Conheci Lily de um jeito estranho e demasiadamente contemporâneo. Coisa moderna. Foi pela Internet. Engraçado, ainda me lembro de quando escrevia minhas matérias a mão por implicância em utilizar a última palavra em tecnologia: uma Olivetti elétrica. Tinha pavor daquele troço que passava de uma linha para outra apenas com um toque do dedo numa tecla macia. E demorei uns meses para me dar com ela. Gostava mesmo da minha saudosa e arcaica Olivetti Lettera 92 a bisavó dos notebooks. Agora, vinte anos depois, faço tudo pelo computador. Inclusive pagar minhas contas. O tempo passa depressa demais. O mais assombroso: faço, também, novos amigos. Tudo sentado diante de uma tela de computador. E foi assim que conheci Lily, uma garota que, deduzo, não teve nenhum contato com uma máquina de escrever. Veja só, que nome poderoso para uma máquina. Agora, os computadores escrevem e até te corrigem caso cometa alguma barbeiragem gramatical.
Lily apareceu subitamente no meu msn. Confesso meu desconforto ao tratar de msn, que sequer é uma palavra e sim apenas uma mísera sigla de algo, ao menos pra mim, incompreensível. Pois bem, não tenho intimidade com isso, mas agora já faz parte de minha realidade. Antes falávamos por telefone, e pra mim já era uma magia impressionante. Agora falamos com os dedos tamborilando o teclado. A voz deixou de ser importante. Ganham alma as letras cintilantes que aparecem no micro. Eis Lily. Mas poderia ser Emanuel, João ou Madalena. Sem voz não dá para saber. Há o recurso das câmeras, mas Lily me surgiu assim, simplesmente Lily. E eu não sei usar câmera no micro. Sequer havia uma foto. Aceitei seu pedido de me acrescentar no tal msn, e então se deu nossas conversas intermináveis em minhas embriagadas noites insones.
Aqueles diálogos foram esquentando. Falávamos de amor, música e viagens. Lily se disse casada, e nunca perguntei detalhes de nada de sua vida. Era uma boa companhia para minhas solitárias madrugadas lúgubres. Estava tudo perfeito até começarmos a falar de sexo. Certa vez ela me disse: "hoje eu estou com um tesão incontrolável, e quando eu fico assim me dá vontade de chupar um pau". Bem, o curioso é que estávamos falando de política. E o bizarro é que eu sequer sabia como era Lily. Se feia ou bonita, gorda ou magra e, pior, homem ou mulher. Até então era apenas um bom papo. E nada mais. Esperei um pouco para responder. Não estava atônito, mas confuso. Ela deve ter percebido e disparou um constrangido: "desculpe, foi mal, saiu sem querer, vamos continuar nossa conversa". Continuamos, fingi que não houve nada, mas aquilo mexeu comigo. Fiquei com tesão. Outras vezes ela me chamava e falava tolices sem sentido. Parecia bêbada e cometia muitos erros de ortografia. Eu sempre fui paciente, nossas conversas prosseguiam, até o dia em que resolvi retomar o assunto do tesão e vontade de chupar um pau. "Hei, Lily, você gosta mesmo de chupar um pau quando fica com tesão?". Nada apareceu na tela por um momento. Agora era ela quem paralisava os dedos. Imediatamente me arrependi de ter feito tal pergunta. Fui um idiota. Mas dei o troco, pois fiz a pergunta no meio de um assunto, creio eu, de cinema. E a resposta surgiu ainda mais surpreendente que minha subida e inesperada questão: "gosto sim, você, por acaso, quer que eu te chupe?". Me parece que as mulheres gostam de fazer provocações impossíveis de serem efetivadas. Fosse num bar, ali téte-a-téte, ela não me diria isso jamais. Aliás, nunca nenhuma mulher me disse tal coisa ao vivo, nem mesmo diante de perguntas imbecis que, via de regra, eu faço a elas. Respondi: "todo homem gosta de um felatio". Preferi o termo mais acadêmico e erudito ao chulo não sei por que razão. Ela, no entanto, inabalável, se mostrou senhora absoluta da situação: "eu chuparia você agora se você quisesse". Que homem fica incólume diante de uma frase como essa disparada por uma mulher? E eu resolvi entrar de vez na brincadeira para ver até onde iria: "eu quero". Ela escreveu uma palavra irreproduzível mas que sugeria um gemido. E emendou a seguir: "então tira esse pau gostoso pra fora". Fiquei sem ação. Como assim tirar o pau pra fora diante de um computador? Não escrevi nada e ela seguiu em frente como se estivesse num frenesi incontrolável. "então, tirou? Ele tá bem duro, mexe nele vai, mexe...". Meu pau sequer estava duro, e diante de tudo aquilo, se esquivava vexado e envergonhado. Eu me sentia verdadeiramente ridículo e estúpido olhando para tela do computador. E nada escrevi, apenas lia um frenético desfile de frases atiradas com veemente furor: "vai, gostoso, deixa em sentir esse pau"..."nossa, como é grande e duro"..."hummm, mete fundo na minha boca"..."ai, humm, não goza ainda, espera...". Porra, pensei em escrever algo para ela parar com aquela bobagem mas fiquei ali estático, apenas lendo sua interminável loucura. Até que, enfim, chegou a derradeira frase emendada de uma pergunta: "nossa, que pau heim, gozou gostoso?". Escrevi singelamente: "você está tirando uma da minha cara ou algo assim?". E ela: "nossa, não vai me dizer que me desdobrei aqui e você nem ficou com tesão?". Respondi: "bem, desculpe, era pra ficar?". "Ah, vai a merda". Foi o que ela me escreveu e, imediatamente, quando pensei em responder, o quadradinho mágico me informou que ela estava "offline". Há tempos ela não aparece e estou feliz por isso. Foi minha primeira experiência sexual virtual. Não foi das melhores. Eu ainda era virgem nessa coisa. São as insânias dos tempos modernos.
Mauro Cassane
Mas uma curta lista de regras científicas para o jogo do amor está emergindo. Algumas são claras como ver os olhos delineados de uma supermodelo e outras trabalham em níveis subconscientes, nos motivando a agir por razões evolucionárias que estão fechadas dentro das nuvens da paixão.
No final das contas, o amor duradouro depende tanto em comportamento quando em biologia.
Mutações genéticas que ocorrem desde a vida intra-uterina e pressões ambientais evitam a simetria humana perfeita e isso resulta em implicações para o resto da vida.
Boa simetria mostra que um indivíduo possui características genéticas para sobreviver ao desenvolvimento, que é saudável e uma fértil escolha para reprodução.
O biólogo evolucionário Randy Thirnhill, da Universidade do Novo México (EUA), vem estudando a simetria humana por quinze anos e digitalizou rostos e corpos em computadores para determinar suas taxas de simetria.
Tanto homens quanto a mulheres acharam mais atraentes e mais saudáveis as pessoas do sexo oposto com as maiores taxas de simetria do que os demais. A diferença entre estes pode ser de apenas poucos pontos percentuais. Sutilmente percebível, mas não necessariamente notável em suas aparências.
Ao questionar os participantes do estudo, Randy descobriu que homens com maiores graus de simetria sentem mais prazer com as parceiras sexuais do que homens com menor simetria.
As formas do corpo obviamente também são importantes e os cientistas têm alguns números para provar. A psicóloga Devendra Singh da Universidade do Texas (EUA) estudou a proporção entre a cintura e o quadril das pessoas (waist-to-hip ratio em inglês ou WHR)
Mulheres com WHR de 0,7, indicando cintura significativamente mais estreita que os quadris (30%), são mais desejáveis para os homens.
E a análise destas figuras de ampulheta das modelos da Playboy e concorrentes do Miss America mostraram que a maioria destas mulheres possuam WHR de 0,7 ou menor.
Em geral uma proporção entre 0,67 até 1,18 nas mulheres é atrativa para os homens, concluiu Devendra em um estudo realizado em 2004, enquanto para o corpo masculino a proporção de 0,8 até 1,0 WHR é atrativa para as mulheres. No entanto ter ombros largos é também muito atraente aos olhos elas.
O que exatamente está codificado na proporção dos quadris? A grande e gorda pista sobre se a pessoa terá energia suficiente para ter filhos.
A gordura é depositada no corpo em determinação aos hormônios sexuais; testosterona para o homem e estrogênio para a mulher. Se uma mulher produz a quantidade apropriada de estrogênio, então seu WHR cairá naturalmente na faixa desejada. O mesmo vale para a testosterona masculina.
Portanto as pessoas parecem estar programadas evolutivamente para enxergar a beleza em um corpo saudável e fértil.
Pessoas com a proporção ideal entre quadril e cintura, não importando o peso (Marilyn Monroe era "cheinha", mas tinha a proporção 0,7 WHR), são menos susceptíveis a doenças cardiovasculares, câncer e diabetes, mostraram os estudos. As mulheres nessa faixa também possuem menos dificuldade para engravidar.
"A idéia é que a beleza transporta informações sobre a saúde e fertilidade e nós admiramos isso", disse Devendra.
A estrutura do rosto de uma pessoa também carrega traços de fertilidade.
O estrógeno limita o crescimento ósseo na parte inferior e no queixo do rosto feminino tornando estas estruturas relativamente menores e curtas, assim como as sobrancelhas fazendo que seus olhos pareçam mais proeminentes. O rosto masculino é moldado pela testosterona o que ajuda a desenvolver mais a parte baixa do rosto e a mandíbula, assim como sobrancelhas proeminentes.
Homens e mulheres que possuem estes traços são vistos como atraentes porque eles divulgam saúde reprodutiva.
A pesquisadora também apontou a explosão da indústria da medicina cosmética, que fundamentalmente melhora a simetria corporal, como evidência de que é uma qualidade atrativa.
Outro estudo recente revelou que dançarinos simétricos são mais atraentes.
Outra pesquisa em 2006 reportou que as mulheres ficam com cheiro e aparência melhores, aos olhos masculinos, durante certos períodos do mês.
E homens mais simétricos têm o olfato melhor.
Emprestando camisetas de uma variedade de homens, os pesquisadores as ofereceram a narizes femininos perguntando suas impressões sobre os odores. Elas acharam que o cheiro dos homens simétricos era mais atraente e desejável, especialmente se a mulher estava menstruando.
Neste ponto você já deve estar pensando sobre o quanto disso nós estamos conscientes. As regras da atração, foi descoberto, parece muitas vezes trabalhar em nosso subconsciente.
Em alguns casos o estudo reportou que elas não sentiam nenhum cheiro na camiseta, mesmo assim disseram estar atraídas por ela.
"Nós pensamos que a detecção destes tipos de cheiro está muito longe da consciência", disse Randy.
Em um estudo realizado em 2002 foi descoberto que as mulheres preferem o cheiro de homens com genes um tanto similares aos seus próprios ao invés do cheiro de homens quase geneticamente idênticos ou totalmente dissimilares.
Os aromas subconscientes podem estar relacionados com os ferormônios, sinais químicos produzidos pelo corpo para comunicar a qualidade reprodutiva. O genoma humano contém mais de mil genes olfativos, comparado com apenas 300 dos fotoreceptores nos olhos, portanto os ferormônios têm recebido bastante atenção na pesquisa básica e por fabricantes de perfumes.
Mas o papel dos ferormônios em humanos ainda é controverso.
O primeiro beijo de um casal pode determinar o sucesso da relação no futuro, segundo indica uma pesquisa sobre o ato de beijar realizada por pesquisadores da Universidade de Nova York.
No estudo, que analisou reações e percepções de 1.041 pessoas sobre o beijo, 59% dos homens e 66% das mulheres disseram já ter descoberto, após o primeiro beijo, não estarem mais interessados em alguém por quem se sentiam atraídos anteriormente.
"O que ocorre durante um primeiro beijo pode ter um efeito profundo sobre o futuro do relacionamento", relataram os autores da pesquisa no artigo publicado na revista científica Evolutionary Psychology.
"Talvez o beijo nessas circunstâncias pode ativar mecanismos evoluídos que funcionam para desencorajar a reprodução entre indivíduos que podem ser geneticamente incompatíveis", dizem os pesquisadores.
Forma de avaliação
O estudo indicou ainda que as mulheres em geral dão mais importância aos beijos do que os homens.
Elas utilizariam o ato inicialmente como uma forma de avaliar o receptor do beijo como um parceiro em potencial e, posteriormente, como forma de manter a intimidade e de analisar a condição do relacionamento.
Segundo o estudo, as mulheres teriam mais propensão em avaliar as habilidades do parceiro com pistas químicas (como o hálito e o gosto de suas bocas) e tomariam a aparência dos dentes como uma das principais variáveis analisadas para tomar a decisão de beijar alguém.
Os homens, por sua vez, utilizariam o beijo primordialmente como ferramenta para aumentar a possibilidade de envolvimento em uma relação sexual, segundo a pesquisa.
Eles teriam menos reservas em relação à escolha de alguém para beijar ou manter uma relação sexual.
Os homens estariam mais propensos a ter sexo com alguém sem beijar, a ter sexo com alguém a quem não se sentem atraídos ou com alguém que consideram não beijar bem.
E, ao contrário das mulheres, que consideram o beijo importante ao longo de todo o relacionamento, para os homens o ato perde importância com o passar do tempo.
Beijos molhados
A pesquisa indicou ainda uma diferença no tipo de beijo preferido por homens e mulheres.
Os homens declararam preferir beijos mais molhados e com mais contato de língua.
Segundo os pesquisadores, isso poderia ser resultado de os homens terem menos capacidade de detecção químico-sensorial em relação às mulheres, necessitando assim de uma maior quantidade de saliva para fazer sua avaliação da parceira.
Além disso, eles consideram que a troca salivar poderia ter uma função biológica de introduzir substâncias como hormônios ou proteínas nas bocas das mulheres para tentar influenciar sua propensão à relação sexual.
Segundo o coordenador da pesquisa, Gordon Gallup, o beijo se desenvolveu ao longo do tempo para se tornar uma parte essencial do processo de flerte.
Ele disse, porém, que "enquanto ambos os sexos participam dos benefícios adaptivos do beijo, a pesquisa indicou diferenças sexuais quando considerada a busca de estratégias de relacionamento de curto prazo contra o longo prazo".
Angélica* mantém um relacionamento extra-conjugal há dois anos. E não sente culpa...
Marcelo é um homem carinhoso, inteligente, sensível. Somos casados há 10 anos, mas andava me sentindo entediada. Nosso relacionamento é tão previsível, sem brigas, sem dramas, sem paixão. Apesar disso, nunca imaginei que fosse me envolver com outro homem, até que Luiz apareceu no escritório.
Alto, forte, bonitão, meio cafajeste e falastrão, sempre contando vantagem de suas conquistas e habilidades na cama, Luiz me irritava e excitava ao mesmo tempo. Ficava fazendo joguinhos de sedução comigo o tempo todo, mas nunca levei à sério. Não achei que aquele gostosão pudesse se interessar por mim, oito anos mais velha (tenho 40), especialmente trabalhando ao lado da Fátima, uma morena estonteante com uma indisfarçável queda por ele.
Um dia tivemos que sair juntos, para avaliar um escritório que a firma pretendia alugar. Nós dois ali, naquela sala vazia. Eu tremia de medo porque percebi que ele também me queria. Sua voz era um sussurro, não tirava os olhos de minha boca. Mas não tomou nenhuma iniciativa. Mais tarde confessou que temia ser rejeitado. Disse que eu o assustava, tão senhora de mim, tão inatingível.
Fiquei tão excitada com aquela proximidade toda, que à noite fiz amor com meu marido enlouquecidamente, pensando naquelas mãos enormes, naquele corpo forte.
À partir daí passei a evitá-lo, principalmente porque começaram os comentários no escritório. Acho que ficamos tão alterados naquele dia que todos perceberam as faíscas.
Pouco tempo depois saí da empresa, para começar um negócio próprio, mas mantivemos contato através do MSN. De longe, aceitei a brincadeira e nossas conversas foram ficando cada vez mais picantes. Até que finalmente tocamos no assunto daquela tarde a sós. Se um de nós tivéssemos dado um pequeno passo...
Evitei por meses esse encontro. Sabia que na hora que eu estivesse cara a cara com ele não haveria mais retorno. Mas eu cedi...
Fui ao apartamento dele. Nem falamos nada. Ele me agarrou, me encostou na parede e transamos como loucos, ali mesmo, de pé, ao lado da porta.
A partir daí nos tornamos amantes. Nos encontramos duas vezes por semana e nosso relacionamento fica a cada dia mais quente. Ele é atrevido, selvagem, quente. Aproveita do meu corpo até me deixar sem fôlego. Puxa meus cabelos, me aperta, me xinga. E eu gosto!
Continuo amando meu marido e nunca pensei em deixá-lo. Com ele tenho companheirismo, romantismo, carinho. Com Luiz tenho sexo ardente. E só.
Esse romance, que já dura dois anos, ajudou a atear fogo no meu casamento, que andava morno. Marcelo percebeu a diferença, mas nem desconfia do motivo...
*Os nomes foram trocados para proteger a identidade dos envolvidos.
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A autora mostra que o sexo e o prazer estão ao alcance de todos, basta perceber as potencialidades de nosso corpo e deixar as sensações e a imaginação viajarem livremente.
Este livro mostra a mulheres e homens como se podem perceber as sensações produzidas no corpo, mente e alma ao se fazer sexo. A autora, Marízia Bonifácio, Psicóloga, orienta o leitor sobre formas de usar o poder mágico existente em cada ser humano, para que o prazer sexual ocorra no nível físico, mental e energético, de forma a gerar harmonia no relacionamento dos pares.
Sexo sem frescura é todo ilustrado com fotos e ensina exercícios para auto-toque corporal, projeção mental, transmutação energética/emocional e posições sexuais que facilitam a ocorrência do orgasmo feminino e controle da ejaculação masculina.
Introdução
Causas da dificuldade em sentir prazer
Capítulo 1
Evolução cultural
Capítulo 2
Prazer, presente divino... Conhecendo o seu corpo e percebendo as sensações
Capítulo 3
Em frente ao espelho... O corpo do Homem, o corpo da Mulher
Capítulo 4
Técnicas para Preliminares
Capítulo 5
Técnicas para Sexo Oral e Anal
Capítulo 6
Sexo Seguro e DSTs
Capítulo 7
Técnica para controle dos Desejos
Capítulo 8
Conclusão
Sexo sem Frescura
Autora: Marízia Bonifácio
Editora: Marizia Bonifácio
ISBN: 8590192210
Ano: 2000
92 páginas
Preço: R$49,00
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As combinações de hormônios existentes nas pílulas anticoncepcionais causam reações que vão além do simples impedimento da gravidez. Na lista dos possíveis efeitos colaterais graves existentes, como trombose ou enxaqueca, uma reação acaba passando despercebida: a redução da libido feminina.
Desconhecida por muitas mulheres que tomam o medicamento, a alteração que a pílula pode causar no desejo sexual feminino está inclusive na bula dos remédios e costuma ser abordada pelos médicos apenas quando eles são questionados pela paciente sobre o assunto. Isso porque, de acordo com ginecologistas ouvidos pelo "Agora", o desejo sexual é complexo e não envolve apenas o uso do medicamento, mas sim questões como estresse, cultura ou falta de atração pelo parceiro.
O ginecologista Claudio Bonduki, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirma que a pílula pode causar diminuição da vontade de fazer sexo por causa dos hormônios sintéticos (feitos em laboratório) utilizados nas pílulas. No entanto, nenhuma mulher deve ficar preocupara com a possível reação, uma vez que, segundo Bonduki, a simples troca de fórmula do contraceptivo reverte a situação se for apenas esse o motivo do problema.
As pílulas são compostas por dois hormônios, a progesterona e o estrogênio. O tipo de estrogênio, o etinilestradiol, é o mesmo em todas os anticoncepcionais. Segundo o ginecologista Rodolfo Strufaldi, professor da Faculdade de Medicina do ABC, o estrogênio aumenta a quantidade de uma proteína no fígado que, por sua vez, diminui a dose no sangue de testosterona, hormônio responsável pelo desejo sexual. Com isso, a conseqüência é a diminuição do desejo sexual.
As mulheres, no entanto, têm também uma boa notícia: da mesma forma que algumas pílulas podem diminuir a libido, outras podem aumentar a vontade de fazer sexo. De acordo com Strufaldi, uma "boa" progesterona tem a capacidade de melhorar o nível da testosterona na mulher.
Para provar, ele desenvolveu um estudo com 98 mulheres que usaram pílula por seis meses. Elas tomaram fórmulas diferentes apresentaram melhora de 5% a 7,5% no desejo sexual. A satisfação sexual melhorou cerca de 6% para os grupos analisados.
Strufaldi alerta, porém, que não há uma pílula universal. "A progesterona é seletiva. Há um tipo melhor para a pele, outro para a mama. Não há uma perfeita", disse. Pelo mesmo motivo, certas fórmulas funcionam bem no organismo de algumas mulheres e mal no de outras.
Foi por desconfiar que a pílula anticoncepcional que tomava há mais de quatro anos tinha alguma influência na redução do desejo sexual que vinha sentindo há algum tempo que a secretária Cristina (nome fictício), 28 anos, procurou um médico no meio deste ano.
"Tem de perguntar se não eles não falam nada", disse Cristina, que obteve do médico a resposta que precisava ouvir: sim, o uso do medicamento poderia interferir em sua vontade de fazer sexo.
Após a consulta ao ginecologista, a secretária mudou de fórmula e disse ter percebido uma melhora na relação sexual. "A gente conhece o nosso corpo", afirmou. Ela reconhece, no entanto, que outros fatores emocionais também podem ter interferido na questão. No caso dela, Cristina acredita que uma viagem ao exterior feita recentemente possa ter influenciado o lado sexual, pelo impacto psicológico de ter ficado um tempo fora do país. De acordo com a secretária, até o ciclo menstrual ficou mais regulado após a troca da fórmula.
A publicitária Mariana Almeida, 29 anos, também já precisou trocar de pílula uma vez, mas por um outro motivo: ela faz tratamento dos ovários policísticos e não se adaptou ao primeiro medicamento que experimentou. "Eu comecei a usar muito cedo, com 10 anos, para regular o ciclo", disse.
Relações sexuais nem sempre são sinônimo de prazer. Quando a mulher sente dores freqüentes durante e após a penetração, é sinal de que deve procurar um médico. Segundo especialistas, o incômodo pode estar associado a problemas de saúde ou psicológicos, ou ainda a posições sexuais menos confortáveis.
Uma pesquisa de sexualidade realizada pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, que ouviu cinco mil ginecologistas, mostrou que cerca de 30% das pacientes reclamam de dores durante a relação sexual ou de falta de desejo.
De acordo com os médicos ouvidos pela reportagem, as dores, conhecidas no meio médico como dispareunia, podem ser classificadas como superficiais e profundas.
A intensidade pode variar de um leve desconforto até uma dor aguda. Uma alergia geralmente causa ardência e é mais superficial. Se a mulher sente uma forte dor, uma das possibilidades é a presença de uma infecção profunda, no colo do útero. A análise do médico é importante para avaliar cada caso afirma o professor de ginecologia da Uerj Paulo Gallo, especialista em reprodução humana.
O ginecologista Marco Aurélio de Oliveira, chefe do Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto, explica que muitas vezes o incômodo pode estar ligado à candidíase provocada por um fungo presente na vagina que causa corrimento, irritação e coceira.
A cândida desequilibra a flora vaginal, tornando mais fácil a contaminação por outros germes. A mulher normalmente possui o fungo no organismo, mas, quando desencadeia a crise, não se sente confortável para fazer sexo. Deve tratar antes de recomeçar a ter relações diz Oliveira.
De acordo com os médicos, a falta de lubrificação do canal vaginal também pode desencadear a ardência.
A camisinha lubrificada é uma boa opção para evitar um maior atrito. Algumas mulheres reclamam da posição de quatro. É normal que haja um pequeno incômodo, porque o pênis pode encostar na parede do útero. Mas, se a dor for mais forte, é possível que haja alguma lesão explica o doutor Gallo.
Os médicos destacam que o tamanho do canal vaginal é elástico e pode variar entre oito e 16 centímetros. Segundo eles, se o tamanho do pênis for mais avantajado, a relação sexual pode causar sangramento se feita de forma muito brusca.
É importante que o casal dialogue. Se a mulher sente dores, deve relatar isso ao companheiro e buscar ajuda médica afirma Oliveira.
Infecções da vulva e da vagina: incluem uma simples leucorréia (corrimento vaginal) causadas por bactérias, fungos (candidíase), flagelados ou outros microorganismos, e podem ter origem alérgica.
Tumores da vulva e da vagina: os benignos (bartholinites), cistos glandulares e os malignos.
Patologias pélvicas: endometriose (o tecido do endométrio, que sai na menstruação, às vezes pode formar um nódulo no fundo da vagina), doença inflamatória pélvica (DIP), aderências pélvicas, infecções nas trompas e ovários (anexites), tumores pélvicos benignos e malignos, adenomioses (tecido do endométrio que entre no músculo), etc.
Doenças do aparelho urinário: as cistites são as mais freqüentes.
Lesões dermatológicas na região genital: piodermites, herpes genital e outras doenças sexualmente transmissíveis (DST), psoríase, etc.
Traumatismos na vulva ou na vagina: incluem cicatrizes de cirurgias complicadas ou seqüelas de acidente.
Alterações de trofismo dos genitais: causada pela deficiência estrogênica do climatérico, por fatores hormonais no pós-parto e durante a amamentação.
Problema de origem emocional/psicológica: vaginismo. Causa a contratura dos músculos que circundam a vagina, dificultando a penetração.
Falta de lubrificação: a menopausa pode deixar a vagina menos elástica e com diminuição na lubrificação.
O pintor colombiano Fernando Botero, 81, é mundialmente conhecido por retratar pessoas de formas rotundas. Botero, famoso também por se utilizar da ironia, do humor e do sarcasmo, acrescentou em seu mais recente trabalho, feito entre maio e setembro deste ano, uma boa dose de erotismo.
A série de 70 imagens são uma espécie de kama-Sutra representado por personagens típicas da estética do artista. A partir de 21 de dezembro 50 delas serão exibidas na Suíça e depois devem seguir para Bogotá.
Fonte: Catraca Livre