
O caminho para trabalhar com prazer e ganhar dinheiro nos moldes do século 21
Se você tem a impressão de que as vagas com carteira assinada andam mais escassas que homem solteiro atrás de compromisso, saiba que sua desconfiança tem um fundo de verdade. Calma, nada de desespero. A boa notícia é que essa nova realidade não precisa se transformar em pesadelo. NOVA ensina o caminho para trabalhar com prazer – e ganhar dinheiro – nos moldes do século 21.
Alternativa 1 – Andar com as próprias pernas
Quem decide seguir a trilha da trabalhadora autônoma ganha, logo de cara, um senhor presente: vira dona absoluta de sua força de trabalho. Em outras palavras, é livre para colocar preço e prestar serviço a quem desejar. E isso vale para advogadas, fonoaudiólogas, psicólogas, professoras, administradoras de empresas, até secretárias! De brinde, flexibilidade total de horários. A jornalista Letícia Mendes, de 24 anos, está se dando superbem com esse esquema, para sua surpresa. “Quando meu estágio acabou e eu não fui contratada, fiquei desesperada. Mas não é que acabei me adaptando muito bem? Pago INSS, previdência privada e tenho planos até de arrumar uma sócia.” Ela conta que a principal vantagem, além de exercitar a agilidade, é poder organizar a vida pessoal como bem quiser. “Sem falar que ampliei minha lista de contatos, já que me relaciono com muita gente. Meu único medo é não crescer profissionalmente.” Bom questionamento, Letícia: qual a evolução de quem opta por ser autônoma? “Também acontece por conta própria”, fala a psicóloga Rosana Bueno, diretora da RB Consultoria e Treinamento. “Vale inscrever-se em cursos para aumentar a sua qualificação.”
Características para vencer
“Você não pode ser lenta, acomodada ou preguiçosa”, avisa Mosé. “Hoje, a pior profissional, em qualquer situação, é aquela que não tem determinação e iniciativa. E isso se intensifica no mercado autônomo. Para se dar bem, é preciso estar antenada, ter boa aparência, pensamento ágil, correr atrás dos seus objetivos”, diz ela. De acordo com Rosana, é fundamental também aprender a lidar com a angústia gerada pela instabilidade, pois a quantidade de trabalho oscila mês a mês. “Quando você está por conta própria, precisa manter a disciplina com relação a prazos, por exemplo, já que a responsabilidade é toda sua.”
Providências legais
“O mais indicado é trabalhar em casa e legalizar o negócio registrando-se como autônoma”, diz o consultor jurídico do Sebrae de São Paulo Paulo Melchor. Assim, passa a emitir notas fiscais e fica em dia com a Receita Federal. Ganhos de até 1 200 reais são isentos de impostos. A partir do momento em que comece a receber acima de 2 400 reais, vale abrir uma sociedade simples, com CNPJ (pessoa jurídica, ou PJ). E, nesse caso, precisa arrumar um parceiro.
Estratégia financeira
É essencial ter reservas para períodos de estiagem de trabalho ou de gastos extras. “E separar pelo menos 10% do rendimento mensal para suprir a ausência de FGTS e 13º”, alerta Luiz Carlos Bueno. Além disso, aprender a cobrar, embutindo no preço do seu produto ou serviço despesas fixas extras, como telefone.
Alerta geral
Algumas empresas andam demitindo seus funcionários mas mantendo-os na casa, só que sem pagar benefícios. Isso é ilegal. Foi o que aconteceu com Bruna, a agente de viagens que foi demitida e teoricamente recontratada como autônoma. “Continuo sentando na mesma mesa e obedecendo aos horários de antes, mas sem as garantias da carteira assinada”, lamenta. Apesar de ter um aumento de 50% sobre o valor do antigo salário, ela perdeu plano de saúde, direito a férias, 13º, FGTS e não ganhou a tal independência. E, aí, a troca não compensa. Acontece que pela CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), todos os empregados de uma empresa precisam ser registrados. Por isso, quem trabalha sem carteira assinada em um escritório, como ela, pode entrar com um processo.
Alternativa 2 – Unir-se a poucos e bons
Muito bem, você acha um tédio trabalhar sozinha, não tem o menor jeito para caçar serviço ou vender suas qualidades. Já pensou em entrar para uma cooperativa? Esse tipo de organização nada mais é do que a união de vários autônomos do mesmo segmento, orientados por uma diretoria e um conselho fiscal. Cai como uma luva para quase todo mundo: de contadoras a produtoras de moda, passando por fotógrafas, dentistas… “É indicado para quem não tem perfil empreendedor e não quer um emprego formal”, diz Melchor. Mais um lado bom: dá para prestar serviços a vários clientes. A técnica em processamento de dados Ana Paula Fiegenbaum, de 26 anos, embarcou nessa e fundou a Solis. “O que mais me atraiu foi todo mundo ter o mesmo poder na hora de tomar decisões.”
Características para vencer
É preciso gostar de trabalhar em grupo e ter capacidade de negociação, já que as políticas são ditadas pela maioria dos votos.
Providências legais
No Brasil, para constituir uma cooperativa, são necessárias 20 pessoas físicas. O resultado (leia-se: o dinheiro) é distribuído proporcionalmente à participação de cada um. É preciso procurar a Organização das Cooperativas no seu estado para solicitar um modelo de estatuto e formulários a ser preenchidos.
Estratégia financeira
Como os cooperados também não contam com férias remuneradas, 13º e licença-maternidade, cada um precisa se organizar e destinar uma cota mensal para esses fins.