... Ter filho torna a coisa ainda mais urgente, porque a gente quer que o mundo exista pra eles, certo? O que não dá é para acreditar em tudo, se imobilizar e resolver que já acabou e não tem mais o que fazer. Tem, sim, e muito. Pra começar, dentro da sua casa mesmo, na sua vida cotidiana. As próprias crianças estão nos ensinando que tem de cuidar pra ter.
28. Para adquirir hábitos mais saudáveis
Com criança em casa a gente revê tudo. Aprendemos, ou reaprendemos e confirmamos, que não precisa de açúcar porque fruta já é doce, que sal tem de ser bem pouquinho, trocamos fritura por grelhado, porque o médico falou, porque a gente leu que é bom. Hoje, estudando o histórico familiar, os pediatras conseguem prevenir uma série de problemas, fazendo ajustes na dieta: se há tendência a alergias, certos alimentos podem ser evitados etc. E, quando a gente vê, está comendo direito esse cuidando mais, junto com eles. A teoria tem muito mais chance de virar prática.
29. Para descobrir seu lado meio médico
Sabe aquele talento que mãe tem pra saber o que a criança tem só de olhar e a gente acha impressionante? Logo logo você também passa a ter, você vai ver. Ninguém aqui está falando de se automedicar ou sair usando remédio que nem louca, a torto e a direito, nada disso. Tem de ligar pro médico sempre, isso é básico. Mas ao menos você fica conhecendo os sintomas e já passa o serviço mais completo. E, logo, você vai ser aquela pessoa no trabalho pra quem a colega pede pra ver se está com febre mesmo. Coisa de mãe. Ou pai.
30. Pra sentir um certo gostinho de continuidade
O comediante norte-americano Jerry Seinfeld, que a gente adora, disse uma vez: “Já sei o que esses bebês estão fazendo aí. Eles estão aí pra nos substituir”. É piada, óbvio, mas ter filhos, de certa forma, é apostar numa sucessão, em uma continuidade. Você assistiu ao filme Rei Leão? Sabe aquela coisa de pertencer, de estar dentro do ciclo da vida, de ser elo de uma cadeia? É por aí, e é bacana....
31. Descobrir que você sabe contar histórias
A escritora e tradutora Lya Luft descobriu que sabia contar histórias para crianças depois que se tornou avó, e até já escreveu dois livros para crianças, em que a personagem principal é ela mesma, uma bruxa boa. Claro que não é todo mundo que tem o talento dela, mas, quando temos filho, parece que é quase natural: a gente se vê relembrando histórias da infância, inventando a partir do nada ou do mote que eles nos dão... E solta um pouco a imaginação, a fantasia... Lidar com o lúdico, né? Coisas que só fazem bem.
32. Para olhar para as coisas de novo, como pela primeira vez
“Aprendi com meu filho de dez anos/que a poesia é a descoberta/das coisas que eu nunca vi”. Esses versos de Oswald de Andrade (1890-1954) resumem tudo o que a gente quer dizer. É fácil cair nessa cilada de crescer e ir deixando de se surpreender com as coisas e ligar um tipo de piloto-automático – tudo em nome de, sei lá, um suposto “facilitar a vida”, que, no final das contas, é perder o milagre que a vida é. O filho nos ajuda a trazer tudo isso de volta. O mundo ganha novos sentidos e tudo começa outra vez a cada nova descoberta dele e sua...
33. Ter um motivo para aprender a cozinhar
Há 40 anos, a frase “já pode casar”, quando alguma mulher servia um prato saboroso, não era pejorativa, não. Mulher tinha de saber pilotar forno e fogão, era uma espécie de pré-requisito. Hoje a gente pira na hora que tem de fazer a primeira papinha do filho, é ou não é? Acontece que cozinhar pode ser uma enorme delícia e nunca é tarde pra aprender.
34. Porque o pai hoje participa de tudo
Nos anos 70, o pai ficava fora da sala de parto, não chegava nem perto de uma mamadeira, não pegava em fralda de jeito nenhum e era “chamado” só na hora de uma bronca mais pesada. Estranho? Na sua casa não é assim? Ainda bem! A pesquisa de Cecília Russo Troiano mostra que a coisa foi mudando aos poucos, sim, mas as mulheres ainda realizam a maior parte das tarefas. Por exemplo: enquanto 91% das mães levam o filho ao médico, só 4% dos pais fazem o mesmo!!! Ok, ok, falta bastante para as coisas se equilibrarem mais, mas o espaço foi aberto e isso é um ganho enorme.
35. Porque a medicina evoluiu muito
E isso é muito mais importante do que a gente pensa à primeira vista. Hoje é possível prevenir um monte de doenças, tem vacina contra gripe, rotavírus, hepatite... Se no final dos anos 60 os primeiros aparelhos de ultrasom ainda estavam chegando ao Brasil, hoje temos ultra-som 4D, os avanços das pesquisas de células-tronco não param de nos surpreender e se fala em terapias genéticas para parar doenças como o câncer. Temos mais é que comemorar, e muito.
36. Para sentir o que é ter alguém que confia 100% em você
O que é confiar, o que é confiança? Você sabe direitinho a resposta – e sente o que é isso ali, na pele – quando tem uma criança dormindo no seu colo, totalmente entregue. É maravilhoso, assim como a responsabilidade, que até pode assustar, mas faz parte: ter filho é também aprender a lidar com isso.
37. Encarar o futuro de uma nova maneira
Sim, porque, quando os filhos chegam, esse conceito deixa de ser uma abstração. A gente não pode mais só esperar que ele chegue; a gente tem de prepará-lo a cada dia. Pode ser nas coisas mais concretas, como se programando financeiramente, fazendo previdência, essas coisas. E também se preocupando em votar em políticos bacanas, entrando pra uma ONG, separando o lixo, o que for.
38. Para ter a enorme chance de se tornar um ser humano melhor
Não adianta fazer discurso: criança se espelha no exemplo, não tem jeito. É como você é e como se comporta que vai fazer diferença. É no seu comportamento que seu filho está ligado e é o que ele vai registrando, não tem conversa nenhuma. Falar uma coisa e fazer outra não dá. Ter filho é agüentar a barra do que a gente é, as conseqüências de ser quem somos e das escolhas que fazemos.
39. Ter filho não é dar à luz, é receber iluminação diária
Foi nossa colunista Tetê Pacheco, mãe de Bento e Otto, quem escreveu isso, aqui na Pais e Filhos. A gente assina embaixo. O tanto que se aprende, que nos modificamos e crescemos... É pra agradecer todo dia!
40. Porque seu filho é único e tudo que você sente em relação a ele é intraduzível...
Tem gente que diz que a escolha de ter filhos é difícil porque é definitiva... Bem, definitivo, para nós, é não ter filhos! E cada um vai descobrir seu jeito de ser pai e mãe, não tem uma receita. Cada universo único que uma vida é. Nós, aqui da Pais e Filhos, só podemos mais uma vez dizer o que a gente vem falando desde sempre, até na missão da nossa revista: aproveite tudo que a maternidade ou a paternidade está te trazendo!
CONSULTORIA: * ANDRÉ TRINDADE, PAI DE CRIAÇÃO DE GABRIEL E LAURA, É PSICÓLOGO E PSICOMOTRISTA, TEL.: (11) 3063-2987, WWW.NUCLEODOMOVIMENTO.COM.BR *
* BERENICE GEHLEN ADAMS, MÃE DE ALICE, ELMA E ARTUR, É AUTORA DE AQUECIMENTO GLOBAL, O QUE É ISSO, AFINAL?, ED. APOEMA
* CLAUDIA WERNECK, MÃE DE DIEGO E TALITA, É JORNALISTA, ESCRITORA E CRIADORA DA ONG ESCOLA DE GENTE, TEL.: (21) 2483-1780
* DEBORAH VALENTINI, MÃE DE RENATO E GUSTAVO, É PSICANALISTA, TEL.: (11) 3817-5652
* ELIANA POMMÉ, MÃE DE LUANA, NAILA E PETRUS, É PSICÓLOGA ESPECIALISTA EM PARTO E PÓS-PARTO, TEL.: (11) 3862-1420
* ELIANA SALCEDO, MÃE DE DANIEL, RICARDO E THIAGO, É PRESIDENTE DA ONG RECRIAR, WWW.RECRIAR.ORG.BR
* LIDIA ARATANGY, MÃE DE CLAUDIA, SILVIA, UCHA E SERGIO, É PSICOTERAPEUTA, TEL.: (11) 3873-6812
* PATRICIA BROGGI, MÃE DE LUCA E TIAGO, É JORNALISTA
* TETÊ PACHECO, MÃE DE OTTO E BENTO, É PUBLICITÁRIA
A tendendo a pedidos, levo meu filho de quatro anos para sua cama e fico lá deitada até que ele adormeça. Por mais que o banho seja recente, o menininho sua horrores, sobretudo ao adormecer, e logo tem a face e o pescoço encharcados. O sabonete não resiste e é rapidamente sobrepujado pelo cheiro natural do meu filho, que eu acho... absoluta e deliciosamente inebriante. Afundo meu nariz em seu cangotinho adormecido e penso que poderia ficar lá para sempre, desfrutando da sensação de conforto, paz e completude que o cheiro do meu filho suado a milímetros do meu nariz me dá. Passo na cama ao lado e constato que o cheiro da testa suada de minha filha tem igual efeito sobre mim.
O mesmo cheiro não funciona para todo mundo, é claro - e a idéia é justamente essa. O sistema que lida com cheiros no cérebro da mãe é modificado no parto, quando o bulbo olfatório aprende a dar atenção especial à combinação específica de moléculas desprendidas pelo filho. Como essas moléculas incluem peptídeos indicadores de nossa identidade genômica, o cheiro de uma criança pode ser considerado uma forma de análise genética feita pelo nariz da mãe, que identifica aquela criança como sua. O cérebro da criança faz o mesmo, aprendendo a responder de forma especial aos cheiros da mãe - e, assim, tem início no parto o romance mais forte que se conhece: a relação amorosa entre mãe e filho.
A informação é passada à amígdala do cérebro, que dá início a um conjunto todo especial de respostas fisiológicas e comportamentais que são a base dos efeitos sociais do cheiro de um filho. Parte desses efeitos sociais envolve a ativação do sistema de recompensa, que associa àquele cheiro particular uma sensação ímpar de prazer que, quando evocada por antecipação, serve como motivação para fazermos o necessário para estarmos na presença daquele cheiro de novo -ou seja, de nossos filhos.
O valor do cheiro das crianças para a formação de elos afetivos, porém, não é exclusivo às mães e pode ser desenvolvido também por quem não as deu à luz pessoalmente, mas se afeiçoa às crianças assim mesmo. Como parte de minhas investigações informais, ligo para meu pai e interrompo seu trabalho com uma pergunta meio insólita: o cheiro dos seus netos suados é para ele: a) neutro, b) maravilhoso ou c) fedido? Ele ri e responde na lata, enfático: "É absolutamente delicioso..."
SUZANA HERCULANO-HOUZEL, neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro "Fique de bem com o seu cérebro" (Editora Sextante) e do site O Cérebro Nosso de Cada Dia (www.cerebronosso.bio.br).
É sempre bom lembrar que a violência na família não deve ser somente atribuída ao espaço que a mídia ocupa hoje na sociedade. Muito antes dos jornais e revistas, antes do rádio, da tv, da Internet, a violência que se tem notícia já assolava a humanidade.
No Éden não existia revista erótica, programas de tv de baixo nível cultural como hoje, "músicas" ridículas, com apelos caóticos, todavia, Caim não pensou duas vezes e esmagou a Abel. Aí os educadores se perguntam: por que?
Certa vez um pai ensinava ao filho que o ser humano tem dois ursos poderosos dentro dele, o urso do bem e o urso do mal. O filho então perguntou:
- Pai qual é o mais forte?
E o pai respondeu:
- Aquele que você alimenta mais.
O que alimenta a violência? Alguns dirão que é a miséria, outros dirão que é o abandono, alguns se arriscarão a dizer que é a falta de religião. O que levaria um pai a matar uma criança - seu filho - de forma trágica e cruel?
Cerca de 40% de todas as ocorrências registradas por mês nas delegacias do Estado do Rio de Janeiro são atribuídas à agressão infantil. Dados do Disque-Denúncia revelam que o maior número de casos é registrado na Baixada Fluminense. Na maioria dos casos são os pais ou os companheiros dos pais os principais agressores das crianças. Apenas 1% das denúncias são feitas pelas vítimas.
"A violência no seio da família assume formas diferentes - desde a agressão física à agressão psicológica - como intimidação e humilhação, incluindo vários comportamentos controladores, tais como, isolar a pessoa da sua família e amigos, controlar e restringir os seus movimentos e o acesso á informação ou ajuda".
No Canadá os custos da violência contra a família rondam 1.6 bilhões de dólares por ano, incluindo despesas médicas e baixa de produtividade.
(UNICEF 2000).
Adão e Eva no Paraíso tinham a Internet do Bem e do mal. O Provedor do Bem deu ao homem a senha da obediência e com ele se comunicava, diariamente. Até que o provedor do mal se instalou, criou o racker com o vírus do pecado. O internauta pecador digitou a senha e caiu nas malhas da mentira. Caiu a conexão, porque o homem estava fora da área de atuação de Deus!
Claro, a violência é resultado de escolha: pode-se escolher entre o Bem e o mal. Então, preparem as costas do educador, porque o peso vai recair sobre ele! Pode-se educar a vontade!
Qualquer tipo de violação de direitos e/ou violência contra criança ou adolescente » procure o Conselho Tutelar de sua cidade e/ou a Delegacia Especializada em Crimes contra Crianças e Adolescentes.
Criança e/ou adolescente desaparecido » denuncie no site www.desaparecidos.mj.gov.br do Governo Federal Exploração sexual infanto-juvenil » denuncie pelo telefone 100 Trabalho infanto-juvenil » veja como denunciar clicando AQUI Denúncias de pornografia infantil na Internet >> Devem ser encaminhadas nos seguinte sites:
www.safernet.org.br
www.mp.rs.gov.br/infancia/pedofilia
www.censura.com.br/
www.dpf.gov.br/
www.prsp.mpf.gov.br/
A gerente de marketing Cíntia*, 30 anos, de São Paulo, solteira e sem filhos, comanda um grupo de seis mulheres. Ela está aflita para fechar um projeto que será implementado na semana seguinte. Uma de suas subordinadas, Carolina*, não poderá ficar até mais tarde, pois avisou que precisa levar o filho ao pediatra. Cíntia tem consciência da dedicação da funcionária, mas não deixa de pensar: Puxa, as coisas aqui estão pegando fogo e ela sai bem agora? Não poderia pedir a alguém para levar o bebê?" Em outra companhia, Alessandra*, gerente de logística, grávida de cinco meses, fica sabendo que a empresa oferecerá um curso de uma semana num hotel fora de São Paulo e enxerga aí uma oportunidade de aprimorar seus conhecimentos. Quando seu chefe se dirige à equipe para decidir de quem é a vaga, uma colega já dispara: "Não manda a Alê, porque ela está grávida". Furiosa e frustrada, ela chega em casa e cai em prantos. "Essa não foi a primeira vez em que fui tirada de algum projeto ou de um curso por causa da minha gravidez. Não sei se querem me proteger ou pegar o meu lugar. Fico superinsegura. O que acontecerá então quando eu sair de licença?"
Um embate, na maioria das vezes velado, está em curso entre profissionais com e sem filhos. De um lado do ringue, estão mães exaustas, se desdobrando para dar conta da família e do trabalho, cheias de culpa. Do outro, mulheres sem filhos, disponíveis para focar todo o tempo e a energia na carreira e alheias aos dilemas das mães que trabalham fora. Será que a ascensão profissional nos próximos tempos será determinada pelo fato de a mulher ter ou não ter filhos? A questão é polêmica e divide quem trabalha com recrutamento. "Vai depender da posição da empresa em relação a essas duas profissionais e da estrutura que a própria mãe vai montar para manter o ritmo de trabalho", afirma Patrícia Epperlein, sócia e diretora-geral da Mariaca/InterSearch, empresa de recrutamento de executivos.
A gerente de controladoria Mariana*, 41 anos, acredita nessa competição. Quando não tinha filhos, ela cansou de ouvir críticas dos colegas ao comportamento das mães em relação ao trabalho. Hoje, uma vez por mês, ela sai meia hora mais cedo para levar a filha, de 8 meses, ao médico. "Pelas conversas paralelas, sei que sou criticada pelos meus pares, mas acho injusto. Eu não fumo e produzo o dia inteiro, enquanto meus colegas fumantes acabam matando uma hora por dia só nessas escapadas. Afinal, estou saindo por um motivo sério", desabafa. A relações-públicas Vanessa*, 28 anos, solteira, sem filhos, reclama dos privilégios que as casadas desfrutam, como tirar férias em janeiro e julho junto com os pequenos em idade escolar. Cheguei a perder dinheiro com passagem por que priorizaram uma colega com filhos. Eu também tenho meus motivos. Por que não posso folgar nesses meses?" Em compensação, acha que leva vantagem numa possível promoção. "Percebi a irritação da chefia em relação a funcionários - na maioria mães - que batem o ponto no horário certo." Será? "Não concordo. As grandes empresas levam em consideração a competência em primeiro lugar e não fazem esse tipo de discriminação. Minha consultoria, por exemplo, nunca deixou de recrutar uma mulher por esse motivo", afirma Gutemberg de Macedo, presidente da Gutemberg Consultores, empresa especializada em recolocação e aconselhamento de carreira. José Augusto Minarelli, presidente da consultoria de carreira Lens & Minarelli, admite que, numa disputa entre duas profissionais com a mesma competência, é possível que quem não tem filhos saia na dianteira."Eles podem ser uma restrição. Se a concorrente com a mesma competência não tem um impedimento como esse, ela é quem leva a promoção." Na contratação de executivas, também há uma predileção pelas sem filhos. Segundo a consultora Zenilda Castilho, da RH Internacional, empresa da área de recursos humanos, elas levam vantagem. "Para alguns cargos, meus clientes pedem para não selecionar profissionais com crianças menores de 7 anos. A idade dos filhos é uma barreira e um ponto a ser levado em consideração. A idéia é que a mulher, para cumprir todas as demandas domésticas, não conseguirá dispor de todo o tempo que a companhia lhe exigirá."
Fernanda*, 38 anos, executiva da área de telefonia, sentiu isso na pele recentemente, quando foi sondada pela chefia para uma possível promoção. Enquanto seus filhos eram muito pequenos, tinha receio de ser preterida por causa da suposta falta de disponibilidade das mães. "Há pouco, meu chefe me perguntou sutilmente se eu tinha intenção de ficar grávida outra vez. Disse que não e, naquele momento, senti que já não corria mais o risco de ser jogada para escanteio. Afinal, agora as crianças estão com 5 e 8 anos", conta. Para a secretária Andréa Marquardt, 36 anos, o fato de ser mãe só trouxe vantagens. Ela acredita que conquistou o emprego em uma multinacional ao revelar que estava se separando e tinha um filho de 2 anos para sustentar. "Na época, o chefe sentiu meu real comprometimento com a empresa quando percebeu que o meu filho dependeria financeiramente apenas de mim." A gerente titular do banco Itaú Personnalité, Léa Soler, 40 anos, também acha que as casadas se empenham mais. "Lidero seis gerentes, duas com filhos pequenos, e as mães são as melhores da equipe. Elas têm maturidade, foco e sempre superam os resultados." Léa admite que há competição, mas a culpa, afirma, é da imaturidade das sem filhos. "Eu mesma, antes de ter os meus, olhava torto para as mães que colocavam a carreira em segundo plano", confessa. Para ela, cabe à empresa evitar essa rixa avaliando seus subordinados pela competência. No caso de férias, por exemplo, dou prioridade para quem supera as metas e apresenta os melhores resultados durante o ano. Ou seja, é por mérito", explica.
A maioria dos especialistas ouvidos nesta reportagem concorda que a rixa se resolveria facilmente se as empresas oferecessem às mulheres mais condições de conciliar carreira e família. Em vários países, o apoio às mães começa no governo, que propõe leis claras e concede benefícios fiscais a companhias que dão suporte aos pais. Na Inglaterra, mães com filhos menores de 6 anos têm o direito de exigir redução da jornada ou de sair mais cedo até duas vezes na semana. Na Alemanha, o empenho do governo é maior ainda por uma questão econômica. Caso a taxa de natalidade continue a despencar, não haverá mão-de-obra qualificada para manter a produção e a prestação de serviços no país. Por isso, neste ano o governo passou a conceder uma ajuda financeira correspondente a 67% do salário líquido dos pais, desde que os dois se licenciem para cuidar do filho - a mulher por dez meses e o homem por dois.
O dilema é antigo e está longe de ser resolvido no Brasil, segundo Iaci Rios, consultora da DBM, empresa especializada em recursos humanos. Algumas companhias oferecem creches e horário mais flexível, o que facilita e muito a vida da mulher com filhos. Mas ainda são poucas", afirma. A farmacêutica Merck Sharp & Dohme é uma delas. A coordenadora de relacionamento com clientes, Lilian Sato, 32 anos, tem a opção de entrar entre 7 e 9 horas da manhã e sair às 15 horas às sextas-feiras. "Assim, posso levar meu filho, de 2 anos, à escolinha e pegá-lo no final do dia. É uma vantagem, pois a maioria das minhas amigas não consegue", garante. Enquanto isso, as mulheres vão fazendo o que podem para dar conta dos múltiplos papéis sem muita perspectiva. Na opinião de Patrícia Epperlein, um futuro melhor está por vir. "As empresas ainda enxergam as mães de forma diferente, mas isso está mudando, embora haja um caminho longo pela frente. Tenho certeza de que em breve as companhias serão obrigadas a rever a questão. Em muitas áreas, as mulheres estão dominando o mercado e já são maioria nas escolas em busca de aperfeiçoamento. Nenhuma empresa pode se dar ao luxo de desperdiçar tanta mão-de-obra especializada", finaliza ela.
Se você tem filhos e não quer ser vista de maneira diferente pela empresa, siga as orientações dos consultores:
Deixe claro na entrevista que você mantém uma estrutura organizada em casa. Tenha sempre na manga o telefone de uma segunda babá em caso de imprevisto.
Evite ao máximo sair no horário de trabalho para levar o filho ao pediatra. Caso não haja alternativa, converse com seu chefe para achar uma boa solução para as duas partes. Uma opção é dividir a tarefa com o marido.
Planeje sua saída na licença-maternidade e mantenha contato na sua ausência.
Seja discreta ao ligar para casa para saber das crianças. Esse telefonema é visto com naturalidade pela maioria dos chefes, mas não abuse e seja breve.
Não banque a supermãe e dedique um pouco de tempo a si mesma. Afinal, o equilíbrio reflete num bom desempenho no trabalho.
* Nomes trocados para preservar a identidade das entrevistadas
Uma pesquisa realizada pelo site norte-americano Today.com com mais de 7.000 mães revelou que 46% delas atribuem seus altos níveis de estresse aos maridos. Para elas, as crianças nem causam tantas dores de cabeça assim, o que incomoda mesmo são seus companheiros, que às vezes agem como crianças, apesar de serem bem mais velhos.
De acordo com os resultados, a irritação das mães parte mais do fato de não ter tempo suficiente de fazer tudo o que precisa ser feito durante o dia. Três quartos das mães que têm parceiros dizem que realizam a maior parte das tarefas de casa, assim como com o cuidado dos filhos. Uma em cada cinco mães contaram que não ter ajuda suficiente do marido é a maior fonte de estresse diário.
Fonte: Pais e Filhos
Nora é uma mulher que trabalha fora, tem uma filha de 13 anos e um filho de 15. Ela sai às 8hs e chega às 17hs em casa. Seu marido, Eduardo, sai às 7hs e às 14hs já está em casa. Seus filhos, estudantes matutinos estão em casa às 13 hs. Eles não possuem empregada e dividem as tarefas de casa entre eles. Nora, ao chegar em casa, parte para executar sua tarefa já combinada, mas vê seu marido na tv, seu filho na internet e sua filha dormindo, e se irrita. De seu ponto de vista, acha que está fazendo mais que os outros. Sente-se “explorada”:
“- Além de trabalhar o dia todo, quando chego em casa ainda tenho de cuidar da casa, e ninguém aqui está nem aí.”
São 17hs e seu filho (que chegou às 12hs), almoçou, arrumou o quintal, cuidou do cachorro, varreu seu quarto, e está estudando na internet, no blog do professor. Sua filha, chegou às 12hs, almoçou, varreu a parte de cima da casa, lavou a louça e acabou de deitar pra descansar. Seu marido trabalhou de manhã, chegou em casa, deixou o jantar já pronto, limpou o fogão, varreu a parte de baixo da casa, fez alguns consertos e agora aproveita pra ver o jornal enquanto se senta pela primeira vez no dia, já que trabalha em pé.
Mas, do ponto de vista de Nora, que trabalhou e chegou agora, cansada e tendo suas tarefas por fazer, sente que está trabalhando mais que todos na casa. Ela então resolve se revoltar, e está criado o conflito.
Agora, vamos ver o ponto de vista do marido de Nora...
Eduardo trabalha como autônomo, é vendedor e passa o dia todo andando, visitando o comércio, oferecendo equipamentos de informática. Quando chega em casa, corre pra comer alguma coisa e cumprir suas tarefas pois quer mais é descansar e assistir seu noticiário. Ele corre, cumpre tudo e vai para a frente da tv antes de sua esposa chegar. Quando esta chega, ele não consegue assistir seu noticiário pois ela fica resumungando que ele e seus filhos não a ajudam. Que ela (“e só ela”) se preocupa com a casa, e que os três são preguiçosos...
Como essa situação é rotina nesta familia, Nora reclama: que o filho “só fica na internet”, que a filha “só dorme”, e que o marido “não sai da frente da tv”...
O clima neste lar é sempre conflituoso e difícil, não sendo saudável para nenhum deles.
Este exemplo, mostra muitas situações corriqueiras que ocorrem em nosso cotidiano, seja em casa, no trabalho, na escola ou faculdade, ou em qualquer grupo social em que nos inserimos. Sempre que sentimos que nosso fardo é maior que o dos outros, tendemos a nos revoltar. O peso é muito grande pra nós, e porque então o peso é menor para os outros? Claro que na escola/faculdade, geralmente tem aquele colega que participa de nosso grupo mas que não colabora, só quer a nota, ou que pede pra os colegas marcarem presença pra ele, que quase não comparece às aulas.
È comum, no trabalho, termos a impressão de que o colega ao lado tem mais sorte que nós, o chefe parece dar maior atenção à ele, ou temos a impressão de que recebemos sempre uma carga maior de trabalho que os outros.
Sem julgar nenhum dos personagens desta história, poderíamos pensar um pouco sobre o porque nos preocupamos tanto em comparar-nos com os outros? De onde vem esse sentimento de valor, (e em muitos casos, de falta dele)? Esse sentimento de comparação e de que o outro possa ser beneficiado em detrimento de nós?
Claro que nem todo mundo é assim, há pessoas que vivem pra “servir ao outro” e acaba por não viver sua própria vida, e vivem “como se não existissem”. No caso de Nora, pra piorar a situação, ela tem uma personalidade “dominadora”, e além disso, na sua família ela é o “pivô” do grupo, e por essas razões, tem ela grande influência na família. Suas reações emocionais e atitudes são decisivas para manter a harmonia e a paz neste lar. Ocorre que por ela ser muito ansiosa e ter essa dificuldade em lidar com a situação, acaba por manter um clima negativo dentro de casa e entre seus familiares. E isso sem perceber...
Reclamar e ofender as pessoas não é positivo. Também não adianta nada ficar apontando erros e fazer-se de vítima nestes casos. Seria muito melhor se ela os chamasse para expor seus sentimentos. Assim, juntos talvez pudessem alterar a rotina e a divisão de trabalho em casa. Ou, se não fosse o caso, essa conversa franca faria com que cada famliar ficasse a par dos sentimentos dos outros integrantes, principalmente os de Nora. E e com certeza a rotina desta família seria diferente.
Talvez o leitor tenha se identificado com o caso de Nora, com a situação vivida por seu marido ou filhos, ou pelo indivíduo que vive para “servir ao outro”. È muito possível que tenha também pensado em alguma situações que já viveram na faculdade ou no colégio com colegas “sangue-sugas” como no exemplo que dei.
Todos esses sentimentos que evocam raiva, medo, desconfortos e competição, estão ligados ao que chamamos de fratria. Fratria que tem a mesma origem da palavra fraterno, significa nossas relações sociais horizontais. A origem de nossos comportamentos, sentimentos e atitudes nestas relações sociais, vêm de nossa constituição psíquica dentro de nossa família de origem, mais precisamente na relação vivida com nossos irmãos.
O fato de termos muitos irmãos, ou poucos, ou nenhum, tem fundamental importância no desenvolvimento de nossas capacidades para atuar socialmente. Pense um pouco, caso você esteja vivendo alguma situação parecida com as que sugeri nos exemplos deste texto, e reflita se alguns destes sentimentos o remete à lembranças de vivências semelhantes na infância.