
O relógio piscava para mim. O clima era quente e seco. A saga dos mosquitos acabava de começar com o verão. Minha única lua era a luz amarela do poste na rua deserta que eu observava do apartamento que me condenava ao silêncio. O sofá engolia meu corpo. Na mesa, jazia o caderno de anotações e a xícara de café pela metade. Metade cheia, metade vazia.
Levantei e caminhei pela sala a procura de consolo. Lavei o rosto tentando curar-me da loucura. Voltei para frente do sofá a observar aquela que me tira o sono. A sombra cobria metade da foto. Cabelos negros molduravam o suave rosto de penetrantes olhos cor de mel e lábios carmim. Perdi-me por horas em seu colo. As curvas me chamavam para perto. Colei em seus seios, agora, verdadeiramente planos. Por nenhum nome ela atendia. Por nenhum plano ela se rendia. O desejo aprisionado em papel.