
Sob meu semblante atordoado de desejos
Habita tua alma repousada no meu colo,
Deixando-me a saudade de um tempo tão remoto
Vivido em meu delírio e teu sóbrio devaneio.
Sob os meus gestos de carência e leveza
Habita o teu corpo, que dantes fora minha morada,
Tornando-me ao fim uma eterna desabrigada
Que acorda nas lembranças e adormece de tristeza.
E bate em meu peito essa ferida interna,
Acorrentando minha alma à lembrança tua,
Sangrando minha carne que se dilacera.
E mais um dia revivo essa infinita espera
Dessa estrada que, de incerta, tornou-se curta,
De viver, por tua culpa, essa saudade eterna…
(Vanessa Rodrigues)