
Sem eira nem beira,
Poeira…
Solerte, paciente, sabedora, testemunha inexorável das ilusões perdidas!
Fria, na fria e filosófica espera…
“Pressa… Por que te apressas, viajante?
O que terás em teu porto de chegada, em teus cansados pés,
Se não poeira?
Por que tanto guardas?
Porque tanto exiges?
Não sabes que teu caminho é curto?
Que de ti ficarão apenas as lembranças
De teu humor, de tuas cobranças, inquietações
Que transbordam de ti e se espraiam por onde andas?
Quando se lembrarem de ti…
Ouvirão o teu riso?
Guardarão com carinho a tua voz?
Quando estiverem felizes, sentirão tua falta?
Procurarão guardar-te, companhia preciosa, saudosa,
Ou serás poeira, inconveniente, soprada pelo esquecimento,
Até mesmo dos bens que deixastes?
Serás poeira tirada?
Serás lembranças guardadas?
Por quê te apressas, viajante?
O caminho é tão curto!”
Valfrido- 17.03.003