
Em 1935, dois médicos americanos publicaram suas observações sobre mulheres com falta de menstruação, excesso de pêlos, acne, obesidade e a característica de possuírem vários pequenos cistos nos ovários. Esse quadro foi denominado Síndrome de Stein-Leventhal em homenagem aos cientistas, ou como normalmente é conhecida nos consultórios atuais, Síndrome de Ovários Policísticos. Com o decorrer do tempo notou-se que o conjunto de sintomas e sinais relacionados pelos americanos afeta de 6 a 10% das mulheres em idade fértil.
Não existe consenso entre os estudiosos do assunto em relação à origem do problema, mas todos os cientistas concordam que exista influência genética em áreas cerebrais ligadas ao controle de função dos ovários. A ciência também não conseguiu especificar ainda quais seriam esses genes atuantes, mas vários deles já foram apontados e estão em estudo.
Excesso de hormônio produzido
De uma maneira simplificada o problema se inicia com excesso de secreção do hormônio luteinizante (LH) produzido na hipófise. Este hormônio emerge, normalmente, da hipófise, estimulando a produção dos hormônios femininos pelos ovários. No entanto a hipófise é controlada pelo cérebro e recebe ordens para iniciar a secreção do LH.
O que se admite, portanto, é que os centros corticais enviam excesso de comandos à hipófise e o LH é secretado de forma também excessiva. Quando chega aos ovários estimula a produção anormal de hormônios do tipo androgênicos, isto é, ação masculina (como exemplo a testosterona). A paciente passa a apresentar excesso de pelos no rosto, nos mamilos, no baixo ventre e a pele torna-se oleosa, surge acne e, às vezes, inicia-se queda de cabelos. Todos estes sintomas se acompanham de falta de menstruação, ausência de ovulação e progressivo aumento do peso corporal.
O importante aspecto da obesidade
A maioria das pacientes com Ovários Policísticos apresenta obesidade, que é chamada Androide, ou seja, do tipo masculino, na qual a gordura se acumula na área abdominal predominantemente. Aumenta, também, a gordura visceral que está entre as alças intestinais. Este tipo de obesidade, característica do homem obeso, propicia condições para criar obstáculo às múltiplas ações da insulina, hormônio que mantém o açúcar do sangue em níveis normais. A insulina age, por exemplo, no músculo, criando condições para que a glicose circulante possa entrar na massa muscular, propiciando condições de ser utilizada como “combustível”.
Na obesidade androide existe uma incrível oposição à ação benéfica da insulina: simplesmente a gordura não deixa a insulina agir. Em consequência, a insulina eleva-se na circulação, favorecendo maior formação de gordura, propiciando mais fome e mais obesidade. Está formado um ciclo vicioso que, no futuro, pode resultar no aparecimento de diabetes.
O papel da resistência à insulina
A insulina elevada age também nos ovários aumentando a produção de hormônios de ação masculina e formando cistos ovarianos. Além disso, a paciente tem fome voraz por doces e outros carboidratos. Tornando-se cada vez mais obesa, aumenta a resistência à ação da insulina. O desfecho desta situação anômala é a possibilidade de a paciente ter diabetes. Hoje sabemos que 40% das mulheres com ovários policísticos já apresentam anormalidades no metabolismo da glicose, principalmente aquelas pacientes que possuem parentes próximos afetados pelo diabetes.
Essas mulheres também apresentam maior predisposição para doenças do sistema vascular (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral) e maior chance de desenvolver trombose (formação de coágulos na corrente sangüínea). Isto porque os fatores de coagulação estão alterados. As pacientes também têm muita “gordura” no sangue circulante, isto é, excesso de colesterol, LDL-colesterol (mau colesterol) e triglicérides. Todo este conjunto de anormalidades favorece a predisposição para as doenças da circulação. Os fatores anormais indicados também podem favorecer maior prevalência de câncer de útero e de mama.
Tratamento dos ovários policísticos
O objetivo primordial do tratamento é reduzir o nível de hormônios tipo masculino (androgênicos) que alteram o aspecto da paciente. Os especialistas recomendam o uso frequente de agentes anticoncepcionais para restabelecer o ciclo menstrual. Muitas vezes associam-se remédios com ação antiandrogênica, isto é, substâncias que impedem que hormônios masculinos tenham ação na distribuição de pelos e acne. Os resultados são muito satisfatórios. A resistência à insulina e predisposição ao diabetes estão intimamente ligadas à obesidade androide. É essencial que a paciente perca peso em programa que envolve dieta hipocalórica, exercícios e medicação adequada para cada caso. A síndrome de ovários policísticos é frequente, causa considerável impacto na saúde da mulher e deve ser tratada precocemente para evitar graves complicações no futuro.
Crédito: Revista Veja
Muito obrigada por sua pesquisa. Eu sei que tenho essa sindrome desde os 14 anos, hoje tenho 26 e nunca entendi o que seria …Confesso que estou assustada, pois muito tempo foi perdido… me tratei com anticoncepcional, mas parei pois detesto tomar remedio, mas hoje vejo a seriosidade do caso.
Muito obrigada pela informação.
bom dia a todos tenho 19 anos sou casada ja faz 3 anos tenho cisto e nao consigo engravidar sera que isso pode me prejudicar e que nunca poderei ser mãe?