Mulheres estudam por mais tempo e ganham menos que homens

(Marcos Santos/USP)

Estudo sobre gêneros mostra que 12,5% das mulheres do País completou ensino superior frente a 9,9% dos homens

No Brasil, as mulheres estudam por mais tempo que os homens mas têm salários mais baixos que colegas com a mesma formação. Isso é o que mostra o estudo Estatísticas de Gênero 2014 – Uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010, divulgado nesta sexta (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2010, 12,5% das mulheres com 25 anos ou mais tinham completado o ensino superior. Entre os homens, o percentual era de 9,9%. Entre as jovens de 18 a 24 anos, 15,1% frequentava um curso de graduação frente a 11,4% dos homens na mesma idade.

As mulheres se formam em maior proporção em áreas com menor rendimento mensal médio entre as pessoas ocupadas. Na área de Educação, 83% dos formados eram mulheres: o rendimento médio em 2010 era de R$ 1.811 mensais. Em Humanidades e Artes, 74,2% dos formados eram do sexo feminino (R$ 2.224 era o rendimento médio em 2010).

Contudo, mesmo quando formadas na mesma área que os homens, as mulheres recebem menos. Diplomadas nas áreas de Ciências Sociais, Negócios e Direito recebiam em 2010, em média, 66,3% do salário dos homens.

Mais escolarizadas em todos os níveis

Em todos os resultados de nível de educação, as mulheres estão em posição melhor que os homens. Além de terem menor taxa de analfabetismo, de 9,1% contra 9,8% dos homens, no ensino médio as mulheres estão mais presentes na idade escolar certa, de 15 a 17 anos, com 52,2% de frequência, contra 42,4% dos homens.

Outro indicador que aponta maior escolarização feminina é a taxa de abandono escolar precoce, que contabiliza os jovens de 18 a 24 anos que não concluíram o ensino médio nem estavam estudando. Esse percentual é de 31,9% entre as mulheres e 41,1% para os homens.

Apesar desse cenário, o rendimento mensal médio das mulheres equivalia a 68% do masculino, em 2010. Para a coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE, Bárbara Cobo, a delegação de tarefas às mulheres prejudica a igualdade no emprego e na renda: “por motivos que vão além das políticas educacionais e de mercado de trabalho, você não vê essa maior escolarização das mulheres sendo refletida em inserção no mercado de trabalho. Um dos principais motivos é a questão da maternidade. A mulher ainda enfrenta a questão da dupla jornada e, muitas vezes, os cuidados com pessoas da família e serviços domésticos ainda estão substancialmente a cargo delas”, analisa.

Bárbara destaca que mulheres e homens têm salários parecidos no início da carreira, mas as diferenças se agravam ao longo da vida: “o desempenho dela depende da escolarização, mas também depende de políticas públicas que permitam que tenha onde deixar as crianças para trabalhar e da legislação trabalhista. Essa parte também pesa a partir do momento que as licenças maternidade e paternidade são muito diferenciadas. Em cargos de direção, você vê nitidamente a diferença de acesso entre homens e mulheres”, disse a pesquisadora.

Menino abandona escola para trabalhar e menina para ter filho

Entre os jovens de 15 a 17 anos que não frequentavam a escola, há uma proporção maior de homens que trabalhavam. Em 2010, 7,6% dos homens dessa idade só trabalhavam frente a 4% das mulheres.

No entanto, o percentual de mulheres que não trabalhavam nem estudavam nessa faixa etária era maior. Entre as meninas de 15 a 17 anos, 12,6% não trabalhavam nem estudavam –entre os homens o percentual era de 9,1%.

De acordo com o estudo do IBGE, a situação está relacionada à maternidade, na medida em que 56,8% das adolescentes dessa idade que tiveram filhos estavam fora da escola e do mercado de trabalho, enquanto 9,3% daquelas que nunca foram mães encontravam-se nessa mesma condição.

* Com informações da Agência Brasil

Fonte: IG

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