
Com uma trajetória tão antiga quanto a condição feminina aqui nesse confuso planetinha, ela assombra meninas recatadas, é fonte de diversão para alguns homens e assunto comum naqueles momentos de tricô envenenado sobre a vida alheia. Afinal, quem não conhece, não pegou ou não foi mulher fácil algum dia na vida? Elas estão por aí, devidamente rotuladas, por toda a parte e, claro, com suas muitas razões de ser: carência, espírito esportivo exacerbado, insegurança, desprendimento de convenções sociais etc. Mas quem pensa que é mole essa vida de critérios pra lá de flexíveis, se engana. É muito difícil ser mulher fácil. A começar pelo julgamento externo, sobretudo o masculino. Experimente perguntar a um homem o que ele pensa sobre uma mulher fácil. “Detesto, não inspira o menor respeito”, opina Rodrigo Cunha pai dos quadrigêmeos. Para ele, a mulher que anula o jogo de sedução, abreviando todo o processo, acaba afastando os homens e tem poucas chances de se relacionar mais concretamente. “São coisa para uma noite só, no máximo”, diz. O locutor Max Kinder faz coro e acrescenta que é praticamente impossível se apaixonar por uma mulher fácil. “Eu não conseguiria, está muito fora dos meus parâmetros. Gosto de envolver, seduzir aos poucos. A mulher que é fácil é muito ansiosa e geralmente já sabe o que quer, ou seja, sexo. Fora que, geralmente, ela já passou ou vai passar pelas mãos do grupo todo e isso é muito ruim. Nenhum homem gosta de mulher corrimão”, diz ele. Já na opinião das mulheres – fáceis ou não os homens criticam, mas gostam. A assessora de imprensa Beth Motta, que se diz nem fácil e nem difícil, afirma que as “moças de acesso rápido” têm o seu lugar cativo nas preferências masculinas. “Eles falam, mas pegam. É a tal história do lanchinho da madrugada: não é aquela mulher que ele quer pra casar, pra morar na casa dele, ser mãe dos filhos, a santinha. É a mulher que ele pega na rua pra se divertir. Se homem não gostasse de mulher fácil, ela simplesmente não existiria”, afirma. A publicitária Roseane Machado sai na defesa dessas faladas meninas. Ela diz, por conhecimento de causa, que todas têm coração e muitas sonham, sim, com o príncipe encantado, que de preferência as tire daquela vida. “Ninguém tem o direito de julgar a necessidade de uma mulher. Muitas não impõem certas barreiras, que são meras convenções, porque estão ansiosas por encontrar alguém que lhes dê segurança e carinho. É verdade que essa tática acaba não funcionando direito, mas faz parte de um processo sentimental. Digo porque já passei por isso: fui pixada de piranha e mulher fácil porque achava que todo homem podia ser meu namorado em potencial”, conta. “É claro que também existem as que só querem se divertir, o que eu também acho um direito muito justo”, comenta. Além de encarar esse julgamento social, a mulher fácil é também um imã de enrascadas, justamente porque a exigência não é seu forte. “O que pode acabar ferindo essa mulher e causando-lhe alguma espécie de trauma sentimental é a falta de critérios. Se envolvendo com qualquer um, sem grandes escolhas, além do prejuízo à imagem social, ela pode passar por situações muito difíceis”, diz a psicóloga Carmem Lúcia Feitosa. “É preciso estar satisfeita com suas convicções para se sentir segura. Isso é fundamental para que essa mulher não acabe se anulando ou jogando fora grandes oportunidades de ter contato com seu mundo interno e compreender melhor seus objetivos de vida”, conclui a terapeuta.