
Quando fugimos do razoável, da lógica e da moral criadas pela maioria seremos sempre vistos como coitados ou portadores de todos os erros do mundo. Nada dará certo aos olhos dos outros porque não nos enquadramos. Seremos sempre acusados de ingênuos, de pessoas fora da realidade ou então de extremistas utópicos, marginais que não merecem crédito. Há um malefício mal disfarçado em ser diferente. Há algo de maligno em não se permitir ser padronizado. Mas porquê? Porque devemos ser sempre iguais? Seguir todas as regras que muitas vezes nem entendemos direito o motivo de estarem vigorando? Manutenção da ordem? Que ordem é essa que garante a mim a tranqüilidade que não anseio e que nem de longe vejo como real?
Porque é tão insano acreditar que tudo pode dar certo, que se colocar no lugar do outro é melhor do que simplesmente julgar e condenar, sem nem mesmo saber do que realmente se passa? Expor seu pensar já não é mais um ato de liberdade, mas pode ser uma auto-condenação em determinados ambientes. Aliás, sempre foi um risco expor-se, mostrando-se como um ser de mente diferenciada, de ações que não fazem parte das programadas para uma convivência pacífica num mundo onde dizem que a liberdade existe! O que vejo é que a cada dia nos deixamos rotular ainda mais, criando, dessa forma, uma espécie de gueto. Por exemplo, há bares específicos para heteros, gays, negros e, como se não bastasse, ainda há sub-guetos dentro de cada um desses. Será que o rótulo de ser humano já não é o suficiente para carregarmos? Será que esse fardo já não é tão pesado e trabalhoso como a pedra que, insistentemente, Sísifo tem sempre que mover?
“Seja sempre você mesmo”, sim, escutamos sempre essa frase, mas o que nem sempre percebemos é que nas entrelinhas está registrado, em braile: E pague o preço por isso!
Que cada um de nós tenha a consciência do preço que paga por ser o que é!
Patrícia Gomes
“Dar menos que o seu melhor é sacrificar o dom”