
A vida numa cidade grande como São Paulo é extremamente peculiar. É possível viver os extremos da vida num só dia! Cidade da garoa mas que é também do sol forte e das inundações. Das flores e das noites lindas. Cidade da poluição a arder os olhos e do se deitar do sol boêmio. Aqui as folhas das árvores se deitam e renascem sem obedecer as regras da estação. A água vem sem avisar e da mesma forma se vai. O frio e o calor parecem conviver intercaladamente durante todo o dia. É possível acordar no inverno, almoçar no ardor do verão, entardecer no outono e se acalentar no sono com a promessa de primavera.
Cidade onde também é possível conhecer o mundo todo. Restaurantes das mais diversas nacionalidades. Nações que nem mesmo nos livros de geografia as encontramos, nessa cidade temos contato íntimo com sua gastronomia, arte e história. É onde também experimentamos a globalização como algo cada vez mais intenso. Numa baldeação de metrô é possível “gastar” o inglês e o francês para dar informações. Os celulares e computadores interligam países, povos, mercados e empresas. No caminhar pela Avenida Paulista o contraste da moda, a irreverência dos movimentos e o conservadorismo de alguns convivem pacificamente. Tudo bem que alguns olhares repressores existem, mas há respeito e uma tolerância característica.
O povo é engraçado e despojado. Alguns agem com um comportamento típico de um americano ou europeu ao andarem o tempo todo com um fone de ouvido, sem tempo para ouvir até um espirro do outro que passa e dizer “saúde” ou um “Deus te crie”. Outros decidem simplesmente não usar o fone e compartilham com todos ao seu redor o seu ritmo preferido através de celulares e eletrônicos. Os óculos escuros e espelhados são utensílios obrigatórios para um ou outro, não importando a condição de luminosidade. Mesmo em locais ermos e sem iluminação é válido. Tudo pela moda, até um tropeção na escadaria.
Enquanto no oriente fiéis seguidores de uma religião são mortos por este fato, por acreditarem em suas verdades, aqui é possível observar um ecumenismo esperado. Um passeio pela Praça da Sé é capaz de revelar boa parte das religiões que conhecemos reunidas e sendo expressas por pregações, mensagens, músicas etc.
Lugar onde qualquer mudança tem efeitos vultosos. Há poucos dias São Paulo amanheceu literalmente sob as águas. A cidade parou. As pessoas tiveram medo e não saíram de suas casas. O reflexo foi imediato. Nas principais vias da cidade o trânsito parecia nunca ter habitado. Mas foi questão de horas para que o tormento das buzinas voltasse a reinar anunciando a trégua das chuvas e inundações.
Aqui é possível viver tudo isso, experimentar os extremos, conhecer o mundo, rir do comportamento em massa e também sentir saudade do silêncio de uma cidade pequena onde o transito é de pedestres, o barulho é do canto dos pássaros e as buzinas acontecem para cumprimentar um conhecido ou um amigo. Tem pipoca na praça… e se pedirmos com queijo, o pipoqueiro não vai te olhar estranho, como se nunca tivesse visto isso. Gostoso é sentir saudade da terra da gente.