
Minha amiga Suzana Diniz posta no Facebook lindas crônicas de seu falecido e saudoso pai que ela tanto amou…
Eu, tenho lido e além de degustado da beleza de cada palavra, refletido e tirado lições, e aqui vou postar os textos que ela já apresentou, e espero que ela traga muitos mais, são muito bons…
Feridas… por Genésio Canuto Diniz Filho
Cortava pensativo o grosso tronco da àrvore, quando um garoto que me observava perguntou:
– Tio, como é que você consegue bater tantas vezes no mesmo lugar?
Como nunca tinha pensado na sua pergunta, pois só me interessava pelo resultado obtido, ou seja, cortar o tronco, respondi-lhe que era para não disperdiçar energias. Há certas coisas na vida que a gente aprende e nem sabe como, essa habilidade me foi necessária por algum tempo, hoje estamos na era da ecologia e eu fora de época.
Mas, o que ele queria saber mesmo é por que eu conseguia e os outros não, portanto insistiu na pergunta, ai disse que talvez fosse prática ou força. Então lhe perguntei: Parece que sou forte? Ele respondeu: Não. Como já esperava essa resposta, pois ainda estava pensando na sua pergunta, falei: Pois é, faço isso de propósito para que ninguém perceba. Ficou sem entender e se deu por satisfeito.
Tal curiosidade me levou a observar o que eu estava fazendo, levantava o machado acima do ombro direito, inclinando-o uns 60 graus e o arremessava contra o tronco, fazendo uma fenda, fazia o mesmo movimento do lado esquerdo, dando um espaço de 25 cm. Entre cada batida, como que mecanicamente, executava esses movimentos.
Se não mudarmos nossa posição e repetirmos sempre a mesma coisa o nosso resultado sempre será igual, não importa o quão boas sejam as nossas intenções. Às vezes, podemos estar magoando ou ferindo alguém, um toque de um lado, uma batida do outro, de novo e de novo e lá se vai um pedaço, até que um dia temos alguém partido, simplesmente porque nunca prestamos atenção em nossos atos.
Genésio *1955/2003*
Tempestades… por Genésio Diniz
A minha vista da baia da Guanabara era parcialmente prejudicada pela existência de uma série de palmeiras imperiais que embelezam a entrada central do Palácio do Catete, Zona Sul do Rio de Janeiro.
Têm cerca de 30 metros de altura e por incrível que pareça continuam crescendo, se destacam das árvores centenárias que, apesar da grandiosidade dos seus troncos e da altura não se comparam com as palmeiras, eretas e esguias que se sobressaem.
Como achava impossível que alguém decidisse podá-las, pois são muito belas, calculava, devem ter mais ou menos 70 anos, então crescem cerca de meio metro por ano, dentro de cinco anos poderei enxergar o Pão de Açúcar.
Fazia muito calor na noite de sexta feira, dormi com as janelas abertas e acordei de madrugada com os estrondos provocados pelos ventos, fechei-as, mas não acreditava no que estava vendo, o vento era tão forte que fazia as palmeiras se curvarem 60 graus no seu meio, eu pensava não resistirão.
Mas o que pensava não aconteceu, apesar de terem suas folhagens arrancadas, como que, numa tentativa de eliminar o que estava fazendo com que se curvassem, ficaram todas em pé, apenas menos viçosas, mas em breve se restaurarão.
Na vida, tempestades e tormentas virão o importante é que permaneçamos em pé e, nem sempre teremos que esperar muito tempo pois Deus faz coisas que imaginamos impossíveis acontecerem numa noite, com um pequeno sopro.
Genésio *1955-2003*
Cris,trabalhei com o Genésio e com a Suelma (ele foi meu chefe), nas Indústrias Paulus, talvez em 1977/78 e tenho lembranças muita boas dele, do seu olhar carinhoso com todos, do seu caráter e dos seus conselhos. Anos depois o encontrei em Brasília e nunca mais o vi. Guardo até hoje e com muito carinho (até como uma espécie de amuleto) um Novo Testamento que ele me presenteou em 03.04.78. Me deparo hoje, por acaso, com estes poemas de autoria dele, que mostram a beleza e qualidades deste grande homem que, tudo indica, se foi muito jovem.