Trabalho monótono põe cérebro em piloto automático

Um estudo da Universidade de Bergen, na Noruega, e da Universidade de Southampton, na Grã-Bretanha, afirma que trabalhos monótonos podem fazer com que o cérebro entre no estado de “piloto automático” e levar as pessoas a cometer erros em tarefas simples.

A pesquisa, publicada na revista especializada Proceedings of National Academy of Sciences, diz que os trabalhos tediosos colocam o cérebro no “modo descanso”, quer a pessoa queira ou não.

Os cientistas avaliam que, quando isso ocorre, os erros que podem ser cometidos também podem ser previstos com até 30 segundos de antecedência, com base na análise dos padrões de atividade no cérebro.

No estudo, o professor Tom Eichele e seus colegas pediram que os voluntários fizessem repetidamente um experimento em que os indivíduos deveriam responder rapidamente a pistas visuais.

Enquanto os voluntários realizavam a tarefa, exames foram realizados no cérebro, usando imagens de ressonância magnética funcional.

Com isso, os cientistas descobriram que os erros dos participantes eram “anunciados antecipadamente” por um padrão de atividade cerebral.

“Para nossa surpresa, até 30 segundos antes de o erro ser cometido, pudemos detectar uma mudança na atividade (cerebral)”, disse Stefan Debener, da Universidade de Southampton.

“O cérebro começa a economizar, fazendo menos esforço para completar a mesma tarefa”, acrescentou o pesquisador.

“Observamos uma redução na atividade do córtex pré-frontal”, contou Debener. “Ao mesmo tempo, observamos um aumento na atividade na área que é mais ativa quando o cérebro está no estado de descanso.”

Sistema de alerta

O pesquisador afirma que este não é um sinal de que o cérebro está “indo dormir”. “O piloto automático seria uma metáfora melhor”, disse Debener.

Como esse estado começa cerca de 30 segundos antes de o erro ser cometido, os cientistas afirmam que um sistema de alerta poderia ser criado para que a pessoa permaneça mais concentrada e tenha mais cuidado.

Os autores do estudo avaliam que isso poderia aumentar a segurança em locais de trabalho e melhorar o desempenho em tarefas importantes como dirigir carros e pilotar aeronaves, em análises de raios-X e sistemas de segurança de aeroportos ou mesmo no controle de imigração nos aeroportos.

“Poderíamos colocar um dispositivo na cabeça das pessoas”, afirma Tom Eichele. “Poderíamos medir o sinal e dar uma resposta ao usuário, alertando que o cérebro está em um estado em que suas decisões não serão as corretas.”

Segundo Stefan Debener, um protótipo de aparelho portátil para exames no cérebro já está em desenvolvimento e poderia ser lançado no mercado em um período entre “dez a 15 anos”.

“Mas, primeiro, precisamos estabelecer o que causa estes erros”, afirma. “Não sabemos se a mudança na atividade do cérebro observada tem uma ligação causal com os erros.”

“Depois que estabelecermos isso, podemos tentar desenvolver dispositivos de monitoramento”, conclui o pesquisador.

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