
Ir embora sem dizer adeus, sem esclarecer o que de fato aconteceu, sem colocar um ponto final na relação, é coisa de quem tem problema de autoestima. Primeiro, porque na cabeça dele (a) ninguém irá sentir sua Falta. Depois, porque imagina-se tão insignificante que pensa: “O outro não vai nem perceber…”.
Você já viveu algo assim? Conhece alguém que foi deixado para trás sem qualquer explicação? Pois é, também conheço inúmeros casos assim, e sinto pelos dois lados. Não há nada pior do que o que não foi dito.
Quando dizemos alguma coisa, o outro pode refletir, pode pensar, pode aceitar ou nos devolver. Pode achar que estamos loucos, que somos injustos, pode achar o que quiser e puder. Agora, quando simplesmente desaparecemos ou saímos da relação com aquela frase – “não dá mais”; “você é demais para mim”; “você merece algo melhor”; “não sei o que quero da minha vida”; “ainda é muito cedo – tudo foi rápido demais” etc., etc., etc….
‘Forças estranhas’
Ficam lá, sem chão, sem saber o que fazer, sem saber como agir. Não sabemos que “forças estranhas” foram essas que fizeram com que a relação terminasse. Sentimos-nos então culpados, injustiçados, vítimas, nos sentimos abandonados…
Então, recomeçar é muito pior. Não conseguimos ter amor ou ódio. Ficamos lá no limbo – um pouco desiludidos, um pouco desestruturados, um pouco descrentes. Assim, caro leitor, o convite aqui para reflexão é: ciente disso, como vai agir para falar o que queremos e não queremos?
Diálogo
Não vamos sair por aí atacando o outro. Dizendo que a relação terminou porque ele é isso ou aquilo – até porque o outro já está “por baixo”. Toda perda é uma perda e, então, o melhor mesmo é falar o que vai dentro. Falar como nos sentimos na relação. Contar para o outro o que aconteceu e o que entendemos que aconteceu.
Se pudermos então fazer isso antes da relação acabar – uau! Quem sabe quantas relações poderiam ser salvas se deixássemos o orgulho de lado para falar, colocar o que pensamos. Esta semana, por exemplo, ouvi a seguinte história de um amigo:
A namorada dele tinha um casamento para ir e enviou a ele um e-mail com o convite. O e-mail nunca chegou, segundo ele. Os dias foram passando e ele se sentindo desconvidados. Ela, crente que estava tudo certo, planejava ir com ele à festa. A questão é: durante duas semanas não tocaram no assunto…
Resultado: chegou o dia e, então, ela perguntou: “Tudo certo para hoje à noite?” A resposta? Um caminhão de abobrinhas! Ele estava indignado por não ter sido convidado, por ter sido chamado de última hora, por sentir-se desprestigiado.
Ela ficou arrasada por não ter “se ligada” que sim, poderia ter insistido, falado.
Confirmado dias atrás o evento…
Enfim, você conhece situações assim? Possuo uma amiga que me dizia: isso é coisa do nosso “eu inferior”. Ele gosta de confusão. Coloca-nos em situações cheias de desgaste desnecessário. Uma vez, um amigo me perguntou: “Vamos tomar café da manhã juntos nesse sábado?” Eu fiquei megafeliz e disse sim! Ele então completou: “Te ligo logo que acordar!”.
Eu acordo muito cedo. Às 7h já havia feito minha caminhada e estava retornando para casa. E, então, 8h, 9h, 10h, 11h, 12h, 13h e nada! Liguei para ele, chateada… “E, então, esqueceu-se de mim?” Ele, com voz de sono, do outro lado dizia: “Não! Acordei agora! Que horas são!?”
Comunicação
Daria para evitar o desgaste? Daria para combinar direito? Bastava uma pergunta: “A que horas você acorda normalmente?” Bastava cuidada, atenção, bastava um pouco de empatia. Pois é, quando deixamos essas questões de lado descuidamos da nossa comunicação e, por conseqüência, das nossas relações.
Saímos de cena e deixamos acontecer. Depois? Problemas!!! Fica, por isso, o convite para refletir: até que ponto você é claro e objetivo? Até que ponto seu sim é sim e seu não é não?