Tempo de construir pontes, não muros

Criticados por alguns como um mero político de discursos eloqüentes e carisma, elogiado e comparado como um novo Kennedy, Barack Obama  possui um histórico de desbravamentos, conquistas, desafios, sofrimento e crença em seus objetivos. Filho de um Queniano com uma americana, Obama teve sua infância e juventude marcada pelos contrastes, e inspirações por objetivos que para muitos seriam tão distantes.

Ainda adolescente ingressou na Universidade de Columbia, graduando-se em ciências políticas, alguns anos depois em Harvard, desta vez no curso de Direito. Em Chicago, Ilinois, iniciou sua vida política, participando de lideranças de bairro até chegar ao senado, onde presidiu importantes comissões, destacandos-se em suas opiniões, posicioes solidas e soluções estratégicas para os desafios da América.

Esse destaque obtido no senado foi o ensejo que restava ao sucesso em sua empreitada presidencial. Após acirrada disputa com Hillary Clinton, causando quase que uma verdade cisão entre os democratas, foi oficialmente considerado o candidato a presidência, vencendo a ex primeira dama, Clinton.

Durante a campanha presidencial, visitou países, ouviu pessoas, debateu assuntos ligados a economia americana e mundial (a essa altura já era visível uma possível recessão americana pelos especialistas econômicos do mundo inteiro), visitou países por vezes esquecidos por governos americanos anteriores. Mas então, era só campanha. Em cada evento Obama ia conquistando ainda mais o carisma das pessoas, a confiança e credibilidade de um discurso firme e promissor.Em novembro, Obama vence a corrida presidencial deixando para trás a experiência de Mc Cain e rudez de seus adversários. O novo venceu o velho, a esperança o medo!

Em seu discurso de posse, em janeiro deste ano, deixa claro a intenção de seu governo, “Unir para vencer, para combater”. Obama diz em seu discurso, repleto de crianças, adultos e idosos, que “é tempo de construirmos pontes e não mais muros”. Aproveita para delinear sua política de atuação externa: Retirada de tropas do Iraque e Afeganistão (a atual remessa de soldados ao Iraque não é uma contradição ao discurso discutido, mas sim um apoio de transição governamental, tendo em vista as militâncias armadas sedentas por poder existentes na região, desde a era Hussein), união para combater as desigualdades entre os países, combater o terror de forma una e inteligente.

Aos poucos, é visível a concretização de trechos de seu discurso de posse. Não é de se negar a eloqüência de suas falas, a forma cativante como conduz as tratativas internacionais à luz de quem espera algo ríspido e rude vindo de um governo culturalmente frio.

Recentemente, dois episódios marcaram seu ainda curto governo. Em discurso na reunião dos países pertencente a OTAN e também G-20, do qual o Brasil faz parte, como um dos países emergente mais importantes, Obama disse que somente se os países agirem de forma coordenada podem frear a proliferação das armas mais perigosas do mundo. Entendamos como as mais perigosas do mundo  não só as de destruição em massa, o terrorismo, mas também a crise econômica, a fome, pobreza, desemprego e todos os outros desafios, que para Obama serão superados pelos americanos  ao passo que lançarem mão de uma importante força cultural que possuem, a unidade. (“a colcha de retalhos de nossa herança é uma força, não uma fraqueza”).

Barack Obama também critica as discrepâncias que existem sempre entre o governo e os não simpatizantes. Importante ao avanço é a crítica benéfica, inteligente e não o “atirar desmedido de pedras”. Não é importante distinguir governo grande de governo pequeno, mas sim, se as políticas de cuidado com as famílias, saúde, escola e economia são boas. Se são, que sejam mantidas e aprimoradas. Não sendo boas, que sejam cortadas e novas idéias sejam colhidas com o fim de cura das mazelas que existem.

É tempo de construir pontes e não mais muros. A crise (não só econômica mas qualquer conflito ou obstáculo, seja político, econômico etc) só poderá ser vencida com a união. Os objetivos são os mesmos, mudam os que os ambicionam! Cuidar do Meio Ambiente, aquecimento global, etc. não é uma necessidade dos países pobres ou dos ricos, mas de todos! Obama ao ser proclamado como o primeiro presidente Negro a governar os Estados Unidos da América reponde que a América não é feita de negros e brancos, cristãos ou muçulmanos, amarelos ou vermelhos. A América é feita de americanos sem distinção! O Brasil é feito de brasileiros, sem distinção!

Esse não é um discurso ingênuo, mas o falar mais alto da esperança de que há solução onde há crença. E assim, que a união dos fortes e fracos pode trazer resultantes esperadas.

Artigo publicado Jornal Acontece Vale – 04/2010

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